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domingo, 8 de setembro de 2024

A Epístola à Igreja em Sardes - Parte 6

Não só os sistemas religiosos representados por Sardes estão sem vida, mas as obras daqueles que a eles pertencem são incompletas. "Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus", diz o Senhor Jesus. Ele espera frutos de acordo com o padrão dado e os recursos colocados à disposição da fé. Ele se apresenta como Aquele que possui toda a perfeição em poder e energia espiritual para Sua igreja, e que espera frutos que correspondam a Ele. Ele não pode rebaixar Seu padrão ao lidar com nossas deficiências. "Lembra-te, pois," Ele diz, "do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te." Ele chama a atenção deles, nesse aviso solene, para a graça que haviam recebido e para a palavra que haviam ouvido. Ele busca obras completas, de acordo com a medida da graça recebida e da verdade comunicada. Mas, infelizmente, sob o pretexto de que "não há perfeição" nem na igreja, nem no indivíduo, a ideia de obediência segundo a Palavra de Deus perdeu seu devido lugar na mente dos cristãos em geral.

Tome um exemplo do que queremos dizer — um caso comum.

Um jovem é convertido pela visita de um evangelista. Ele não tem associações ou amigos em um local de culto mais do que em outro; mas agora ele precisa frequentar algum lugar. Recomendam-lhe visitar as diferentes igrejas próximas à sua residência e se estabelecer onde ele achar que receberá o maior benefício. Este é o critério pelo qual é dito que ele deve julgar — seu próprio bem-estar. Nossa bênção pessoal é, sem dúvida, algo muito importante, e não deve ser negligenciada; mas quando ela é tornada o principal fator, em vez da vontade de Cristo, resulta em escuridão da mente e esterilidade da alma. A obediência à Palavra de Deus seria certamente uma fonte mais profunda de bênção para nossas almas do que meramente buscar nosso próprio bem enquanto se negligencia o pensamento de Deus sobre a igreja, conforme revelado nas epístolas. Mas, infelizmente, o ditado comum é: "Há coisas boas em todas as denominações, mas nenhuma é totalmente boa, portanto devemos julgar por nós mesmos e escolher aquela que achamos mais próxima das Escrituras — não existe sistema perfeito." Mas este ditado trivial, por mais plausível que pareça, só pode se aplicar a sistemas humanos de religião. O sistema de Deus deve ser perfeito; e nenhum sistema Lhe será agradável se não for perfeito. As imperfeições daqueles que estão no sistema de Deus, ou que se esforçam para executá-lo, não afetam sua perfeição divina.

A distinção entre um sistema e aqueles que nele estão é frequentemente ignorada. Supondo que alguns poucos cristãos fracos ou até mesmo falhos estivessem reunidos ao centro de Deus, isso não tornaria o próprio centro fraco ou falho; mas supondo, por outro lado, que um grupo dos melhores cristãos de toda a Cristandade estivesse reunido em torno de um centro humano, isso não o tornaria divino. Cristo é o centro de Deus, e aqueles que são reunidos a esse centro pelo poder do Espírito Santo estão no terreno de Deus, em Sua presença, e certamente receberão Sua bênção. Este deve ser nosso principal objetivo — estar onde Deus está, com plena certeza de fé, e confiar Nele para o bem de nossas almas. "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mateus 18:20; Efésios 4:3-4)

A diferença entre o grande sistema de Sardes e aqueles que estavam nele é muito evidente na mensagem do Senhor a eles. "Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te." A igreja deve ser julgada, não por um sistema sem vida, mas pelos recursos que ela possui em Cristo, a cabeça. O fato doloroso de que as coisas não estão agora como estavam no início não é razão para que os cristãos criem igrejas segundo suas próprias ideias e as governem por suas próprias leis. Mas este tem sido o pecado e a prática do Protestantismo até o ponto em que seus nomes se tornaram legião. "Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido" é o aviso mais solene do Senhor a Sardes e aos protestantes em geral. A Palavra revelada de Deus deve ser nosso único guia e autoridade, e a graça do Senhor Jesus Cristo nosso único poder. Ele recorda a igreja desses dois grandes pontos — graça recebida, verdade ouvida. Estes formam a medida de sua responsabilidade e o padrão pelo qual Ele deve julgar o grande sistema de Sardes.

A Epístola à Igreja em Sardes - Parte 5

Ao renunciar aos erros do papado em relação ao poder da igreja, os reformadores foram levados a um erro oposto, ao atribuir demasiada importância à opinião individual. No princípio católico, a igreja faz o cristão; no princípio protestante, os cristãos fazem a igreja; e, consequentemente, na prática, Cristo perde Seu lugar correto em ambos. Um homem, diria o sacerdote, só pode receber benefício para sua alma por meio de sua conexão presente com a Santa Madre Igreja; no momento em que ele deixa de pertencer a ela, está perdido, sendo os sacramentos sagrados os únicos meios de perdão e salvação. Ser expulso da igreja é como ser lançado no inferno; claro, se houver arrependimento, ou alguma base para a absolvição sacerdotal, a alma pode ser libertada de seu destino terrível e restaurada ao favor da igreja, o qual é a vida eterna. Mas o lugar do homem no céu, na terra ou no inferno deve ser determinado e estabelecido pela igreja. Este é o grande princípio fundamental do catolicismo romano, e o que dá ao sacerdócio tal poder ilimitado sobre seus iludidos devotos. Mas esse tipo de influência não se restringe ao romanismo; ela prevalece, em maior ou menor medida, onde quer que o elemento sacerdotal seja reconhecido: e assim tem sido desde os primeiros dias dos pais da igreja.

Os resultados desse poder profano nas mãos do sacerdócio romano tornaram-se completamente intoleráveis para todas as classes da sociedade por volta do início do século XVI. Um protesto foi levantado; logo se espalhou por toda a Cristandade; recorreu-se à Bíblia como a autoridade suprema, e a justificação pela fé somente, sem as obras da lei, tornou-se o lema dos reformadores. O jugo opressor de Roma foi lançado fora. Esta foi a obra do Espírito de Deus, e a energia que realizou a Reforma foi inteiramente dEle. Um resultado dessa grande revolução, e o que a caracterizou, foi a transferência de poder e importância da igreja para o indivíduo. A ideia da igreja como a dispensadora de bênçãos foi rejeitada, e cada homem foi convocado a ler a Bíblia por si mesmo, examinar por si mesmo, crer por si mesmo, ser justificado por si mesmo, servir a Deus por si mesmo, assim como ele deve responder por si mesmo. Este foi o pensamento recém-nascido da Reforma — sempre correto, mas que havia sido negado por muito tempo pela usurpação do romanismo — a bênção individual primeiro, a formação da igreja depois, esta foi a nova ordem das coisas; mas, infelizmente, a verdadeira ideia da igreja de Deus foi então completamente perdida, e não foi recuperada até o século XIX, como veremos mais adiante, se o Senhor permitir.

Até então, os reformadores estavam certos. O Senhor edifica apenas pedras vivas sobre a fundação da rocha; mas, ao perder de vista o lugar e a obra próprios do Senhor na assembleia por meio do Espírito Santo, os homens começaram a se unir e a edificar igrejas, assim chamadas, segundo seus próprios pensamentos. Uma grande variedade de igrejas ou sociedades religiosas rapidamente surgiu em muitas partes da Cristandade; mas cada país realizou sua própria ideia de como a igreja deveria ser formada e governada: alguns achavam que o poder da igreja deveria ser investido nas mãos do magistrado civil; outros achavam que a igreja deveria reter esse poder em si mesma; e essa diferença de opinião resultou nas corporações nacionais e nas inúmeras dissidências que ainda vemos ao nosso redor. Mas a mente de Cristo quanto ao caráter e à constituição de Sua igreja, tão amplamente ensinada nas epístolas, parece ter sido completamente ignorada pelos líderes da Reforma. A fé individual como o grande princípio salvador para a alma foi enfatizada em toda parte, graças ao Senhor; e as almas dos homens foram salvas, e Deus foi assim glorificado; mas, isso garantido, os homens começaram a se unir e criar igrejas para satisfazer suas próprias vontades. Nada é mais evidente para o estudante da história da igreja, com seu Novo Testamento à frente, do que esse doloroso fato.

Por exemplo, lemos em Efésios 4: "Há um só corpo e um só espírito", mas, segundo o protestantismo, deveríamos ler: "Há muitos corpos e um só espírito." Mas não pode haver mais de um corpo que seja de constituição divina. Além disso, lemos: "Procurando guardar a unidade do Espírito." Isso claramente significa a unidade formada pelo Espírito — o Espírito Santo sendo o poder formativo da igreja, que é o corpo de Cristo. Os cristãos são os indivíduos que o Espírito Santo agrupa formando uma perfeita unidade. Esta é a que devemos nos esforçar em "guardar", não em criar uma nova — devemos nos esforçar em manter, exibir e realizar na prática essa unidade já formada pelo Espírito. "Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito." (1 Coríntios 12:12-13).*

{*Veja este assunto tratado plenamente em dois comentários, sobre 1 Coríntios 12 e 14, por W. Kelly}

domingo, 25 de agosto de 2024

A Epístola à Igreja em Sardes - Introdução

"E ao anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto. Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei. Mas também tens em Sardes algumas poucas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso. O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." (Apocalipse 3:1-6)

Já vimos o estado geral e as atitudes do papado durante a Idade Média: agora devemos contemplar um período inteiramente novo na história da igreja e uma nova ordem de coisas como resultado da grande Reforma. Muitas das características morais dos períodos anteriores, sem dúvida, existem em Sardes, mas seu caráter é suficientemente distinto para marcá-lo como uma nova época na história eclesiástica e civil.

As quatro primeiras igrejas do Apocalipse, que já examinamos, descrevem o estado das coisas antes da Reforma; as últimas três representam o aspecto geral do corpo professante após os dias de Lutero. Mas devemos ter cuidado para distinguir entre aquela obra positiva do Espírito de Deus através dos reformadores e o formalismo sem vida que tão logo apareceu nas igrejas luteranas e reformadas, e que claramente corresponde à triste condição de Sardes. Mal haviam provado as bênçãos da libertação da opressão de Roma, quando caíram em um estado de servidão aos governos do mundo e, consequentemente, em um estado de morte espiritual. O Senhor Jesus faz uma referência tocante a esse estado de coisas em sua mensagem: "Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto." Esta é a condição do que é conhecido como Protestantismo após os dias dos primeiros reformadores. Os verdadeiros cristãos, é claro, não estão mortos, sua "vida está escondida com Cristo em Deus" (Cl 3:3), mas os sistemas nos quais se encontram, o Senhor declara aqui como sendo sem vitalidade. Um credo ortodoxo, aparência exterior de corretude, um nome de algo novo e cheio de vida, o espírito imundo do papado expulso, a casa varrida e adornada, caracterizam o Protestantismo; mas aquela terrível palavra dos lábios de Jesus — tu estás morto — carimba seu verdadeiro caráter como visto por Ele. Os diversos sistemas denominacionais do meio protestante e evangélico são descritos por aquela palavra fatal, "mortos" — a realidade viva se foi.

Mas um olhar para as diferentes partes da Epístola a Sardes nos permitirá compreender mais plenamente a avaliação do Senhor sobre os diversos sistemas protestantes que nos cercam.

domingo, 3 de agosto de 2014

Jerusalém e Samaria Unidas pelo Evangelho

O amargo ciúme que existia entre judeus e samaritanos tinha sido, por muito tempo, proverbial; tanto que lemos: "os judeus não se comunicam com os samaritanos". Mas agora, em conexão com o Evangelho da paz, essa raiz de amargura desaparece. No entanto, na sabedoria dos caminhos de Deus, os samaritanos devem esperar pela mais elevada bênção do Evangelho até que os crentes judeus - os apóstolos da igreja em Jerusalém - impusessem suas mãos sobre eles, e oferecessem orações por eles. Nada pode ser mais profundamente interessante do que esse fato, quando tomamos em consideração a rivalidade religiosa que tinha sido, por tanto tempo, manifesta por ambos. Se Samaria não tivesse recebido essa lição oportuna de humildade, ela poderia ter sido descartada, mais uma vez, por manter sua orgulhosa independência de Jerusalém. Mas o Senhor não teria deixado assim. Os samaritanos tinham crido, se regozijado, e foram batizados, mas ainda não tinham recebido o Espírito Santo. "Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo." (Atos 8:14-17)

Identificação é a grande ideia da imposição de mãos, e unidade é a consequência do dom/dádiva do Espírito Santo. Esses são fatos importantes em conexão com o progresso da igreja. Samaria é, então, trazida à feliz associação com seu antigo rival, e feita uma só com a igreja em Jerusalém. Não há, na mente de Deus, pensamentos sobre uma assembleia ser independente da outra. Se elas tivessem sido abençoadas separada e independentemente, sua rivalidade poderia se tornar maior que nunca. Mas não deveria mais ser assim: "Nem neste monte nem em Jerusalém" (João 4:21), mas uma só Cabeça no Céu, um só corpo na Terra, um só Espírito, uma só família redimida adorando a Deus em espírito e em verdade, porque o Pai procura os que assim O adoram*.

{* Veja Lecture 6 de Atos 2, 8, 10, 19. Lectures on the New Testament Doctrine of the Holy Spirit, por W. Kelly. }

Para saber mais sobre a origem da mistura de povos e sobre a adoração de Samaria, leia 2 Reis 17. Eles eram apenas "metade" judeus, apesar de se gabarem por sua relação com Jacó. Eles consideravam os cinco livros de Moisés sagrados, mas subestimavam o restante da Bíblia. Eles eram circuncidados, guardavam a lei de maneira não muito fiel, e esperavam a vinda de um Messias. A visita pessoal do bendito Senhor a Samaria é do mais profundo e tocante interesse (João 4). Da fonte na qual Ele descansou diz-se que "ficava em um vale entre as duas famosas montanhas Ebal e Gerizim, onde foi lida a lei. Sobre este último estava o templo rival dos samaritanos, que por tanto tempo afligiu os judeus mais zelosos por sua ousada oposição ao único santuário escolhido, no Monte Moriá."

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