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domingo, 12 de fevereiro de 2017

Os Nestorianos e os Paulicianos

A ascensão dos nestorianos no século V e seu grande zelo missionário já foram mencionados. Em sua chefia havia um bispo, conhecido pelo título de Patriarca da Babilônia. Sua residência era originalmente na Selêucia. Desde a Pérsia, conta-se, eles levaram o evangelho para o Norte, para o Oriente e para o Sul. No século VI eles pregaram o evangelho com grande sucesso aos hunos, aos indianos, aos medos e aos elamitas: na costa de Malabar e nas ilhas do oceano grandes números se converteram. Seguindo o curso do comércio, os missionários tomaram o caminho da Índia à China, e penetraram pelos desertos até sua fronteira setentrional [mais ao norte]. Em 1625 uma pedra foi descoberta, pelos jesuítas, próximo a Singapura, que leva uma longa inscrição, parte em siríaco e parte em chinês, gravando os nomes dos missionários que tinham trabalhado na China, e a história do cristianismo naquele país desde o ano 636 a 781. Mas a propagação do cristianismo, pensa-se, despertou o ciúme do Estado e, após testemunharem o sucesso do evangelho e experimentarem perseguição, eles provavelmente foram exterminados, ou fugiram, por volta do fim do século VIII. Os nestorianos foram patrocinados por alguns dos reis persas, e sob o reinado dos califas eles foram protegidos e prosperaram grandemente. Eles assumiram a designação de cristãos caldeus, ou assírios, e ainda existem sob esse nome.*

{* Veja Crenças do Mundo (Faiths of the World), vol. 2, p. 527; e J.C. Robertson, vol. 2, p. 163.}

As doutrinas, o caráter e a história dos paulicianos têm sido assuntos de grande controvérsia; mas não lhes foi permitido falar por eles mesmos para a posteridade. Seus escritos foram cuidadosamente destruídos pelos católicos, e eles nos são conhecidos apenas através de relatos de inimigos amargos que os rotulam como hereges, e como os ancestrais dos reformadores protestantes. Por outro lado, alguns escritores protestantes aceitam o pedigree, e afirmam que eles foram os mantenedores de um cristianismo puramente bíblico, que pode ter parecido herético pelo papado. Esta última circunstância, pelo que já demonstramos, é facilmente crível. As mais dolorosas corrupções, tanto na doutrina quanto na adoração da igreja católica, tinham sido não apenas admiradas, como forçadas, muito antes do surgimento dos paulicianos. Nem o espírito nem a simplicidade do evangelho permaneceram; portanto, o cristianismo bíblico deve ter parecido aos adoradores de imagens como uma heresia.

Passando por cima de muitos nomes individuais desde a época de Santo Agostinho, que foram testemunhas dignas da verdade, vamos falar diretamente da origem dos paulicianos.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Monotelismo e Iconoclastia

Enquanto os árabes sob Abu Bakr e Omar estavam invadindo os países gregos, e arrancando província após província do império, o imperador contentou-se em enviar exércitos para repeli-los e permaneceu em sua capital para a discussão de questões teológicas. Desde a conclusão de suas guerras bem-sucedidas contra a Pérsia, a religião tinha se tornado quase o objetivo exclusivo de sua solicitude. Duas grandes controvérsias estavam, no momento, agitando todo o mundo cristão. A primeira dessas, a assim chamada controvérsia monotelista, pode ser descrita, em geral, como um reavivamento, sob uma forma um pouco diferente, da velha heresia monofisita, ou de Eutiques. Sob o nome geral dos monofisitas estão compreendidos os quatro principais ramos de separatistas da igreja oriental: os jacobitas sírios, os coptas, os abissinianos e os armênios. O originador dessa numerosa e poderosa comunidade cristã foi Eutiques, abade de um convento de monges em Constantinopla, no século V. Os monofisitas negavam a distinção das duas naturezas em Cristo; os monotelitas, por outro lado, negavam a distinção da vontade, divina e humana, no bendito Senhor. Uma tentativa bem-intencionada, porém frustrada, do imperador Heráclito, foi reconciliar os monofisitas à igreja grega. Mas, como o som da controvérsia é raramente ouvido dentre os sectários orientais após esse período, e como um relato detalhado de suas disputas não seria de nenhum interesse aos nossos leitores, deixamos isto para as páginas da história eclesiástica.*

{* Para maiores detalhes sobre as diferentes seitas, veja Dicionário das Igrejas Cristãs e Seitas, de Marsden, e Crenças do Mundo, de Gardner.}

A iconoclastia, ou o surto de destruição de imagens, merece uma consideração mais detalhada. Ela penetrou no coração da Cristandade como nenhuma outra controvérsia tinha feito até então, e forma uma importante época na história da Sé Romana. Jezabel agora aparece em suas verdadeiras cores, e, deste momento em diante, seu caráter maligno é indelevelmente estampado no papado. Os papas que então preenchiam a cadeira de São Pedro defendiam e justificavam abertamente a adoração a imagens. Este foi, certamente, o início do papado -- a maturidade do sistema de desonra a Deus. Os fundamentos do papado foram descobertos, e assim tornou-se evidente que a perseguição e a idolatria eram os dois pilares sobre os quais seu domínio arrogante repousava.

Os Sucessores de Maomé

Após a morte do profeta, a guerra foi declarada contra a humanidade por seus sucessores, os califas. Os principais destes foram Abu Bakr, o sábio; Omar, o fiel; Ali, o bravo; Khaled, a espada de Deus. Estes eram os companheiros e parentes mais velhos do profeta. Em poucos meses após sua morte esses generais foram seguidos por multidões do deserto e invadiram as planícies da Ásia. A história dessas guerras, embora tenham afetado profundamente o progresso do cristianismo, não se encontra no escopo deste livro. Mas, como muitas nações e multidões do povo do Senhor foram vítimas desse temível flagelo, merece uma breve consideração. Muitos creem que os gafanhotos sarracenos eram um cumprimento parcial de Apocalipse 9:1-12.

Os pagãos perseguidos, como Cosroes II, o rei infiel e desafiante da Pérsia, e os cristãos meramente nominais, foram igualmente castigados por Deus por meio dos sucessores de Maomé; mas os orgulhosos bispos e padres foram os objetivos especiais de sua vingança. "Não destruam as árvores de fruto nem os campos férteis em seu caminho", disseram os califas, "sejam justos, e poupem os sentimentos dos vencidos. Respeitem todas as pessoas religiosas que vivem como ermitões ou em conventos, e poupem seus edifícios. Mas se encontrarem com uma classe de incrédulos de um tipo diferente, que andam por aí com coroas raspadas e pertencem à sinagoga de Satanás, certifiquem-se de racharem seus crânios, a menos que abracem a verdadeira fé ou rendam tributo". E assim a poderosa horda seguiu com um entusiasmo que nada podia deter. "A Síria caiu; a Pérsia e o Egito caíram; e muitos outros países se renderam ao poder deles". Muitas grandes cidades, tais como Jerusalém, Bosra, Antioquia, Damasco, Alexandria, Cirene e Cartago caíram nas mãos deles. Eles também invadiram a Índia, atacaram a Europa e a Espanha, e alcançaram até mesmo às margens do Loire; mas ali foram derrotados e expulsos por Carlos Martel no ano 732. Vamos tomar nota mais a fundo apenas do tratamento deles sobre os vencidos no caso de Jerusalém.

No ano 637 Jerusalém caiu nas mãos do califa Omar, que construiu uma mesquita no local do templo. Todo o povo daquela cidade culpada foi reduzido a uma casta desprezível e marcada pelo arrogante conquistador. Em todo lugar eles deviam honrar os muçulmanos, e dar lugar à sua frente. O cristianismo foi submetido à ignomínia da tolerância; a cruz não era mais exibida do lado de fora das igrejas, e os sinos deviam ficar silenciosos; os cristãos eram deixados a lamentar suas mortes em segredo; a vista do muçulmano devoto não devia ser ofendida pelos símbolos do cristianismo de modo nenhum; e sua pessoa devia ser considerada sagrada, de modo que era um crime que um cristão esbarrasse em um muçulmano.

Tal era a condição a que os cristãos habitantes de Jerusalém caíram de vez, e na qual permaneceram, sem que seus algozes fossem perturbados por nenhum tipo sério de agressão até o tempo das cruzadas. Quase os mesmos termos, cremos, foram forçados a todos os cristãos na Síria. Assim Deus, em Sua santa providência, lidou com muitas nações, tanto no Oriente quanto no Ocidente, que eram densamente povoadas por judeus e cristãos, e condenou milhões a uma longa noite de servidão sob o maometismo, que continua até os dias de hoje.

{* Veja Cristianismo Latino, de Milman, vol. 2, p. 4-52; e Dezoito Séculos Cristãos, de James White, p. 143}

Meca, a Capital do Islã

Maomé tornou-se então o senhor de Meca. A unidade de Deus era proclamada, assim como sua própria missão profética, do mais alto pináculo da mesquita. Os ídolos foram quebrados em pedaços. O velho sistema da idolatria afundou perante o medo de seus braços e da simplicidade exterior de seu novo credo. O próximo passo importante na política do profeta foi assegurar a unidade religiosa absoluta de toda a Arábia. Por este meio, os velhos feudos hereditários das tribos e raças desapareceram, e todos se transformaram em um exército religioso unido contra os infiéis. A guera estava então declarada contra todas as formas de incredulidade, o que era especialmente uma declaração de guerra contra a Cristandade, e uma determinação expressa de propagar o maometismo pelo poder de sua espada.

Maomé torna-se então um soberano independente. A Arábia, liberta dos ídolos, abraça a religião do Islã. Mas, embora o profeta fosse então um príncipe secular e um guerreiro bem-sucedido, ele não negligenciou seus deveres de sacerdote. Ele constantemente conduzia as devoções de seus seguidores, fazia as orações públicas, e pregava nos festivais semanais às sextas-feiras. Ele blasfemamente assumiu ser profeta, sacerdote e rei. A mistura, a ilusão, é a inspiração do inferno; é como a obra-prima de Satanás enviada do reino das trevas. O fanatismo de seus seguidores foi impulsionado pelos incentivos à pilhagem e a gratificação de toda a paixão maligna. A apropriação de todas as mulheres cativas foi reconhecida como uma das leis da guerra, e a recompensa oferecida pela coragem. As máximas inculcadas em todos os fiéis eram tais como: "Uma gota de sangue derramada na causa de Deus, ou uma noite passada em armas, é de mais valia do que dois meses empregados ao jejum e oração. A qualquer que cai em combate, seus pecados são perdoados; no dia do juízo suas feridas serão resplandescentes como o escarlate e odoríferas como o almíscar: e a perda de seus membros serão recompensadas pelas asas de anjos e querubins". O grito de guerra do intrépido Khaled era: "Lutem, lutem e não temam! O paraíso, o paraíso, está sob a sombra de suas espadas! O inferno com seu fogo está atrás daquele que foge da batalha, o paraíso está aberto àquele que cai em batalha". Assim animados, os exércitos muçulmanos se acendiam com entusiasmo; e, sedentos pelos despojos de vitória aqui e pelo paraíso sensual que viria, eles corriam sem medo para a batalha.

A fundação do império árabe estava então estabelecida. Maomé convocou, não apenas os mesquinhos potentados dos reinos vizinhos, mas também os dois grandes poderes do mundo mais civilizado, o rei da Pérsia e o Imperador do Oriente, a se submeterem à sua supremacia religiosa. Conta-se que Heráclito receber a comunicação com respeito, mas Cosroes II, o persa, desdenhosamente rasgou a carta em pedaços: o profeta, ao ouvir sobre o ato, exclamou: "É assim que Deus vai rasgar o reino, e rejeitar as súplicas de Cosroes". E assim aconteceu; o reino da Pérsia foi reduzido, em um curto período de tempo, pelos exércitos maometanos a apenas algumas comunidades dispersas. Mas embora o círculo do Islã estivesse se alargando, o seu centro estava morrendo. Tenho seguido seu filho mais velho até a sepultura com lágrimas e suspiros, o profeta fez sua peregrinação de despedida a Meca, e morreu no ano 632, aos 64 anos de idade. Ao que parece ele não tinha sido tocado nem um pouco pelo remorso em seu leito de morte, mas o sangue que ele derramou e as multidões que ele enganou o seguirão até o julgamento final.

A missão maligna do falso profeta foi cumprida. Ele tinha organizado a mais terrível confederação que o mundo já viu. No curto espaço de dez anos ele plantou no Oriente uma religião que se enraizou tão firmemente que, entre todas as revoluções e mudanças de doze séculos, ela ainda exerce uma poderosa influência controladora sobre as mentes e consciências de mais de 100 milhões de seres humanos.*

{* N. do T.: este livro foi escrito no século XIX, portanto os números hoje em dia provavelmente são ainda maiores.}

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O Grande Projeto Papal para o Engrandecimento

A difusão do cristianismo nesse século ultrapassou em muito seus anteriores, tanto nos países do Oriente quanto do Ocidente. Vimos alguns de seus triunfos no Ocidente. No Oriente conta-se que os nestorianos trabalharam com incrível afinco e perseverança para propagar a verdade do evangelho na Pérsia, Síria, Índia, e entre as nações bárbaras e selvagens habitantes dos desertos e das costas mais remotas da Ásia. Em particular, o vasto império da China foi iluminado por seu zelo e diligência com a luz do cristianismo. Durante vários séculos sucessivos, o patriarca dos nestorianos enviou um bispo para presidir sobre as igrejas de então na China. Essas interessantes pessoas rejeitaram a adoração de imagens, a confissão auricular, a doutrina do purgatório, e muitas outras doutrinas corruptas das igrejas romana e grega.

A igreja oriental, ou igreja grega, parece ter sido impedida, por causa de dissensões internas, de se preocupar muito com a disseminação do cristianismo entre os pagãos. No Ocidente tudo era atividade mas, infelizmente, não para a disseminação do evangelho ou para a conversão de almas.*

{*Mosheim, vol. 2, p. 29.}

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