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domingo, 20 de setembro de 2020

A Conquista e Perda de Damieta

A convocação soou ferozmente e o hino de batalha foi cantado pelos emissários do papa em toda a França, Alemanha, Itália, Espanha, Hungria e todo o Ocidente: os reis, príncipes e nobres foram sitiados e perseguidos para que angariassem, sem demora, navios, homens, dinheiro, armas e todos os suprimentos necessários. Mas o papa descobriu, para sua frustração, que o entusiasmo de eras anteriores havia passado -- que Honório não tinha mais o mesmo poder mágico de Urbano. Nem os legados papais nem os frades pregadores conseguiam acender no coração do povo o zelo pela guerra santa. Apenas um rei obedeceu à convocação, André da Hungria. Príncipes e prelados, duques, arcebispos e bispos juntaram-se ao rei húngaro. Uma grande força foi reunida. O primeiro objeto de ataque foi a cidade de Damieta, no Egito, que, após um cerco de dezesseis meses, caiu nas mãos dos cruzados. Mas a destruição de vidas humanas por essa loucura papal foi terrível. "Os habitantes foram tão reduzidos pela fome, pestilência e a espada, que de oitenta mil apenas três mil permaneceram vivos; o ar ficou contaminado pelo cheiro de cadáveres; no entanto, mesmo em meio a esses horrores os captores não puderam conter sua crueldade e avidez."*

{* J.C. Robertson, vol. 3, pág. 383.}

O relato dessa esplêndida vitória foi recebido pelo papa com exultação. Suas esperanças de um sucesso definitivo foram estimuladas ao mais alto nível. Mas essas esperanças logo foram frustradas. A cidade foi sitiada no ano seguinte por uma força esmagadora de infiéis sob a liderança ativa e habilidosa de Malek al Kamul, sultão do Egito e da Síria. Damieta foi rendida.

A profunda frustração do papa desabou sobre o imperador. O fracasso da expedição e as calamidades pelas quais passaram os cristãos foram atribuídas a sua deliberada procrastinação. Supõe-se que trinta e cinco mil cristãos e cerca de setenta mil muçulmanos morreram em Damieta. Mas a derrota e o desastre apenas estimularam o zelo do pontífice por novas cruzadas. Durante um reinado de onze anos, Honório esteve principalmente engajado na promoção de cruzadas contra os albigenses no sul da França e contra os sarracenos na Palestina. Em 1227 ele morreu, ainda pressionando a partida de Frederico e -- não lamentamos acrescentar -- ainda pressionando em vão.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

O Cerco de Jerusalém (1099 d.C.)

Em vez de marcharem imediatamente para Jerusalém, enquanto estavam tão animados e fortalecidos pela vitória, e seus inimigos dominados, eles ociosamente gastaram seu tempo desfrutando dos luxos da Síria por quase dez meses, e, quando as ordens de marcha foram dadas no mês seguinte de maio, apenas uma pequena parte do uma vez poderoso exército sobrou. Supõe-se que trezentos mil chegaram à Antioquia, mas a fome, a doença e a espada tinham reduzido a força deles para pouco mais de quarenta mil. As relíquias do exército partiram no mês de maio. Enquanto se aproximavam do objetivo de sua longa e perigosa jornada, e reconheciam os lugares sagrados, tais como Tiro, Sidom, Cesareia, Lida, Emaús e Belém, eles não podiam conter seu entusiasmo. Mas quando alcançaram uma elevação que lhes davam uma visão completa da cidade santa, um grito de "Jerusalém! Jerusalém! Deus o quer! Deus o quer!" explodiu. Todos se lançaram de joelhos e beijaram o solo sagrado. As cenas da história do evangelho encheram suas mentes com um arrebatado deleite. Mas Jerusalém estava ainda nas mãos dos infiéis, e eles estavam desprovidos dos recursos necessários para o assalto.

O cerco durou quarenta dias, mas foram quarenta dias de grande sofrimento para os sitiadores; especialmente pela sede feroz produzida pelo sol de verão daquele país seco. O ribeiro de Cédron estava seco; as cisternas tinham sido destruídas ou envenenadas; a provisão deles se acabou; de fato, tão grande era a angústia deles, que estavam a ponto de renderem-se em desespero. Mas, como em ocasiões anteriores, o alívio chegou. A superstição veio ao resgate. Godofredo viu no Monte das Oliveiras um guerreiro celestial balançando seu brilhante escudo como um sinal para outro assalto. Com renovado ardor militar, eles atacaram os incrédulos, e, após uma luta feroz, dominaram a cidade santa. Os historiadores concordam em dizer que, em 15 de julho de 1099, uma sexta-feira, às três da tarde, o dia e hora da paixão do Salvador, Godofredo de Bulhão foi vitorioso nas muralhas de Jerusalém. Ele saltou para a devota cidade, acompanhado de Tancredo, e seguido pelos soldados, que encheram cada rua da cidade de massacres.

"Os cruzados", diz Robertson, "inflamados à loucura pelo pensamento dos males inflingidos a seus irmãos e pela obstinada resistência dos sitiados, não pouparam nem o velho, nem a mulher, nem a criança. Setenta mil muçulmanos foram massacrados; muitos dos que tinham recebido uma promessa de vida dos líderes foram mortos pelos soldados. O templo e o alpendre de Salomão ficou cheio de sangue até a altura do joelho de um cavalo e, em meio à fúria geral contra os inimigos de Cristo, os judeus foram queimados em sua sinagoga. Godofredo não tomou parte nessas atrocidades, mas imediatamente após a vitória, em vestes de peregrino, dirigiu-se à igreja do santo sepulcro para derramar seus agradecimentos por ter sido permitido a alcançar a cidade santa. Muitos seguiram seu exemplo, resignando-se de suas obras selvagens por lágrimas de penintência e gozo, e oferecendo, no altar, o espólio que eles tinham conquistado; mas, por uma revolta de sentimentos naturais para um estado de grande excitação, eles logo voltaram à sua obra selvagem, e por três dias correu sangue em Jerusalém."*

{* Church History, de Robertson, vol. 2, p. 641. White's Eighteen Christian Centuries.}

domingo, 27 de agosto de 2017

Henrique e Berta Coroados (1084 d.C.)

Os romanos, finalmente, cansados de suportar as misérias de um cerco, e sem esperança de alívio por parte dos normandos italianos, declararam-se a favor de Henrique. Ele era mestre da maior parte da cidade. Seu primeiro passo foi colocar Guiberto, o arcebispo de Ravena, na cadeira papal, com o nome de Clemente III. Ele foi nomeado por um sínodo de bispos como o futuro papa. Henrique então recebeu a coroa imperial de Clemente, com sua Rainha Berta, e foi saudado como imperador pelo povo romano.

A situação de Gregório agora parecia desesperadora. Ele era um prisioneiro, e logo poderia ser entregue à vingança de Henrique. Ele não podia esperar ajuda alguma de Filipe da França. Guillherme da Inglaterra não estava disposto a se meter nas brigas do papa. Apenas podia confiar em Matilde, a condessa da Toscana. Ela era a mais poderosa, rica e zelosa apoiadora dos interesses da igreja naquele país. Na morte de sua mãe e na de seu marido enquanto ainda era jovem e bonita, o astuto papa a persuadiu a entregar todas as suas posses à igreja de Roma, que foram mais tarde intituladas de propriedades da Igreja. Mas os homens e o dinheiro de Matilde não eram suficientes para a necessidade atual do papa. Em sua grande angústia ele pediu a ajuda de Roberto Guiscardo, um grande guerreiro normando. Ele era suspeito de cumplicidade com Cêncio em sua conspiração contra Gregório, e esteve sob censura da igreja por vários anos. Mas o papa estava disposto a libertá-lo do banimento da excomunhão e até mesmo a oferecer-lhe a coroa imperial se ele viesse imediatamente ao seu auxílio. O grande normando aceitou os termos do papa e colocou sua espada implacável ao serviço de Gregório.

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