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domingo, 27 de setembro de 2020

Reflexões Sobre os Escolásticos

É o bastante – sim, dizemos o bastante – sobre os doutores escolásticos e os filósofos em divindade para o nosso propósito atual. Percorrer vários e selecionar alguns como espécimes genuínos é um trabalho árido e cansativo. Mas eles constituem um certo elo na cadeia de eventos entre os séculos XII e XVI que tem sua importância; e o leitor verá o que significa o termo geral de "os escolásticos" nesse período de nossa história. Uma lição salutar que podemos aprender, pelo menos com os exemplos que temos diante de nós, é sobre a total escuridão e perplexidade da mente, por maior que seja o aprendizado e estudo, quando a Palavra de Deus, em sua divina simplicidade, não é conhecida nem crida. Um único texto, tal como "O justo viverá pela fé", quando usado por Deus nas mãos de Lutero, foi suficiente para limpar as trevas da Idade Média, enquanto os dezessete volumes in-fólio de Tomás de Aquino e todos os outros volumes de todos os grandes escolásticos apenas aprofundaram a escuridão da ignorância e perplexidade quanto ao conhecimento de Deus e o caminho da salvação. O maior desenvolvimento das faculdades naturais da mente humana não conduz nenhum pecador culpado à cruz de Cristo – ao precioso sangue que, somente ele, purifica de todo pecado. O inimigo das almas, aproveitando a crescente fama da filosofia aristotélica, seduziu os melhores dentre os doutores a acreditarem que a obra mais importante em que poderiam se dedicar era a reconciliação do ensino de Cristo com os decretos do filósofo grego, de forma que os estudiosos não pensassem mais deste último do que do primeiro. Tal era o trabalho miserável dos melhores escolásticos da época; mas sem dúvida muitas das mentes mais simples, que não foram cegadas pelas sutilezas da lógica, encontraram o caminho da verdade e da salvação em meio às trevas, embora muito perplexas e desnorteadas.

A igreja de Cristo mal era visível na Europa nessa época, com exceção das igrejas dos vales; ali a verdadeira luz continuou a arder, e milhares encontraram "o caminho mais excelente", apesar de toda a união dos poderes da Terra, tanto seculares como eclesiásticos, para extingui-la. Mas ali estava o verdadeiro edifício de Deus, e as portas do inferno nunca poderiam prevalecer contra as obras de Suas mãos. Agora nos voltamos para renovar nosso conhecimento sobre os valdenses e outros protestantes daquela época.

domingo, 28 de maio de 2017

O Reavivamento da Literatura

O início do século XI não foi apenas famoso pela difusão de grande habilidade arquitetônica, mas também de energias renovadas da mente humana nos vários departamentos da aprendizagem. A longa, aborrecida e inquestionável crença de eras seria então perturbada por uma investigação livre e saudável.

A energia intelectual da Europa, dizem, esteve em condição de decadência gradual desde o século V até metade do século VIII, e embora a condição das ilhas britânicas e os trabalhos do venerável Beda possam parecer fornecer alguma exceção à regra geral, foi nesses tempos que a ignorância alcançou seus limites mais amplos e obscuros. Bede, como podemos observar de passagem, é referenciado como o homem que mais eminentemente merecia ser chamado de professor da Inglaterra. Ele nasceu no ano 673, na vila de Jarrow, na Nortúmbria; ele foi um monge e um padre, mas um homem muito devoto, laborioso e piedoso: a instrução aos jovens foi um dos grandes objetivos de sua vida, no qual perseverou até suas últimas horas: ele morreu em meio aos seus amados acadêmicos, em 26 de maio de 735.*

{* Neander, vol. 5, p. 197.}

domingo, 3 de julho de 2016

O Testemunho da História

Até mesmo pela história podemos provar que foi melhor para o cristianismo quando os cristãos estavam sofrendo na fogueira por Cristo do que quando foram festejados nos palácios dos reis e cobertos pelos favores reais. Para ilustrar nossa questão, daremos ao leitor uma página da história da grande perseguição sob Diocleciano, e uma dos mais brilhantes dias de Constantino. Citaremos ambos dos escritos de Milman, mais tarde conhecido como Decano de St. Paul, e que, portanto, não pode ser suspeito de injustiça para com o clero. Falaremos apenas dos fiéis. É bem sabido que nas últimas perseguições, quando as assembleias dos cristãos tinham aumentado bastante, muitos provaram a infidelidade no dia da prova, embora estes eram comparativamente poucos, e muitos deles mais tarde se arrependeram.

"A perseguição tinha já durado seis ou sete anos (309), mas em nenhuma parte do mundo o cristianismo demonstrava qualquer sinal de decadência. Estava tão profundamente enraizado nas mentes dos homens, amplamente promulgado e vigorosamente organizado para ser incapaz de suportar esse violento, porém inútil, choque. Se sua adoração pública era suspensa, os crentes se reuniam em secreto, ou cultivavam na inexpugnável privacidade do coração os inalienáveis direitos da consciência. Mas, é claro, a perseguição caiu com maior peso sobre os mais eminentes do corpo. Aqueles que resistiam à morte eram animados pela presença das multidões que, se não se atreviam a aplaudir, mal podiam esconder sua admiração. Mulheres se aglomeravam para beijar as bordas das vestes dos mártires, e suas cinzas espalhadas, ou os ossos insepultos, eram roubados pelo zelo devoto de seus rebanhos."

Sob o decreto emitido do leito de morte de Galério, a perseguição cessou, e aos cristãos foi permitido o livre e público exercício de sua religião. Este tempo de respirar durou apenas alguns meses. Mas que grandiosa a vista do que se seguiu, e que testemunho da verdade e do poder do cristianismo! O Decano continua dizendo:

"A cessação da perseguição acabou por mostrar sua extensão. As portas da prisão foram abertas, as minas devolveram seus trabalhadores condenados, em todo lugar fileiras de cristãos eram vistas se apressando até as ruínas de suas "igrejas" e visitando os lugares santificados por sua antiga devoção. As vias públicas, as ruas e os locais de mercado das cidades ficaram cheias de longas procissões cantando salmos de louvores por sua libertação. Aqueles que tinham mantido sua fé sob essas severas provas receberam as carinhosas congratulações de seus irmãos; aqueles que tinham falhado na hora da aflição se apressaram a confessar seu fracasso e a buscar por readmissão no então alegre rebanho."

Vamos agora nos voltar para o estado alterado das coisas sob Constantino, cerca de vinte anos depois da morte de Galério. Observe a grande mudança na posição do clero.

"Os bispos apareciam como participantes regulares da corte, e as dissensões internas do cristianismo se tornaram assuntos de Estado. O prelado governava, agora nem tanto por sua admitida superioridade na virtude cristã, mas pela inalienável autoridade de seu ofício. Ele abria ou fechava a porta da "igreja", que era equivalente a uma admissão ou exclusão da felicidade eterna. Ele pronunciava as sentenças de excomunhão, que lançava para fora o trêmulo delinquente no meio dos perdidos e moribundos pagãos. Ele tinha seu trono na parte mais distinta do templo cristão, e embora ainda atuasse na presença e em nome de seu colégio de presbíteros, ainda assim era reconhecido como a cabeça de uma grande comunidade, sobre cujo destino eterno ele mantinha um vago, mas não por isso menos imponente e terrível, domínio."*

{* História do Cristianismo, vol. 2, pp. 283-308. Neander, vol. 3, p. 41. Vida de Constantino, por Eusébio.}


Questões intelectuais e filosóficas tomaram o lugar da verdade do evangelho, e a mera religião exterior no lugar da fé, do amor, e da mente voltada para as coisas celestiais. Um Salvador crucificado, a verdadeira conversão, a justificação somente pela fé, a separação do mundo, são assuntos nunca conhecidos por Constantino, e provavelmente nunca introduzidos em sua presença. "A conexão entre o mundo físico e moral tinha se tornado um tópico geral e, pela primeira vez, tinha se tornado uma verdade primária de uma religião popular, e naturalmente, não podia se isentar da mescla com as paixões populares. A humanidade, mesmo dentro da esfera do cristianismo, retornou à condição judia mais inflexível e, em seu espírito, assim como em sua linguagem, o Antigo Testamento começou a dominar sobre o evangelho de Cristo."

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