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sábado, 24 de dezembro de 2016

Pepino e Carlos Magno (741-814 d.C.)

Os olhos dos papas tinham, por algum tempo, se voltado para a França como o ponto de partida de onde viria a libertação. A nação franca tinha sido católica desde o início de seu cristianismo; mas uma conexão mais próxima com Roma foi mais tarde formada por meio de São Bonifácio, o monge inglês. Cheio como era da reverência de sua nação por São Pedro e seus sucessores, ele exerceu toda sua influência entre os bispos da França e Alemanha para estender a autoridade da Sé Romana. Isto preparou o caminho para a solução do grande problema que tinham em mãos.

Pepino, que era o alto mordomo ou prefeito do palácio de Childerico III, rei dos francos, exercera por muito tempo todos os poderes do Estado junto com todos os atributos da soberania, com exceção do título. Ele pensou que chegara o momento de pôr um fim à realeza de seu mestre e assumir o nome e as honras reais. Ele possuía em grande medida todas as qualidades que a nobreza e o povo estavam acostumados a respeitar nos príncipes daquela época. Ele era um guerreiro galante e um estadista experiente. Por uma brilhante série de sucessos ele tinha grandemente estendido o domínio dos francos. O pobre rei, sendo destituído de tais capacidades, afundou no favor popular e foi apelidado de "o Estúpido". Pepino, no entanto, tinha sabedoria para prosseguir cautelosamente neste estágio de seus planos. Bonifácio, que desempenhava um importante papel nesse assunto, foi secretamente despachado para Roma para preparar o papa para a mensagem de Pepino, e com instruções de como respondê-lo. No meio tempo, ele reuniu os estados do reino para deliberar sobre o assunto. Os nobres deram a opinião de que, primeiramente, o pontífice deveria ser consultado, independentemente do quão lícito fosse o que o prefeito desejava. De acordo, dois eclesiásticos confidenciais foram enviados a Roma para proporem a seguinte questão ao papa Zacarias: "Se a lei divina não permitia que um povo valente e guerreiro destronasse um monarca imbecil e indolente, que era incapaz de desempenhar qualquer das funções da realeza, e substituí-lo por um mais digno de governar, e um que já tinha rendido mais importante serviço ao Estado?". A resposta lacônica do papa, já em posse de todos os segredos, foi rápida e favorável. "Aquele que legalmente possui o poder real pode também legalmente assumir o título real."

O papa, sem dúvida, respondeu como seus questionadores desejavam. Pepino se sentiu então seguro de seu prêmio. Fortificado pela aprovação da mais alta autoridade eclesiástica, e seguro da aquiescência do povo, ele ousadamente assumiu o título real. Ele foi coroado por Bonifácio na presença nos nobres e prelados do reino reunidos em Soissons, no ano 752. Mas o caráter religioso da coroação marcou o crescente poder do clero. A cerimônia judaica da unção foi introduzida por Bonifácio para santificar o usurpador, e os bispos ficavam ao redor do trono como se fossem de igual posição com os nobres armados. De acordo com o uso dos francos, Pepino foi elevado sobre o escudo, entre as aclamações do povo, e proclamado rei dos francos. Childerico, o último dos reis merovíngios, foi despojado da realeza sem oposição, despojado de seus longos cabelos, tonsurado e encerrado em um monastério.

sábado, 14 de maio de 2016

O Estado Geral do Cristianismo

Antes de empreendermos um breve relato da perseguição sob Diocleciano, pode ser interessante rever a história e condição da igreja enquanto a luta final se aproximava. Mas, de modo a formar um julgamento correto do progresso e estado do cristianismo ao final de trezentos anos, devemos considerar o poder dos inimigos com quem tinha de contender.

1. Judaísmo. Vimos durante algum tempo, e especialmente na vida do apóstolo Paulo, que o judaísmo foi o primeiro grande inimigo do cristianismo. Teve de lutar, desde sua infância, com os fortes preconceitos dos judeus crentes, e com a amarga malícia dos incrédulos. Em sua região nativa, e onde quer que viajasse, o cristianismo foi perseguido por esse inimigo implacável. E após a morte dos apóstolos, a igreja sofreu muito ao ceder à pressão judaica, levando finalmente a remodelar o cristianismo de acordo com o sistema do judaísmo. O vinho  novo foi posto em odres velhos. 

2. Orientalismo. Próximo ao fim do primeiro século e do início do segundo século, o cristianismo teve de abrir caminho entre os muitos e conflitantes elementos da filosofia oriental. Seu primeiro conflito foi com Simão Mago, como registrado em Atos dos Apóstolos. Embora fosse samaritano de nascença, supõe-se que ele tenha estudado as várias religiões do Oriente em Alexandria. Ao retornar ao seu país de origem, ele avançou em pretensões muito altas em direção a um conhecimento e poder superior, fazendo pasmar o povo de Samaria, anunciando que ele próprio era alguém grande, a quem todos, desde o menor até o maior, davam ouvidos, dizendo: "Este é a grande virtude de Deus". A partir desta observação sobre Simão podemos aprender que influência tais homens tinham sobre as mentes dos ignorantes e supersticiosos, e também que poder terrível de Satanás a igreja tinha que enfrentar. Ele assumiu não somente o elevado título de "grande virtude de Deus", como também se vangloriava de possuir outras perfeições da Divindade. Os escritores geralmente se referem a ele como a cabeça e pai de toda a hoste de impostores e hereges.

Após ter sido tão aberta e vergonhosamente derrotado por Pedro, dizem que Simão Mago deixou Samaria e viajou por vários países, escolhendo especialmente aqueles nos quais o evangelho ainda não tinha chegado. Desde essa época ele introduziu o nome de Cristo em seu sistema, e assim se esforçou em confundir o evangelho com suas blasfêmias, confundindo a mente do povo. Quanto aos seus milagres e mágicas, suas maravilhosas teorias sobre ter ele mesmo descido do céu, e outras emanações, não temos nada a dizer, além de que provam ter sido, especialmente no Oriente, um obstáculo poderoso para o progresso do evangelho.

Os sucessores de Simão, tais como Cerinto e Valentino, sistematizaram de tal modo suas teorias que tornaram-se os fundadores de uma forma de gnosticismo que a igreja teve que enfrentar no segundo século. O nome "gnosticismo" envolve a ideia de ambições por um conhecimento superior. Costuma-se pensar que Paulo se refere a este significado da palavra ao alertar seu filho Timóteo contra a "falsamente chamada ciência" (1 Timóteo 6:20)

Embora esteja fora do escopo deste livro tentar qualquer coisa como um esboço desse tão difundido orientalismo ou gnosticismo, ainda assim devemos dar aos nossos leitores alguma ideia do que era. Isto se provou por um tempo como o mais formidável oponente do cristianismo. Mas à medida que os fatos e doutrinas do evangelho prevaleciam, o gnosticismo declinava.

Sob a cabeça dos gnósticos podem ser incluídos todos aqueles nos primeiros séculos da igreja que incorporaram em seus sistemas filosóficos as doutrinas mais óbvias e convenientes, tanto do judaísmo quanto do cristianismo. Assim o gnosticismo se tornou uma mistura de filosofia oriental, judaísmo e cristianismo. Por meio desta confusão satânica, a bela simplicidade do evangelho foi destruída e, por um longo tempo, em muitos lugares, seu verdadeiro caráter foi obscurecido. Foi um plano bem pensado e um poderoso esforço do inimigo, não apenas para corromper, mas também para minar e subverter todo o evangelho. Logo que o cristianismo apareceu os gnósticos começaram a adotar em seus sistemas algumas de suas mais sublimes doutrinas. O judaísmo já era profundamente modificado com isto antes da era cristã, provavelmente desde o cativeiro.

Mas o gnosticismo, devemos lembrar, não era uma corrupção do cristianismo, embora toda a escola de gnósticos seja chamada de herege pelos escritores eclesiásticos. Quanto à sua origem, o gnosticismo remonta desde a muitas religiões do Oriente, tais como a dos caldeus, dos persas, dos egípcios, dentre outras. Até mesmo em nossos dias tais filósofos seriam vistos como infiéis e estranhos ao evangelho de Cristo; mas nos primeiros tempos, o título de herege foi dado a todos os que, de qualquer maneira, introduziam o nome de Cristo em seus sistemas filosóficos. Por isso foi dito: "Se Maomé tivesse aparecido no segundo século, Justino Mártir ou Irineu teriam chamado ele de herege." Ao mesmo tempo, devemos reconhecer que os princípios da filosofia grega, especialmente o platônico, forçaram seu caminho, bem no começo, para dentro da igreja, corrompendo a corrente pura da verdade, e ameaçando, por um tempo, mudar o desígnio e o efeito do evangelho sobre a humanidade.

Orígenes, que nasceu em Alexandria - o berço do gnosticismo - por volta do ano de 185, foi o pai apostólico que deu forma e completude ao método alexandrino de interpretar as Escrituras. Ele distinguia nelas um tríplice sentido - o literal, o moral, e o místico - correspondendo, respectivamente, ao corpo, alma e espírito do homem. O sentido literal, defendia ele, podia ser entendido por qualquer leitor atento; o moral requeria uma inteligência mais elevada; e o místico só poderia ser aprendido por meio da graça do Espírito Santo, que devia ser obtida por oração.

O grande objetivo desse eminente mestre era harmonizar o cristianismo com a filosofia, e este foi o fermento da escola de Alexandria. Ele buscava juntar os fragmentos da verdade espalhados pelos outros sistemas, e uni-los em um esquema cristão, de modo a apresentar o evangelho em uma forma que não ofendesse os preconceitos, e que assegurasse a conversão de judeus, gnósticos e pagãos. Esses princípios de interpretação, e essa combinação do cristianismo com a filosofia, levou Orígenes e seus seguidores a muitos erros graves e sérios, tanto práticos quanto doutrinais. Ele mesmo era um cristão devoto, sincero e zeloso, e verdadeiramente amava o Senhor Jesus, mas a tendência de seus princípios nada mais fizeram, desde aqueles dias até hoje, além de enfraquecer a fé no caráter definitivo da verdade, se não também pervertendo-a toda por meio da espiritualização e alegorização, o que seu sistema ensinava e permitia.

A malignidade da matéria era um dos princípios fundamentais em todos as seitas dos gnósticos, e prevalecia em todos os sistemas religiosos do Oriente. Isto levou às mais loucas teorias quanto à formação e caráter do universo material e todas as substâncias corpóreas. Isto levou muitas pessoas a acreditarem que seus corpos eram intrinsecamente maus, recomendando-se a abstinência e severas mortificações corporais para que a mente, ou o espírito, que era visto como puro e divino, pudesse desfrutar maior liberdade, e ser capaz de contemplar melhor as coisas celestiais. Sem nos alongarmos sobre o assunto - o qual não apreciamos - o leitor poderá observar que o celibato do clero, em anos posteriores, e todo o sistema do asceticismo e monasticismo, tiveram sua origem, não nas Escrituras, mas na filosofia oriental.*

{* Para maiores detalhes sobre as diferentes seitas, veja o Dicionário das Igrejas Cristãs e Seitas, de Marsden. Robertson, volume 1; Neander, volume 2; Milman, volume 2; Mosheim, volume 1. }

3. Paganismo. A igreja não apenas tinha que enfrentar o judaísmo e o orientalismo, como também sofria com a hostilidade do paganismo. Estes eram os três formidáveis poderes de Satanás com os quais ele perturbou a igreja durante os três primeiros séculos de sua história. Na realização de sua alta comissão dada pelo Senhor -  "Fazei discípulos de todas as nações"... "Pregai o evangelho a toda criatura" - ela tinha esses inimigos para enfrentar e superar. Mas estes não poderiam impedir seu curso, se ela tivesse simplesmente andado em separação do mundo e permanecido verdadeira e fiel ao seu celestial e exaltado Salvador. Mas infelizmente, o que o judaísmo, o orientalismo e o paganismo não podiam fazer, as seduções do mundo conseguiram. E isto nos leva a olhar bem de perto para a condição da igreja quando a grande perseguição começou.

sábado, 19 de março de 2016

Clericalismo, Ministério e Responsabilidade Individual

Admite-se que as epístolas de Inácio foram escritas apenas alguns anos após a morte de João, e que o escritor deveria estar intimamente familiarizado com o pensamento do apóstolo, e que em suas epístolas ele estaria apenas apresentando seus pontos de vista. Por isso é dito que o episcopado é contemporâneo do cristianismo. Mas pouco importa, comparativamente, por quem elas foram escritas, ou o tempo preciso em que foram escritas: o que importa é que essas cartas não fazem parte das Escrituras, e o leitor deve julgar o caráter delas pela Palavra de Deus, e a influência que tiveram na história da igreja. O pensamento do Senhor, no que diz respeito a Sua igreja e à responsabilidade de Seu povo, deve ser aprendido por Sua própria palavra, e não pelos escritos dos "pais", por mais pioneiros e estimados que sejam. E aqui, pode ser interessante citar, antes de deixarmos este assunto, alguns trechos da Palavra que o leitor fará bem em comparar com os extratos dos textos dos "pais" citados anteriormente. Esses trechos da Palavra se referem ao ministério e responsabilidade individual cristã. Assim, aprendemos a grande diferença entre ministério e ofício: ou melhor, entre ser estimado por causa de suas obras, e não meramente por seu ofício.

No Evangelho de Mateus, do versículo 45 do capítulo 24 até o versículo 31 do capítulo 25, temos três parábolas, por meio das quais o Senhor instrui os discípulos quanto à conduta deles durante Sua ausência.

1. O assunto da primeira parábola é a responsabilidade do ministério dentro da casa - na igreja. "A qual casa somos nós." (Hebreus 3:6). Assim lemos: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens." (Mateus 24:45-47). O verdadeiro ministério é do Senhor, e dEle apenas. Isto é o que temos que observar tendo em vista o que aconteceu no próprio início do cristianismo. E Ele se importa com a fidelidade ou infidelidade em Sua casa. Seu povo é próximo e querido ao Seu coração. Aqueles que foram humildes e fiéis durante Sua ausência serão feitos governantes sobre todos os Seus bens quando Ele retornar. O verdadeiro ministro de Cristo tem de tratar diretamente com o próprio Cristo. O cristão não é mercenário de algum homem, ou de algum grupo particular de homens. "Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim". A falha no ministério é também dita e tratada pelo próprio Senhor.

"Mas se aquele mau servo disser no seu coração: O meu senhor tarde virá; e começar a espancar os seus conservos, e a comer e a beber com os ébrios"
(Mateus 24:48,49). Este é o outro e triste lado do quadro. O caráter do ministério é grandemente afetado pela resistência ou rejeição à verdade da vinda do Senhor. No lugar de serviço dedicado à família, com seu coração voltado para a aprovação do mestre em seu retorno, há presunção, tirania e mundanismo. A condenação de tal, quando o Senhor vier, será pior que a do mundo. Ele "destinará a sua parte com os hipócritas" - o mesmo lugar de Judas - onde "haverá pranto e ranger de dentes" (Mateus 24:51). Tais são as temíveis consequências do esquecimento quanto ao retorno do Senhor. Mas isto é mais do que mero erro doutrinal ou uma diferença de opinião sobre a vinda do Senhor. Estava "no seu coração", sua vontade vinha dali. Ele desejava em seu coração que o Senhor ficasse longe, como se Sua vinda fosse estragar todos os seus planos e acabar com toda a sua grandeza mundana. Não é esta uma imagem tão verdadeira do que aconteceu? E que lição solene para aqueles que tomam para si um lugar de serviço na igreja! A mera nomeação de soberania, ou a escolha do povo, não será suficiente naquele dia, a menos que eles também tenham sido escolhidos do Senhor e fiéis em Sua casa.

2. Na segunda parábola, cristãos professos, durante a ausência do Senhor, são representados por virgens que saíram ao encontro do Noivo para iluminar o caminho dEle até Sua casa. Esta foi a atitude dos primeiros cristãos. Eles saíram do mundo e do judaísmo para ir adiante e se encontrar com o Noivo. Mas sabemos o que aconteceu. Ele tarda em vir, e todas elas caem no sono e adormecem. "Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro" (Mateus 25:6). Desde o primeiro século até o presente {* N. do T.: Século XIX, quando foi escrito este livro}, ouvimos muito pouco sobre a vinda do Senhor. De vez em quando, aqui e ali, uma voz fraca podia ser ouvida sobre o assunto, mas não até o início do século XIX ouviu-se o clamor da meia-noite. Agora temos muitos folhetos e volumes sobre o assunto, e muitos estão pregando isto em quase todas as terras debaixo do céu. A meia-noite já passou, e logo vem a manhã.

A restauração da verdade da vinda do Senhor marca uma época distinta na história da igreja. E, como todo reavivamento, foi uma obra do Espírito Santo, por meio de instrumentos de Sua própria escolha, e por meios que Ele elaborou. E quão grande é a longanimidade do Senhor, que em meio a esse grande movimento instituiu um tempo entre o clamor e a chegada do Noivo para provar a condição de cada um. Cinco das dez virgens não tinham óleo em suas lâmpadas - sem Cristo, sem o Espírito Santo habitando nelas. Elas tinham apenas a lâmpada exterior da profissão. Quão terrivelmente solene pensamento, se olharmos para a cristandade a partir deste ponto de vista! Cinco dentre dez são falsas, e contra elas a porta será fechada para sempre. Como esse pensamento deveria mover a seriedade e energia no evangelismo! Que possamos sabiamente aproveitar melhor o tempo que graciosamente foi dado entre o clamor da meia-noite e a vinda do Noivo.

3. Na primeira parábola, o assunto é o ministério dentro da casa; na terceira, é o ministério fora da casa - o evangelismo. Na segunda parábola, é a expectativa pessoal da vinda do Senhor, com a posse daquilo que é o requisito para ir com Ele para as bodas do filho do Rei.

"Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe." (Mateus 25:14,15). Aqui o Senhor é representado como deixando este mundo e voltando para o céu; e enquanto Ele está ausente, Seus servos devem negociar com os talentos conferidos a eles. "E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois." (Mateus 25:16,17). Aqui temos o verdadeiro princípio e o verdadeiro caráter do ministério cristão. O próprio Senhor chamou os servos e deu-lhes os talentos, e o servo é responsável perante o próprio Senhor pelo cumprimento de seu chamado. O exercício de um dom, seja dentro ou fora da casa, embora sujeito às direções do mundo e sempre exercitado em amor e para a bênção, não é de modo nenhum dependente da vontade de um soberano, de um sacerdote ou do povo, mas e Cristo apenas, a verdadeira Cabeça da igreja. É algo grave e solene para qualquer um interferir nas reivindicações de Cristo no serviço de Seu servo. Tocar nisto é deixar de lado a responsabilidade para com Cristo e derrubar o princípio fundamental do ministério cristão.

O sacerdócio era a característica distinta da dispensação judaica; o ministério, de acordo com Deus, é a característica do período cristão. Daí o fracasso da igreja professa, quando procurou imitar o judaísmo de tantas formas, tanto em seu sacerdócio quanto em seu ritualismo. Se uma ordem sacerdotal, com ritos e cerimônias, é ainda necessária, a eficácia da obra de Cristo é posta e causa. De fato, embora não em palavras, isto ataca a raiz do cristianismo. Mas tudo é resolvido pela Palavra de Deus. "Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados... Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado." (Hebreus 10:12-14,18)

O ministério, então, é um assunto da mais alta dignidade e do mais profundo interesse. Testifica a obra, a vitória e a glória de Jesus, de que o perdido pode ser salvo. É a atividade do amor de Deus se dirigindo a um mundo alienado e arruinado, e fervorosamente rogando por almas para se reconciliar com Ele. "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação." (2 Coríntios 5:19-21). O sacerdócio judaico mantinha o povo em suas relações com Deus: o ministério cristão é Deus em graça, por meio de Seus servos, libertando almas do pecado e da ruína, e trazendo-as para perto se Si mesmo como felizes adoradores no lugar santíssimo (santo dos santos).

Voltando à nossa parábola, há uma coisa que deve ser especialmente observada aqui, que mostra a soberania e sabedoria do Senhor em conexão com o ministério. Ele deu quantias diferentes para cada um, de acordo com suas capacidades. Cada um tinha uma capacidade natural que servia exatamente para o serviço para o qual foi empregado, e os dons concedidos de acordo com a medida do dom de Cristo para seu cumprimento. "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores" (Efésios 4:11). O servo deve ter certas qualificações naturais para sua obra, além do poder do Espírito Santo. Então o Senhor pode criar em seu coração, pelo Espírito Santo, um amor verdadeiro pelas almas, que é o melhor dom do evangelista. Em seguida, ele deve apressar-se e exercitar seu dom de acordo com sua capacidade, para a bênção de almas e para a glória de Deus. Que possamos lembrar que somos responsáveis por essas duas coisas - o dom graciosamente concedido, e a capacidade por meio da qual o dom deve ser exercitado. Quando o Senhor vier ter com Seus servos, não será suficiente dizer "Eu nunca fui educado para isso, ou nomeado para o ministério". A questão será: "Eu esperei no Senhor para ser usado por Ele de acordo com aquilo que ele tinha preparado para mim? Ou será que escondi o meu talento na terra?". Fidelidade ou infidelidade será a única coisa em questão para Ele.

Aquilo que distinguia o servo fiel do infiel era a confiança em seu mestre. O servo infiel não conhecia o Senhor: ele agiu com base no medo, não com base no amor, e assim enterrou seu único talento na terra. O fiel conhecia o Senhor, confiava nEle, e o serviu por amor, e foi recompensado. O amor é a única fonte verdadeira de serviço para Cristo, seja na igreja ou pelo mundo afora. Que nunca sejamos achados dando desculpas para nós mesmos, como o "mau e negligente servo", mas que estejamos sempre contando com o amor, a graça, a verdade e o poder de nosso bendito Salvador e Senhor.

domingo, 6 de março de 2016

Os Seguidores Imediatos dos Apóstolos

Aqui surge uma importante pergunta, e uma que é frequentemente feita: "Em que momento, e por quais meios, o clericalismo - todo o sistema do clero - firmou-se com tanto afinco na igreja professa?" Para responder a essa pergunta plenamente, seria necessário escrever em detalhes a história interna da igreja. Sua constituição e caráter foram totalmente modificados pela introdução do sistema clerical. Mas seu crescimento e organização foi gradual. Argumentos foram construídos a partir do Antigo Testamento e, em um curto período de tempo, o cristianismo foi reformulado para os moldes do judaísmo. A distinção entre bispos e presbíteros, entre uma ordem sacerdotal e o comum sacerdócio de todos os crentes, e a multiplicação de cargos eclesiásticos, rapidamente se seguiram como consequência. Mas, por mais difícil que seja traçar as incursões do clericalismo, a sinagoga era seu modelo.

Aprendemos de todo o Novo Testamento que o judaísmo era o incansável e implacável inimigo do cristianismo em todos os pontos de vista. Ele trabalhou incessantemente, por um lado introduzindo seus ritos e cerimônias e pelo outro perseguindo até a morte todos os que eram fiéis a Cristo e aos verdadeiros princípios da igreja de Deus. Vemos isto especialmente em Atos e nas Epístolas. Mas quando os dons extraordinários na igreja cessaram, e quando os nobres defensores da fé, nas pessoas dos apóstolos inspirados, se foram, podemos facilmente imaginar como o judaísmo prevalecera. Além disso, as primeiras igrejas (assembleias) eram principalmente compostas de convertidos da sinagoga judaica, que por muito tempo retiveram seus preconceitos judaicos.

Portanto, acreditamos firmemente que o clericalismo brotou do judaísmo. Desde os dias dos apóstolo até hoje a raiz de toda a estrutura e domínio do clericalismo está lá. A filosofia e a heterodoxia, sem dúvida, fez muito para corromper a igreja e levá-la a dar as mãos com o mundo: mas a ordem do clero e tudo o que pertence a ela deve ter sido fundamentada na religião dos judeus. É mais que provável, no entanto, que muitos possam ter sido persuadidos, como muitos têm sido desde então, de que o cristianismo é uma continuação do judaísmo, em vez de serem perfeitamente contrastantes. Os mestres judaizantes ousadamente afirmavam que o cristianismo era meramente um enxerto sobre o judaísmo. Mas através das epístolas, em todo lugar aprendemos que uma é terrena e a outra é celestial; que uma pertence à antiga, e a outra à nova criação; que a lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.

Vamos agora nos voltar aos seguidores imediatos dos apóstolos.

Os Pais Apostólicos, como são chamados, tais como Clemente, Policarpo, Inácio e Barnabé, foram os seguidores imediatos dos apóstolos inspirados. Eles tinham ouvido as instruções deles, trabalharam com eles no evangelho, e provavelmente tinham sido familiarmente conhecidos deles. Mas, não obstante os altos privilégios que eles gozavam como aprendizes dos apóstolos, eles logo se afastaram das doutrinas que lhes tinham sido confiadas, especialmente no que diz respeito ao governo da igreja. Eles parecem ter esquecido completamente - a julgar pelas Epístolas que citam seus nomes - a grande verdade do Novo Testamento sobre a presença do Espírito Santo na assembleia. Certamente tanto João quanto Paulo falam muito da presença, habitação, domínio soberano e autoridade do Espírito Santo na igreja. João 13-16, Atos 2:1, 1 Coríntios 12:14 e Efésios 1-4 dão claras direções e instruções sobre essa verdade fundamental da igreja de Deus. Se essa verdade tivesse sido mantida de acordo com a exortação do apóstolo - "procurando guardar" - não criar - "a unidade do Espírito" (Efésios 4:3) - o clericalismo nunca teria achado um lugar na Cristandade.

Os novos mestres da igreja parecem também ter esquecido a bela simplicidade da ordem divina na igreja. Deveria haver apenas duas ordens de ofícios - anciãos e diáconos. Estes eram nomeados para atender às necessidades temporais, e aqueles para as necessidades espirituais da assembleia dos santos. Ancião, ou bispo, significa simplesmente supervisor, alguém que exerce uma supervisão espiritual. Ele pode ser "apto para ensinar" ou não: ele não é um mestre ordenado, mas um supervisor ordenado. E quanto aos sacramentos estabelecidos por mandato divino, apenas encontramos, no Novo Testamento, o Batismo e a Ceia do Senhor. Nada poderia ser mais simples, mais claro, ou mais facilmente compreendido, como todas as direções dadas para a fé e prática, mas não havia espaço de sobra para a exaltação e glória do homem na igreja de Deus. O Espírito Santo tinha descido para tomar a liderança na assembleia, de acordo com a palavra do Senhor e a promessa do Pai; e nenhum cristão, por mais dotado que pudesse ser, crendo nisto, podia tomar o lugar de líder, e assim praticamente despedir o Espírito Santo. Mas, a partir do momento em que essa verdade foi perdida de vista, os homens começaram a contender por lugar e poder, e assim, é claro, o Espírito Santo não tinha mais Seu lugar de direito na assembleia.

Mal a voz da inspiração tinha ficado em silêncio na igreja, e logo ouvimos a voz dos novos mestres gritando e exigindo as mais elevadas honrarias de ser pago como bispo, e de ter um lugar supremo dado a eles. Nenhuma palavra sobre o lugar do Espírito como governante soberano na igreja de Deus. Isto é evidente pelas epístolas de Inácio, que dizem ter sido escritas em 107 d.C. Muitos grandes nomes, como sabemos, têm questionado a autenticidade delas; e muitos grandes nomes defendem que elas foram satisfatoriamente provadas serem genuínas. As provas de cada lado estão fora do nosso escopo. A Igreja da Inglaterra tem, por muito tempo, as aceitado como genuínas, e as considera como a base, e como a vindicação triunfante, da antiguidade do episcopado. A seguir estão algumas amostras de suas advertências às igrejas.

Inácio, no curso de sua viagem de Antioquia a Roma*, escreveu sete epístolas. Uma aos efésios, aos magnésios, aos trálios, aos romanos, aos filadélfios, aos esmirnenses, e uma ao seu amigo Policarpo. Tendo sido escritas na véspera de seu martírio, e com grande seriedade e veemência, e tendo sido discípulo e amigo do apóstolo João, sendo na época um bispo de Antioquia, provavelmente o mais famoso da Cristandade, suas epístolas devem ter produzido uma grande impressão nas igrejas; além do fato de que o caminho do ofício, autoridade e poder terem sido sempre um grande encanto para a vã natureza humana.

{* Ver Viagem e Martírio de Inácio}

Ao escrever à igreja em Éfeso ele diz: "Tomemos cuidado, irmãos, para não nos colocarmos contra o bispo, a fim de que estejamos sujeitos a Deus..., pois é evidente que temos de respeitar o bispo da mesma maneira como respeitamos o próprio Senhor". Em sua epístola aos magnésios ele diz: "Eu vos exorto a cuidadosamente fazer todas as coisas em divina harmonia: seus bispos presidindo como se estivessem no lugar de Deus; seus presbíteros como se estivessem no lugar do conselho de apóstolos; e seus diáconos, a posição mais estimada para mim, estando encarregados do ministério de Jesus Cristo". Encontramos o mesmo tom em sua carta aos trálios: "Enquanto estiverem sujeitos ao bispo de vocês da mesma forma que ao Senhor, me parece que estarão vivendo, não à maneira dos homens, mas de acordo com Jesus Cristo, que morreu por vocês... Guardem-se de tais pessoas; e isso vocês farão se não estiverem ensoberbecidos, mas continuem inseparáveis de Jesus Cristo nosso Deus, do bispo de vocês, e dos mandamentos dos apóstolos". Passando por cima de várias de suas cartas às igrejas, vamos apenas dar mais uma amostra de sua epístola aos filadélfios: "Eu clamei enquanto estava no meio de vocês, falei em alta voz: ‘Obedeçam ao bispo, ao presbitério e aos diáconos’. Agora alguns supõem que disse isso prevendo a divisão que aconteceria. Mas Ele é minha testemunha, por amor do qual estou em correntes, que eu nada sabia vindo da parte dos homens, mas o Espírito falou...: 'Nada façam sem o bispo; mantenham seus corpos como templos de Deus, amem a unidade, fujam das divisões, sejam seguidores de Cristo, como Ele é do Pai'"*

{* Os extratos acima foram retirados da Tradução de Wake. Veja também "Uma Completa e Fiel Análise dos Escritos de Inácio, Clemente, Policarpo e Hermas". O Pesquisador, volume 2.}


Na última citação é bastante evidente que o venerável "pai" desejava adicionar a suas teorias o peso da inspiração. Mas, por mais extravagante e irresponsável que essa ideia possa ser, devemos dar-lhe crédito por acreditar no que dizia. Não temos dúvida de que ele era um cristão devoto, e cheio de zelo religioso, mas não pode haver menos dúvida de que ele enganou-se muito neste e em outros assuntos. A principal ideia em todas as suas cartas é a perfeita submissão do povo aos seus superiores, ou seja, a submissão dos leigos ao seu clero. Ele estava, sem dúvida, ansioso pelo bem-estar da igreja, e temeroso do efeito das "divisões" às quais se refere; assim ele provavelmente deve ter pensado que um governo forte, nas mãos dos bispos, seria o melhor meio de preservá-la das incursões do erro. "Sejam diligentes", disse, "em estabelecer a doutrina de nosso Senhor e dos apóstolos, junto com o mais digno bispo entre vocês, os mais espirituais presbíteros e os mais piedosos diáconos. Sejam sujeitos ao bispo e uns aos outros, como Jesus Cristo era ao Pai, quando na carne; e como os apóstolos a Cristo, e ao Pai e ao Espírito; e assim poderá haver união entre vocês, tanto no corpo quanto no espírito". Assim, a mitra foi colocada na cabeça do mais alto dignatário, e daí em diante se tornou objeto de ambição eclesiástica, e não raro da mais indecorosa contenda, com todas as suas consequências desmoralizantes.

sábado, 26 de dezembro de 2015

A Queda de Jerusalém (70 d.C.)

A dispersão dos judeus e a total destruição de sua cidade e templo são os próximos eventos a se considerar no restante do primeiro século, embora, estritamente falando, essa terrível catástrofe não faça parte da história da igreja, e sim da história dos judeus. No entanto, pelo fato de ter sido um cumprimento literal da profecia do Salvador, e que afetou de imediato aqueles judeus que eram cristãos, esse evento merece um lugar em nossa história.

Os discípulos, antes da morte e ressurreição de Cristo, eram fortemente judaicos em todos os seus pensamentos e associações. Eles conectavam o Messias ao templo. Seus pensamentos eram de que Ele deveria libertá-los do poder dos romanos, e que todas as profecias sobre a terra, as tribos, a cidade e o templo seriam cumpridas. Mas os judeus rejeitaram o próprio Messias e, consequentemente, todas as suas próprias esperanças e promessas nEle. As palavras iniciais de Mateus 24 são muito significativas e importantes: "E, quando Jesus ia saindo do templo...". O templo estava agora, de fato, vazio aos olhos de Deus. Tudo o que dava valor a Ele ali agora se foi. "Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta" (Mateus 23:38). Ela agora estava pronta para a destruição.

"Aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo." (Mateus 24:1). Eles ainda se ocupavam com a grandeza e glória externas dessas coisas. "Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada." (Mateus 24:2). Essas palavras foram literalmente cumpridas pelos romanos cerca de quarenta anos depois de terem sido faladas, e da mesma maneira que o Senhor predisse: "Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; e te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação." (Lucas 19:43,44)

Depois dos romanos terem experimentados muitas decepções e derrotas na tentativa de abrir uma brecha nas muralhas, por causa da desesperada resistência dos judeus insurgentes e, embora houvesse pouca esperança de tomar a cidade, Tito mesmo assim convocou um conselho de guerra. Dois planos foram discutidos: invadir violentamente a cidade imediatamente; consertar os aparatos militares e reconstruir as máquinas; ou sitiar e induzir a fome na cidade para forçar a rendição. A última foi a preferida, e todo o exército foi colocado para "entrincheirar" toda a cidade. Mas o cerco foi longo e difícil. Durou da primavera até setembro. E durante todo o tempo, as mais sem precedentes misérias de todo tipo foram experimentas pelos sitiados. Mas afinal chegou o fim, quando tanto a cidade quanto o templo estavam nas mãos dos romanos. Tito estava ansioso para tomar o magnificente templo e seus tesouros. Mas, contrários a suas ordens, um soldado, montado nos ombros de um de seus camaradas, ateou fogo em uma pequena porta dourada no pátio exterior. As chamas logo se espalharam. Tito, vendo isto, correu ao lugar o mais rápido que pôde. Ele gritou, fez sinais para seus soldados para que extinguissem o fogo; mas sua voz foi abafada, e seus sinais não foram percebidos em meio à terrível confusão. O esplendor do interior do templo o encheu de admiração e, como as chamas ainda não tinham chegado ao lugar santo, ele fez um último esforço para salvá-lo, exortando os soldados a apagar o incêndio; mas era tarde demais. Chamas ardentes se erguiam por todas as direções, e a feroz excitação da batalha, somada à insaciável esperança de pilhagem, tinha atingido seu ápice. Tito mal sabia que Alguém que era maior que ele tinha dito: "Não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada." (Mateus 24:2). A palavra do Senhor, e não os comandos de Tito, devia ser obedecida. O templo foi realmente arrasado até as fundações, de acordo com a palavra do Senhor.

Para quase todos os aspectos particulares desse terrível cerco, estamos em débito com Josefo, que estava no acampamento romano e próximo da pessoa de Tito naquele tempo. Ele agiu como intérprete quando foram tratados os termos entre Tito e os insurgentes. Os muros e baluartes de Sião pareciam inconquistáveis para os romanos, e Josefo ansiava muito por um tratado de paz. No entanto, os judeus rejeitavam cada proposta, até que os romanos finalmente triunfaram. Ao entrar na cidade, Josefo nos conta que Tito se encheu de admiração pela sua força. De fato, ao contemplar a sólida altitude das torres, a magnitude de várias das pedras, e a precisão de suas junções, e ao ver quão grandes eram sua amplitude e quão vasta sua altura, "Claramente", exclamou Tito, "lutamos com Deus do nosso lado; e foi Deus quem derrubou os judeus daqueles baluartes, pois o que as mãos humanas ou maquinas podiam fazer contra aquelas torres?" Tais foram as confissões do general pagão. Certamente deve ter sido o cerco mais terrível de toda história do mundo registrada.

Os relatos dados por Josefo sobre os sofrimentos dos judeus durante o cerco são horríveis demais para serem transferidos para nossas páginas. Os números que pereceram sob Vespasiano no país, e sob Tito na cidade, no período de 67-70 d.C., por fome, facções internas e pela espada romana, chegou à casa de 1.350.460, além de cem mil vendidos como escravos.* Infelizmente, essas foram as horríveis consequências da incredulidade e desdém aos apelos solenes, ternos e a afetuosos de seu próprio Messias. Podemos imaginar as lágrimas do Redentor derramadas sobre a cidade amada? E podemos imaginar as lágrimas dos pregadores de hoje em dia, enquanto apela a amados pecadores, em vista da vinda e dos juízos eternos? Certamente é de se maravilhar o fato de que tantas lágrimas sejam derramadas por causa de pecadores imprudentes, descuidados e perdidos. Ah, que corações sintam como sentiu o Salvador e que olhas chorem como os dEle!

{* Veja História dos Judeus, de Dean Milman, livro 16, volume 2, página 380.}


Os cristãos, com quem temos mais especialmente que tratar, lembrando-se do aviso do Senhor, em grupo deixaram Jerusalém antes do cerco ser formado. Eles viajaram para Pella, uma vila além do Jordão, onde permaneceram até que Adriano lhes permitiu retornar às ruínas da antiga cidade. E isso nos leva ao fim do primeiro século.

Durante os curtos reinados de Vespasiano e de seu filho Tito, o número de cristãos deve ter crescido consideravelmente. Isto aprendemos, não de algum relato direto que possamos ter sobre a prosperidades deles, mas das circunstâncias incidentais que provam isso, e que vamos conhecer em seguida.

sábado, 3 de outubro de 2015

O Fim dos Trabalhos de Paulo em Liberdade

Chegamos agora a uma questão importante, e a um ponto de virada na história de Paulo daqui para a frente. Iria ele direto para o ocidente, em direção a Roma, ou iria passar por Jerusalém? Tudo depende disso. Jerusalém também estava em seu coração. Mas se Cristo o tinha enviado tão longe, para os gentios, poderia o Espírito, da parte de Cristo, conduzi-lo a Jerusalém? Foi apenas aqui, acreditamos, que foi permitido ao grande apóstolo seguir os desejos de seu próprio coração, cujos desejos eram corretos e belos em si mesmos, mas não estavam de acordo com a mente de Deus naquele momento. Ele amava profundamente sua nação, e especialmente os santos pobres em Jerusalém; e, tendo sido muito mal representado ali, ele esperava provar seu amor pelos pobres dentre seu povo levando as ofertas dos gentios pessoalmente. "Assim que", diz ele, "concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha." (Romanos 15:28). Certamente isto era amável e louvável! Sim, mas isto vinha de um lado apenas, e este era o lado da natureza - da carne - e não do Espírito. "E, achando discípulos, ficamos ali sete dias; e eles pelo Espírito diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém." (Atos 21:4). Isto parece claro o bastante, mas Paulo naquele momento se inclinou para o lado de suas afeições "pelos pobres do rebanho" em Jerusalém. Será que poderia haver um erro mais perdoável que este? Impossível! Foi seu amor pelos pobres, e o prazer de levar a eles as ofertas dos gentios, que o conduziu a passar por Jerusalém em seu caminho a Roma. No entanto, foi um erro, e um erro que custou a Paulo sua liberdade. Seu trabalhos em liberdade acabam aqui. Ele permitiu liberdade à sua carne, e Deus permitiu que os gentios o prendessem em correntes. Esta era a expressão de puro amor do Mestre para com Seu servo. Paulo era muito precioso para que o Senhor o deixasse sem a justa disciplina nessa ocasião. Também provaria que nem Jerusalém nem Roma poderiam ser a metrópole do cristianismo. Cristo, a Cabeça da igreja, estava no céu, e lá é o único lugar em que a metrópole do cristianismo deve estar. Jerusalém perseguiu o apóstolo, Roma o aprisionou e martirizou. No entanto, o Senhor estava com Seu servo para o seu próprio bem, para o avanço da verdade, para a bênção da igreja, e para a glória de Seu próprio grandioso nome.

Aqui podemos tomar a permissão para mais uma reflexão. Em quantas histórias, desde a quinta visita de Paulo a Jerusalém, essa cena solene tem sido reproduzida! Quantos santos têm sido amarrados com correntes de diferentes tipos, mas quem pode dizer para quê, ou para quem? Todos nós teríamos dito - se não iluminados pelo Espírito - que o apóstolo não podia ter atuado por um motivo mais digno ao passar por Jerusalém em seu caminho a Roma. Mas o Senhor não havia dito para ele fazer isso. Tudo depende disso. Quão necessário é ver, em cada estágio de nossa jornada, que temos a palavra de Deus para nossa fé, o serviço de Cristo para nossos motivos, e o Espírito Santo para nossa direção. Retornemos agora ao relato dos eventos.

Deixamos Paulo sentado com os anciãos na casa de Tiago. Eles tinham sugerido a ele um modo de conciliar os crentes judeus, e de refutar as acusações de seus inimigos. Deslealdade para com sua nação e com a religião de seus pais era a principal acusação levantada contra ele. Mas sob a superfície dos eventos exteriores, e especialmente tendo a luz das epístolas derramada sobre eles, descobrimos a raiz de toda a questão na inimizade do coração humano contra a graça de Deus. De modo a entender isso, devemos observar que o ministério de Paulo tinha um duplo caráter: (1) Sua missão era pregar o evangelho "a toda criatura debaixo do céu" - não foi apenas além dos limites do judaísmo, como também estava em perfeito contraste com esse sistema; (2) Ele era também o ministro da igreja de Deus, e pregava sua exaltada posição, e seus benditos privilégios, como estando unida a Cristo, o Homem glorificado no Céu. Essas verdades benditas serão vistas erguendo a alma do crente muito acima da religião da carne, sempre tão penosa - sempre tão abundante em ritos e cerimônias. Votos de jejum, festas, ofertas, purificações, tradições e filosofia, são todas excluídas como nada dignas diante de Deus, e opostas à própria natureza do cristianismo. Isto exasperava o judeu religioso com suas tradições, e o grego incircunciso com sua filosofia; e ambos se uniram para perseguir o verdadeiro portador deste duplo testemunho. E assim tem sido sempre. O homem religioso com suas ordenanças, e o homem meramente natural com sua filosofia, por um processo natural, prontamente se uniram em oposição ao testemunho de um cristianismo celestial. Veja Colossenses 1 e 2.

Se Paulo tivesse pregado a circuncisão, a ofensa da cruz teria cessado, pois isto teria dado lugar, e a oportunidade, de ser alguma coisa e fazer alguma coisa, e até mesmo de tomar parte com Deus em Sua religião. Isto era o judaísmo, e isto dava ao judeu sua preeminência. Mas o evangelho da graça de Deus se dirige ao homem como já perdido - como "morto em delitos e pecados" - e não tem mais respeito para com os judeus do que para com os gentios. Assim como o sol no firmamento, ele brilha para todos. Nenhuma nação, tribo, língua ou povo é excluído de seus raios celestiais. "Pregar o evangelho a toda criatura que está debaixo do céu" é a divina comissão e a esfera mais ampla do evangelista; ensinar aqueles que acreditam neste evangelho sua perfeição em Cristo é o privilégio e dever de cada ministro do Novo Testamento.

Tendo assim limpado o terreno quanto aos motivos, objetivos e posição do grande apóstolo, vamos agora traçar brevemente o restante de sua vida agitada. Chegou o tempo em que ele seria levado diante dos reis e governantes, e até mesmo diante do próprio César, por causa do nome do Senhor Jesus.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A Terceira Visita de Paulo a Jerusalém (por volta de 50 d.C.)

Quando eles chegaram a Jerusalém, encontraram a mesma coisa [fanatismo dos crentes judeus pela guarda da lei pelos gentios, N. do T.], não apenas nas mentes de alguns poucos irmãos inquietos, mas no próprio seio da igreja. A fonte da confusão estava lá, não entre judeus incrédulos, mas entres aqueles que professavam o nome de Jesus. "Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés." (Atos 15:5). Esta declaração clara trouxe toda a questão diante da assembleia, e suas importantes deliberações começaram. O Capítulo 15 de Atos contém o relato do que ocorreu e como a questão foi resolvida. Os apóstolos, anciãos, e todo o corpo da igreja em Jerusalém não estavam apenas presentes, mas também tomaram parte na discussão. Os apóstolos nem assumiram nem exercitaram poder exclusivo sobre o assunto. Este é geralmente chamado "O primeiro Concílio da Igreja", mas pode também ser chamada de último concílio da igreja que podia dizer: "Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós" (Atos 15:28).

Muitos, de acordo com noções modernas de "essencial e não-essencial", sem dúvida diriam que a mera cerimônia de circuncidar ou não circuncidar uma criança não tinha muita importância. Mas não é assim de acordo com a mente de Deus. Era uma questão vital. Afetava o próprio fundamento do cristianismo, os profundos princípios da graça, e toda a questão sobre a relação do homem com Deus. A Epístola de Paulo aos Gálatas é um comentário sobre a história dessa questão.

Não havia rito ou cerimônia que o judeu convertido fosse tão averso a deixar para trás como a circuncisão. Era o sinal e o selo do seu próprio relacionamento com Jeová, e das hereditária bênçãos da aliança com seus filhos. É da opinião de alguns em todas as eras que o "batismo de crianças" foi introduzido pela igreja para atender ao forte preconceito judaico. Mas se isto tivesse sido a pretensão do Senhor, o concílio em Jerusalém seria o próprio lugar para anunciá-lo. Isto acabaria com toda a dificuldade, e resolveria a questão diante deles, e restauraria a paz e unidade entre os duas "igrejas-mãe" [a igreja em Jerusalém, sendo a primeira igreja onde predominavam os judeus, e a igreja em Antioquia, sendo a primeira igreja onde predominavam os gentios, N. do T.]. Mas nenhum dos apóstolos ou dos outros aludiram a isto.

Antes de deixarmos essa importante e sugestiva parte da história do nosso apóstolo, pode ser bom observar certos fatos trazidos em Gálatas 2, mas que não são mencionados em Atos. Foi nesta ocasião que Paulo subiu, por revelação, a Jerusalém com Tito. Em Atos temos a história de Paulo vista de fora, cedendo aos motivos, desejos e objetivos do homem; nas Epístolas temos algo mais profundo - aquilo que governava o coração do apóstolo. Mas Deus sabe como combinar essas circunstâncias externas com a direção interna do Espírito. A liberdade cristã ou a servidão da lei estavam em debate: se a lei de Moisés - em particular, o rito da circuncisão - deveria ser imposta aos gentios convertidos. Paulo, guiado por Deus, sobe a Jerusalém, e leva com ele Tito. Perante a face dos doze apóstolos, e de toda a igreja, ele traz a Tito, que era grego, e que não tinha sido circuncidado. Isto foi um passo ousado - introduzir um gentio, e incircunciso, no próprio centro de um judaísmo intolerante! Mas o apóstolo foi lá por revelação. Ele tinha comunicações positivas, vindas de Deus, sobre o assunto. Foi a maneira divina de decidir a questão, de uma vez por todas, entre ele mesmo e os cristãos judaizantes. Este passo era necessário, como ele diz: "E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós." (Gálatas 2:4-5)

O apóstolo, então, tendo atingido seu principal objetivo, e tendo comunicado seu evangelho aos de Jerusalém, vai embora, com Barnabé, e retorna aos cristãos gentios em Antioquia. Os dois representantes, Judas e Silas, carregando os decretos do concílio, os acompanham. Quando a multidão de discípulos se reuniu e ouviu a epístola lida, se alegraram e foram consolados.

Assim termina o primeiro concílio apostólico, e a primeira controvérsia apostólica. E, pelo que aprendemos desses assuntos em Atos, podemos concluir que a divisão entre os cristãos judeus e gentios tinha sido completamente curada pela decisão da assembleia; mas sabemos, pelas Epístolas, que a oposição do partido judaizante contra a liberdade dos cristãos gentios nem sequer cochilava. Logo começava de novo, e Paulo tinha que, constantemente, confrontar e lutar contra a questão.

sábado, 23 de agosto de 2014

A Conversão de Saulo de Tarso

Nenhum evento no progresso da história da igreja a afeta tão profundamente, ou tão felizmente, quanto a conversão de Saulo de Tarso. De principal dos pecadores ele se tornou o principal dos santos - do mais violento opositor de Cristo ele se tornou o mais zeloso defensor da fé - como inimigo e perseguidor do nome de Jesus na Terra, ele era o "principal"; todos os outros, em comparação a ele, eram subordinados (Atos 9; 1 Timóteo 1).

É bastante evidente, a partir do que ele fala sobre si mesmo, que ele acreditava que o judaísmo era não só divino, mas a perpétua e imutável religião de Deus para o homem. Seria difícil explicar a força de seus preconceitos judaicos sobre qualquer outro princípio. Portanto, todas as tentativas de pôr de lado a religião dos judeus, e de introduzir outra, ele considerava como sendo algo do inimigo, devendo ser arduamente combatidas. Ele tinha ouvido o nobre discurso de Estêvão - ele tinha testemunhado sua morte triunfante - mas sua subsequente perseguição aos cristãos mostrou que a glória moral daquela cena não o havia impressionado de maneira séria em sua mente. Ele foi cegado pelo zelo; mas o zelo pelo judaísmo agora era um zelo contra o Senhor. Neste exato momento ele estava "respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor" (Atos 9:1).

Ouvindo que alguns dos santos perseguidos haviam encontrado um abrigo em Damasco, uma antiga cidade da Síria, ele se convenceu a ir até lá e trazê-los de volta a Jerusalém como criminosos. Para este fim, ele recebeu cartas do sumo sacerdote e do conselho de anciãos, de que ele poderia trazê-los presos a Jerusalém para serem punidos (Atos 22, 26). Ele, então, se torna o próprio apóstolo da malícia judaica contra os discípulos de Jesus - ignorantemente, sem dúvida, mas ele se fez o missionário voluntário deles.

Com sua mente forjada até o tom mais violento do zelo perseguidor, ele segue em sua memorável jornada. Inabalável em seu apego fervoroso pela religião de Moisés, e determinado a punir os convertidos ao cristianismo como apóstatas da fé de seus ancestrais, ele se aproxima de Damasco. Mas lá, na plena energia de sua louca carreira, o Senhor Jesus o detém. Uma luz dos céus, mais forte que a luz do sol, brilha em torno dele, e o subjuga com seu brilho ofuscante. Ele cai por terra - com a vontade quebrada, a mente subjugada, o espírito humilhado, e completamente mudado. Seu coração é agora sujeito à voz que fala com ele. Raciocínio, extenuação e auto-justificação não têm lugar na presença do Senhor.

Uma voz da magnífica glória disse-lhe: "Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues." (Atos 9:4-5). Então o Senhor Jesus, mesmo estando no Céu, declara que Ele próprio é ainda identificado com Seus discípulos na Terra. A unidade da igreja com Cristo, sua Cabeça nos céus, a semente da bendita verdade do "um só corpo", é resumida nessas poucas palavras: "Saulo, Saulo, por que me persegues? ... Eu sou Jesus, a quem tu persegues." Estar em guerra contra os santos é o mesmo que estar em guerra contra o próprio Senhor. Que bendita verdade para o crente, mas quão solene para o perseguidor!

A visão que Saulo tinha visto e a terrível descoberta que ele tinha feito o absorveram completamente. Ele fica cego por três dias, e não pode comer nem beber. Então ele entra em Damasco, cego, quebrantado e humilhado pelo solene juízo do Senhor! Quão diferente daquilo que ele pretendia! Ele agora se une à companhia daqueles que ele tinha resolvido exterminar. No entanto, ele entra pela porta, e humildemente toma seu lugar entre os discípulos do Senhor. Ananias, um discípulo fiel, é enviado para confortá-lo. Ele recebe sua vista de volta, é cheio do Espírito Santo, é batizado, e então é alimentado e fortalecido.

Alguns pensam que o Senhor dá, na conversão de Paulo, não somente uma amostra de Sua longanimidade, como em todo o pecador que é salvo, mas também um sinal da futura restauração de Israel. Paulo nos conta, ele próprio, ter obtido misericórdia porque ele fez tudo aquilo em ignorante incredulidade - e tal será a mesma situação de Israel nos últimos dias quando receber misericórdia. Como nosso próprio Senhor orou por eles: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34). Pedro também diz: "E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes" (Atos 3:17)

Mas, como o apostolado de Paulo difere, em muitos aspectos, do apostolado dos doze, será necessário observá-lo mais um pouco. A menos que essa diferença seja compreendida, o verdadeiro caráter da presente dispensação poderá não ser apreendida de maneira tão consistente.

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