domingo, 8 de julho de 2018

Tomás A. Becket se Opõe ao Rei

A guerra estava então publicamente declarada entre a prerrogativa da coroa e as pretensões da Igreja. A mesma batalha que foi lutada entre Henrique IV da Alemanha e Gregório VII seria agora lutada novamente em terreno inglês pelo rei e o arcebispo. Becket renunciou à chancelaria e devolveu os selos de seu ofício. Ele se retirou dos prazeres da corte, das caças, dos banquetes, dos torneios, da guerra e do conselho, e tornou-se de repente um austero e mortificado monge. Ele vestiu as vestes do monge, uma camisa de pano, e açoitava-se com um flagelo de ferro. Todos os seus bons privilégios foram deixados; ele jejuava no pão e na água, deitava-se no chão duro, e toda noite com suas próprias mãos lavava os pés de treze mendigos. Essa suposta santidade inacessível era sua força para a batalha. As mãos seculares não podiam tocar no santo homem de Deus -- o sumo sacerdote ungido do Senhor. Becket conhecia o personagem: estudou cada dobra de seu caráter.

Henrique ficou espantado, desconfortável e desapontado. Ele tinha promovido seu ministro favorito para a posição ainda mais alta de Arcebispo da Cantuária, para que seus serviços pudessem ser mais eficazes contra o partido romanizante na Inglaterra. Não era uma questão, que fique observado, relativa aos privilégios legais apropriados da igreja da Inglaterra; Henrique não tinha mostrado qualquer disposição de interferir neles. Mas a Igreja tinha mostrado, através das instruções do papa, o mais resoluto propósito de interferir nas liberdades da coroa e de todo o povo da Inglaterra. E o rei não conhecia homem algum em todos os seus domínios capaz de competir em talento e agilidade com os emissários de Roma como seu chanceler e companheiro.

Agora, pensava ele, temos um à frente da igreja, assim como do Estado, que fará boa batalha pelas liberdades da coroa e do povo de sua terra nativa. Mas não foi por esses dignos objetivos que Becket tinha aceitado o anel e o báculo. Desde o momento em que tocou em seu crucifixo episcopal, ele tornou-se o vassalo jurado até a morte da Sé Romana, e o inimigo declarado de cada homem e princípio que se opusesse aos interesses da cátedra (cadeira) de São Pedro. E Henrique logo descobriu que seu competente e flexível chanceler, "de quem esperava apoio e vitória, virou-se contra ele com a mais implacável animosidade, e forçou as pretensões de Roma até um ponto que nunca tinham alcançado antes"*.

{*Eighteen Christian Centuries, de White, p. 275.}

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