domingo, 1 de julho de 2018

Tomás Becket como Chanceler (1158 d.C.)

Pela afabilidade de suas maneiras, a aparente flexibilidade de sua disposição, a agudeza de seus sentidos, e as atrações de sua pessoa, ele logo ganhou a confiança e as afeições do rei, que fez dele sua constante companhia em todos os seus divertimentos e prazeres; mas foi nos assuntos mais sérios do governo que Henrique derivou grande vantagem a partir da sabedoria e prudência de seu chanceler. Suas habilidades, conta-se, como um cortesão realizado, como um líder militar superior, e como um estadista experiente, eram incomparáveis. Ao leitor dos dias atuais, um eclesiástico que era detentor de vários benefícios clericais, sendo ainda um bravo general militar, soa bastante estranho. Mas assim era o tão afamado "santo". Um de seus biógrafos remarca: "Na expedição feita pelo rei Henrique para afirmar seus direito aos domínios dos condes de Toulouse, Becket apareceu à frente de setecentos cavalheiros que o serviam, e em toda exploração aventureira estava o valente chanceler. Um pouco mais tarde, ele foi convocado a reduzir certos castelos que se erguiam contra seu mestre, e frequentemente distinguia-se pela bravura e proezas pessoais: ele retornou a Henrique na Normandia à frente de 2000 cavaleiros e 4000 cavalariços, criados e mantidos pelas suas próprias despesas". Outro autor observa: "Quem pode contar a carnificina, a desolação, que ele causou à frente de um forte corpo de soldados? Ele atacou castelos, arrasou vilarejos e cidades até o pó, queimou casas e fazendas sem o mínimo de piedade, e nunca demonstrou a menor misericórdia àqueles que se levantassem em revolta contra a autoridade de seu mestre"*.

{*Milman, vol. 3, p. 450.}

Os clérigos graves e sérios, mesmo naqueles dias, sem dúvida lamentariam sobre tais coisas no arquidiácono da Cantuária; mas a prática era comum demais para excitar grande surpresa. A dignidade secular, infelizmente, tinha se tornado o grande objeto de ambição de quase todos os clérigos, de modo que poderiam ser encontrados muitos mais que admiravam a conduta de Becket do que os que o lamentavam. Sua riqueza, magnificência e poder excediam a de todos os seus precedentes. Ele foi rei em tudo, menos no nome. O mundo, conta-se, nunca tinha visto dois amigos tão próximos. Mas assim como a amizade do mundo, ou de dois homens egoístas, ambiciosos e inescrupulosos, essa amizade durou apenas enquanto serviu aos seus interesses. Isto veremos agora, e de um modo que raramente já foi testemunhado.

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