Filipe tinha vinte e dois anos de idade, e Otão vinte e três. "No caráter pessoal", dizem os cronistas, "em riqueza, e em número de aderentes, Filipe tinha a vantagem. Ele foi louvado por sua moderação e seu amor pela justiça. Sua mente tinha sido cultivada pela literatura a um grau muito incomum entre príncipes, e seus modos populares contrastavam favoravelmente com o orgulho e aspereza de Otão. Mas Otão era o favorito do grande corpo de clérigos, a quem Filipe era detestável, sendo representante de uma família que era considerada opositora aos interesses da hierarquia clerical."*
{*J.C. Robertson, vol. 3, p. 292.}
Mas -- pode o leitor perguntar -- e quanto ao jovem Frederico, que tinha sido coroado e ungido, e a quem ambos os príncipes e prelados tinham jurado lealdade, e sobre cujos direitos o papa foi generosamente pago para vigiar e cuidar? A única resposta a essa pergunta é encontrada na política secreta, porém pérfida, de Inocêncio. Seu único grande objetivo em permitir, se não em criar, essa grande disputa nacional pela coroa imperial, era a humilhação da arrogante casa da Suábia, de modo que toda consideração dos subordinados deviam ser sacrificados objetivando a limitação desse poder. Mas à consciência elástica do papado nunca faltava um motivo aparentemente piedoso para a perpetração das maiores iniquidades, ou da mais infiel e traiçoeira conduta. Inocêncio não podia negar as reivindicações de Frederico, e portanto faz uma demonstração de alta equidade ao admiti-la. Essa era a voz do dragão. Ele admite a legalidade de sua eleição, e o juramento de lealdade tomado pelos nobres do império. Mas, por outro lado, ele desenterra o fato de que o juramento foi exigido pelo pai antes do filho ter se tornado um cristão pelo batismo. Ele decretou que uma criança de dois anos de idade, não batizado, era uma nulidade: portanto seus juramentos eram nulos e vazios e todas as obrigações para com o jovem herdeiro foram inteiramente deixadas de lado.
Que caráter, podemos exclamar, para a posteridade contemplar! Ele que assumia ser "o representante da justiça eterna e imutável de Deus sobre a terra, absolutamente acima de toda paixão ou interesse", agora absolve todo o eleitorado da Germânia do mais solene juramento de fidelidade ao herdeiro legítimo do reino. Em vez de manter os direitos de sua ala -- a quem ele escreveu quando aceitou o cargo de cuidador de Frederico, "que apesar de Deus o ter visitado pela morte de seu pai e mãe, ele tinha lhe dado um pai mais digno -- Seu próprio vigário na terra; e uma melhor mãe -- a igreja" -- repreendendo os partidos rivais e os persuadindo à paz, o vemos fomentando a animosidade de ambos; vemos a justiça, a verdade, a paz, e toda reivindicação de humanidade, sacrificada na esperança do aumento e consolidação do poder papal. O astuto papa manteve-se por trás da cena, mas era ele que atiçava e alimentava a chama da contenda, sabendo que ambos os partidos seriam obrigados, pela perda de sangue e tesouros, a colocar a causa aos seus pés, e então ele poderia vir como o soberano diretor dos reis, podendo então ditar seus próprios termos. Essas convicções se confirmaram totalmente pelo seguinte juízo dado pelo historiador e decano Milman: "Dez anos de lutas e guerra civil na Alemanha devem ser traçadas como provenientes da obstinação inflexível do Papa Inocêncio III"*.
{* Latin Christianity, vol. 4, p. 33.}
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