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domingo, 9 de outubro de 2022

Lutero visita Roma

Tendo surgido algumas disputas entre o vigário-geral e vários dos mosteiros agostinianos, Lutero foi escolhido como uma pessoa apta para representar todo o assunto perante Sua Santidade em Roma. Era necessário, na sabedoria de Deus, que Lutero conhecesse Roma. Como monge no norte, ele só pensava no papa como o pai santíssimo e em Roma como a cidade dos santos; e esses preconceitos e ilusões só podiam ser dissipados pela observação pessoal: as informações não circulavam naquela época como agora. 

No ano de 1510, sem um tostão e descalço, Lutero cruzou os Alpes. Uma refeição e uma noite de descanso ele pedia nos mosteiros ou nas casas de fazenda enquanto caminhava. Mas mal havia descido os Alpes, quando encontrou mosteiros de mármore e os monges alimentando-se da comida mais suntuosa. Tudo isso era novo e surpreendente para o frugal monge de Wittemberg. Mas quando chegou a sexta-feira, qual foi seu espanto ao encontrar as mesas dos beneditinos repletas de carnes saborosas? Ele ficou tão indignado que se aventurou a dizer: "A Igreja e o papa proíbem essas coisas". Por este protesto, alguns dizem, ele quase pagou com sua vida. Tendo recebido um convite amigável para se retirar, ele deixou o mosteiro, viajou pelas quentes planícies da Lombardia e chegou a Bolonha, gravemente doente. Aqui o inimigo fez com que ele voltasse seus pensamentos para si mesmo, deixando-o muito perturbado com o senso de sua própria pecaminosidade, pois a perspectiva da morte o enchia de medo e terror. Mas as palavras do apóstolo, "o justo viverá pela fé", como um raio de luz do céu, afugentou as nuvens escuras, mudou a corrente de seus pensamentos e restaurou sua paz de espírito. Com o retorno de suas forças, retomou sua jornada, e depois de passar por Florença, e labutando sob um opressivo sol italiano pela longa extensão dos Apeninos, ele finalmente se aproximou da cidade das sete colinas*. 

{* N. do T.: Roma. } 

Devemos prefaciar a entrada de Lutero em Roma lembrando aos nossos leitores que, embora ele tivesse recebido a verdade do evangelho, ele ainda era um papista, e que sua devoção ao papado partilhava da veemência do fanatismo. Roma, para o rude alemão, era a cidade santa, santificada pelos túmulos dos apóstolos, pelos monumentos dos santos e pelo sangue dos mártires. Mas, infelizmente, a Roma da realidade era muito diferente da Roma de sua imaginação. Ao se aproximar dos portões, seu coração batia violentamente. Ele caiu de joelhos e, com as mãos levantadas para o céu, exclamou: "Santa Roma, eu te saúdo! Bem-aventurada Roma, três vezes santificada pelo sangue de teus mártires!" Com todo tipo de termos afetuosos e respeitosos ele saudou assim a metrópole da Cristandade. E sob a influência desse grande entusiasmo ele se apressou para os lugares sagrados, ouvindo todas as lendas pelas quais eles são consagrados; e tudo o que ele viu e ouviu, ele creu com muita devoção. Mas seu coração logo adoeceu com a profanação dos padres italianos. Um dia, quando ele estava repetindo a missa com grande seriedade, ele descobriu que os padres em um altar adjacente já haviam repetido sete missas antes que ele terminasse uma. "Rápido, rápido!" exclamou um deles, "devolva a Nossa Senhora o seu Filho", fazendo uma alusão ímpia à transubstanciação do pão no corpo e sangue de Jesus Cristo. A profanação dificilmente poderia alcançar um tom mais alto. O desencanto de Lutero foi completo, e o propósito de Deus em sua educação foi cumprido. 

Lutero esperava encontrar em Roma uma religião austera. "Sua fronte rodeada de dores, repousando sobre a terra nua, saciando sua sede com o orvalho do céu, vestida como os apóstolos, andando por caminhos pedregosos, e o evangelho debaixo do braço; mas em lugar disso ele viu a triunfal pompa do pontífice; os cardeais em liteiras, a cavalo ou em carruagens, brilhando com pedras preciosas e cobertos do sol por um dossel de penas de pavão. As igrejas esplêndidas, os rituais mais esplêndidos e o esplendor pagão das pinturas eram para Lutero, cujo coração estava pesado com os pensamentos das profanações dos padres, totalmente insuportáveis. O que era a Roma de Rafael, de Michelangelo, de Perugino e de Benvenuto, para o pobre monge alemão, que havia percorrido quatrocentas léguas a pé, esperando encontrar aquilo que aprofundaria sua devoção e fortaleceria sua fé? 

No entanto, tal era o poder da superstição que Lutero recebeu em sua educação, não obstante seu conhecimento das Escrituras e seu amargo desapontamento por Roma, que um dia, desejando obter uma indulgência prometida pelo papa a todos os que subissem de joelhos o que é chamado de escada de Pilatos, lá estava ele humildemente subindo aqueles degraus, que lhe disseram terem sido milagrosamente transportados de Jerusalém para Roma. Foi então que ele pensou ter ouvido uma voz, alta como um trovão, clamando: "O justo viverá pela fé". Espantado, ele se levanta dos degraus pelos quais arrastava o corpo; envergonhado de ver a que profundidade a superstição o havia mergulhado, ele foge com toda a pressa da cena de sua loucura. 

Tendo resolvido o negócio para o qual foi enviado, ele virou suas costas para a cidade pontifícia, para nunca mais lá voltar. "Adeus! Roma", disse ele; "que todos os que desejam levar uma vida santa afastem-se de Roma. Tudo é permitido em Roma, exceto ser um homem honesto." Ele não pensava ainda em deixar a igreja católica romana, mas, perplexo e perturbado, voltou para a Saxônia. 

Logo após o retorno de Lutero a Wittemberg, a pedido urgente de Staupitz, ele obteve o grau de Doutor em Divindade. O Senado também lhe deu o púlpito da igreja paroquial, o que lhe abriu imediatamente uma esfera da maior utilidade. Mas Lutero, alarmado com a responsabilidade, mostrou alguma relutância em aceitar uma dignidade de tal importância espiritual. Como o seu amigo vigário procurou tirar-lhe a hesitação, forçando-o a esse serviço, submeteu-se, e no desempenho das suas funções de púlpito teve a rara oportunidade de pregar a Palavra de Deus e o Evangelho de Cristo nos claustros do seu convento, na capela do castelo, e na igreja colegiada. Sua voz, diz a história, era boa, sonora, eletrizante; suas gesticulações eram simples e nobres. Uma ousada originalidade sempre marcou a mente de Lutero, encantando muitos por suas novidades e dominando outros por sua força. Ele adquirira nos últimos quatro ou cinco anos um conhecimento respeitável tanto do grego quanto do hebraico; ele havia lido profundamente o Novo Testamento; ele estava plenamente seguro de que a justificação pela fé era a verdadeira doutrina do evangelho; que a Palavra de Deus era o meio primário e fundamental para o reavivamento e reforma da igreja. 

Do ano de 1512 ao memorável ano de 1517, Lutero foi um arauto intrépido da Palavra de vida. Em todas as coisas ele desejava apenas conhecer a verdade, livrar-se e expulsar de si as falsidades e superstições de Roma. E assim deixamos Lutero por um tempo, engajado em sua gloriosa obra, enquanto nos voltamos por alguns momentos ao estado de coisas na igreja que trouxe Johann Tetzel e suas indulgências para as redondezas de Wittemberg.* 

{*D'Aubigné, vol. 1. Short Studies, de Froude, vol. 1. Reformation, de Waddington, vol. 1. Universal History, vol. 6, de Bagster e Filhos.} 

(Fim do Capítulo 33)

domingo, 27 de setembro de 2020

Os Missionários Valdenses

Com o duplo objetivo de espalhar a pura verdade do evangelho e de encontrar novos e mais pacíficos assentamentos, muitos deles, no final do século XIV, deixaram seus vales nativos e se estabeleceram na Suíça, Morávia Boêmia, várias partes da Alemanha, e provavelmente na Inglaterra. Mas a mais extensa dessas colônias foi formada na Calábria no ano de 1370. Sendo pacíficos em seus modos, industriosos em seus hábitos e estritamente morais em todos os seus caminhos, eles logo ganharam a confiança de seus senhores feudais e o afeto de seus vizinhos. Os senhores do país viram suas terras enriquecidas e fertilizadas pela lavoura superior dos novos colonos, e concederam-lhes muitos privilégios.

Eles foram autorizados a convidar pastores da igreja matriz nos Alpes e a introduzir professores para seus filhos. Mas essa prosperidade temporal e espiritual, com tanto conforto social, era uma ofensa intolerável para o mau-olhado do papado. Os padres rosnaram e murmuraram muito. Eles reclamaram com os senhores feudais que os estranhos não se conformavam com os ritos da igreja romana; que eles não guardavam missas para o repouso de seus mortos, que eram hereges. Os senhores, porém, não estavam dispostos a ouvir os padres. "Eles são um povo muito justo e honesto", disseram eles, "todos sabem que são temperantes, industriosos e, em suas palavras, peculiarmente decentes. Quem já os ouviu proferir uma expressão blasfema? E enquanto enriquecem nossas terras e pagam seus aluguéis pontualmente, não vemos razão para condená-los. "

Em todos os países e em todas as épocas, os sacerdotes de Roma foram os maiores inimigos da religião pura e simples da Bíblia; e também da educação, da tolerância, da luz, da liberdade e de toda forma de melhoria social. Seu poder, seus interesses, sua sensualidade e todas as suas paixões malignas são necessariamente expostas e minadas pela introdução da luz ou pela tolerância da liberdade. Mas os interesses temporais dos senhores os levaram a proteger seus inquilinos e mantê-los em seus privilégios. Temos aqui uma das passagens misteriosas da providência divina, sobre a qual a mente se deleita em se demorar um pouco. Por quase duzentos anos, esses não-conformistas foram autorizados a permanecer e se multiplicar nos distritos da Calábria, nos arredores de Roma. Mas, por fim, o papa ouviu as queixas dos padres, e a nuvem negra, que há muito se formava nas planícies pacíficas da Calábria e da Apúlia, irrompeu sobre eles com toda a sua fúria.

domingo, 13 de setembro de 2020

O Papado como um Sistema

A Palavra de Deus, que pode tornar os homens sábios para a salvação, foi tirada do povo. Nem mesmo os bispos se envergonhavam de confessar que nunca haviam lido nenhuma parte das Escrituras Sagradas, exceto as que encontravam em seus missais. O serviço religioso era murmurado em uma língua morta, que muitos dos padres não entendiam, e alguns deles mal podiam ler; e o maior cuidado foi tomado para evitar que até mesmo catecismos, compostos e aprovados pelo clero, caíssem nas mãos dos leigos. O sacrifício da missa era representado como a obtenção do perdão dos pecados aos vivos e aos mortos; e as consciências dos homens foram privadas do precioso sacrifício, a obra consumada do Senhor Jesus Cristo. E em vez disso foi colocada uma confiança ilusória nas absolvições sacerdotais, perdões papais e penitências voluntárias.

"Eles eram ensinados", disse o eminente historiador de John Knox, "que se regularmente dissessem suas aves e credos, se confessassem a um sacerdote, pagassem pontualmente seus dízimos e ofertas à igreja, comprassem uma missa, fossem em peregrinação ao santuário de algum santo célebre, se abstivessem de carne às sextas-feiras, ou realizassem algum outro ato prescrito de mortificação corporal, a salvação deles estaria infalivelmente garantida em seu devido tempo; enquanto aqueles que eram tão ricos e tão piedosos a ponto de construir uma capela ou um altar e doá-lo para o sustento de um sacerdote, para realizar missas, obituários e hinos fúnebres, proporcionava uma amenização das dores do purgatório para eles ou para seus parentes na proporção da extensão de sua generosidade. É difícil para nós conceber o quão vazios, ridículos e miseráveis ​​eram os discursos que os monges faziam em seus sermões. Contos lendários sobre o fundador de alguma ordem religiosa, sua maravilhosa santidade, os milagres que ele realizou, seus combates com o diabo, suas penitências, jejuns, flagelações; as virtudes da água benta, crisma, sinal da cruz e exorcismo; os horrores do purgatório, e os números daqueles liberados disso por meio da intercessão de algum santo poderoso; isso tudo, com gracejos baixos, discursos de vanglória e escândalos constituíam os tópicos favoritos dos pregadores e eram servidos ao povo no lugar das doutrinas puras, salutares e sublimes da Bíblia.

"Os leitos dos moribundos eram sitiados, e seus últimos momentos perturbados, por padres avarentos que labutavam para extorquir heranças para si próprios ou para a igreja. Não satisfeitos com a cobrança do dízimo dos vivos, uma exigência foi feita aos mortos: mal o pobre lavrador tivesse dado o último suspiro, o vigário voraz logo vinha e levava consigo seu corpo presente – isto é, um presente do cadáver para o vigário, o que ele fazia sempre que a morte visitava a família.* As censuras eclesiásticas eram fulminadas contra aqueles relutantes em fazer esses pagamentos, ou que se mostrassem desobedientes ao clero. O serviço divino era negligenciado; e, exceto em dias de festas, as igrejas, em muitas partes do país, não eram mais utilizadas para fins sagrados, mas serviam como santuários para malfeitores, locais de tráfico ou resorts para passatempos.

{* O corpo presente era o privilégio do vigário em caso de morte. Nas paróquias rurais, consistia na melhor vaca que pertencia ao falecido e na cobertura superior de sua cama, ou nas melhores roupas da pessoa morta. E esta exigência, que era feita com grande rigor na Escócia e em outros lugares, era separada das taxas comuns exigidas para o enterro do corpo e para a libertação da alma do purgatório. N. do. T.: Esse costume não deve ser confundido com a “missa de corpo presente” adotada pela Igreja Católica no Brasil.}

"A perseguição e a supressão do livre questionamento foram as únicas armas pelas quais seus partidários interessados ​​foram capazes de defender esse sistema de corrupção e impostura. Todas as vias pelas quais a verdade pudesse entrar foram cuidadosamente guardadas. O aprendizado foi rotulado como o pai da heresia. Se qualquer pessoa que tivesse atingido um certo grau de iluminação em meio à escuridão geral começasse a sugerir insatisfação com a conduta dos religiosos e a propor a correção dos abusos, era imediatamente estigmatizado como herege e, se não garantisse sua segurança por meio da fuga, era aprisionado em uma masmorra, ou entregue às chamas. E quando finalmente, apesar de todas as suas precauções, a luz que brilhava ao redor irrompeu e se espalhou por toda a nação, o clero preparou-se para adotar as mais desesperadas medidas sangrentas para sua extinção."

Será agora desnecessário rastrear a origem e o progresso do papado em outras terras. O esboço acima da condição das coisas na Escócia, do século XIII ao século XVI, pode ser suficiente para ilustrar o estado de toda a Europa, e para o propósito da história. Como sistema, é o mesmo em todas as eras e em todos os países. Seu grande dogma sempre foi: a Unidade da Igreja Católica Romana. Seja nas vizinhanças imediatas de Roma ou nas regiões distantes do norte, seu espírito é o mesmo, e deve ser assim até que chegue ao seu fim pelo julgamento direto do próprio Senhor do céu. “Quanto ela se glorificou, e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto; porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, e não sou viúva, e não verei o pranto. Portanto, num dia virão as suas pragas, a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo; porque é forte o Senhor Deus que a julga.” (Apocalipse 18: 7-8)

Os Efeitos da Riqueza no Clero

Antes da Reforma, de acordo com os relatos mais confiáveis, mais da metade da riqueza da Escócia pertencia ao clero, e a maior parte dela estava nas mãos de alguns indivíduos. O efeito de tal estado de coisas, como sempre foi em todas as épocas e países, foi a corrupção de toda a ordem do clero e de todo o sistema religioso. "Avareza, ambição e amor à pompa secular reinavam entre as ordens superiores. Bispos e abades rivalizavam com a primeira nobreza em magnificência e os precediam em honras; eles eram conselheiros particulares e senhores de sessão, bem como do parlamento, e há muito ocupavam os principais cargos do estado. Um bispado ou abadado vago atraía competidores poderosos, que disputavam por ele como por um principado ou pequeno reino. Benefícios inferiores eram postos à venda abertamente ou concedidos a lacaios analfabetos e indignos da corte, a jogadores de dados, bardos ambulantes e filhos naturais de bispos. Os bispos nunca, em nenhuma ocasião, condescendiam em pregar; desde o estabelecimento do Episcopado Escocês regular até a era da Reforma, a história menciona apenas um exemplo de bispo pregando, e esse foi Dunbar, arcebispo de Glasgow, com o propósito de excluir o reformador, George Wishart."

A vida do clero, corrompida pela riqueza e pela ignorância, tornou-se um tal escândalo para a religião, e um tal ultraje à decência, que não podemos transferir para nossas páginas a descrição do historiador mais meticuloso. Mas todos os historiadores concordam, tanto católicos quanto protestantes, que os mosteiros e todas as casas religiosas se tornaram berçários de superstição e ociosidade e, em última análise, locais de lascívia e perversidade. Ainda assim, era considerado ímpio e sacrílego falar em reduzir seu número ou alienar seus fundos. "O reino fervilhava de monges ignorantes, ociosos e luxuriosos, que, como gafanhotos, devoravam os frutos da terra e enchiam o ar de infecções pestilentas; com frades, brancos, negros e cinzentos; cônegos regulares, carmelitas, cartuxos, cordeliers, dominicanos, conventuais franciscanos e observantes, jacobinos, premonstratenses, monges de Tyrone e de Vallis Caulium, e hospitalários ou Cavaleiros Sagrados de São João de Jerusalém, freiras de São Austin, Santa Clara, Santa Escolástica e Santa Catarina de Siena, com canonisas de vários clãs."*

{* Veja uma descrição gráfica do estado da religião na Escócia antes da Reforma, em Life of John Knox do Dr. McCrie, pp. 7 - 13.}

Sem um conhecimento adequado do estado da Cristandade antes da Reforma, seria impossível formar uma estimativa justa da necessidade e importância dessa revolução misericordiosa. Com o tempo que se passou e com um estado de sociedade tão mudado diante de nós, é difícil acreditar que abusos tão enormes prevaleceram na igreja. Das doutrinas do Cristianismo quase nada restou além do nome. Ao mesmo tempo, acreditamos firmemente que o Senhor tinha os que são Seus ocultos -- Suas verdadeiras testemunhas, que choraram sobre os maus caminhos e a intolerância do alto e dominante partido. O próprio Senhor, em Seu discurso a Tiatira, fala de um remanescente então separado das corrupções de Jezabel, e que suas boas obras aumentaram à medida que a escuridão se adensou. "Eu conheço as tuas obras, e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que as tuas últimas obras são mais do que as primeiras" (Apocalipse 2:19). A vida, fé e obras desse remanescente foram sem dúvida reguladas pela palavra de Deus; mas esta mesma circunstância garantiu sua obscuridade e sua ausência das páginas da história. A linha prateada da graça soberana de Deus nunca poderia ser interrompida, e dezenas de milhares das eras mais tenebrosas refletirão a glória dessa graça para sempre. Em silêncio, eles cumpriram sua missão pacífica, e pacificamente saíram de cena, mas não deixaram nenhum registro de seus trabalhos de amor nas páginas do historiador. Não é assim com o orgulhoso, o ambicioso, o fanático, o hipócrita: todos esses se destacam nas páginas da história eclesiástica. Mas há outro tribunal, além do julgamento histórico pela posteridade, perante o qual ambos deverão comparecer e ser avaliados pelo próprio padrão de Deus.

Mas voltemos ao nosso tema -- o estado da religião na Escócia antes da Reforma.

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