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domingo, 19 de janeiro de 2020

O Cerco de Toulouse

Da pilha ardente de quatrocentos seres humanos e dos enforcamentos de vários senhores nobres, o campeão da Igreja, Simão de Monforte, avançou para o cerco de Toulouse. Suas numerosas conquistas tinham feito mais para inflamar do que para satisfazer sua "avidez indisfarçada". Ele esperava acrescentar a seus bens o senhorio de Toulouse e, assim, elevar-se ao nível dos príncipes soberanos. O bispo Fouquet estava em seu acampamento. Esse novo bispo de Toulouse, colocado lá para se adequar ao propósito do papa, é mencionado pelos historiadores como um dos homens mais traiçoeiros, cruéis, sanguinários e sem escrúpulos que já viveram sobre a Terra. Rabenstein foi deposto para que ele tomasse seu lugar, de modo que pudesse trabalhar, de dentro dos portões, a ruína do conde, enquanto os inquisidores e cruzados o faziam do lado de fora. Mas, apesar de toda a perfídia do papa e da bravura de Simão, a maré da sorte estava ao lado de Raimundo. O conde de Toulouse, sob a severa disciplina de uma prolongada calamidade, mostrou que era realmente dotado de coragem e força de caráter. Ele se cercou de seus aliados com seus seguidores, que defenderam a cidade, e também fez ousadas arremetidas por meio de sua guarnição, de tal modo que Simão foi obrigado a encerrar o cerco. Este, no entanto, se vingou devastando os jardins, vinhedos e campos. O estado das coisas agora estava completamente alterado. Raimundo, em vez de agir na defensiva, tornou-se um agressor ativo e enérgico e, antes de decorridos alguns meses, recuperou a maioria dos lugares que haviam sido ocupados pelos cruzados. O princípio feudal dos quarenta dias* causou flutuações contínuas no exército de Simão e, sem dúvida, o impediu de melhorar suas vantagens ao máximo, de modo que seus sucessos foram prejudicados por reveses ocasionais. O triunfo de Raimundo, no entanto, foi apenas uma prorrogação temporária e o prelúdio de uma terrível derrota.

{* Que obrigava os vassalos a servirem por apenas quarenta dias. }

Uma nova cruzada foi pregada na Alemanha e no norte da França; muitos aventureiros, treinados nas guerras da Alemanha e do Oriente, se juntaram ao novo exército. Todas as bênçãos temporais em uma bela região, e, finalmente, o céu, induzia um grande número de pessoas a assumir a cruz dos cruzados. Os arcebispos de Reims e Rouen, os bispos de Paris, Laon e Toul, todos estavam com eles, e Guilherme, arquidiácono de Paris, era o engenheiro chefe do exército. Os pobres e desencorajados albigenses, enquanto se aproximava tal miríade de exércitos, fugiram do campo aberto e buscaram refúgio entre os bosques e montanhas ou nas grandes cidades. Raimundo, sentindo sua própria fraqueza, buscou uma aliança com seu parente Dom Pedro, rei de Aragão, e o galante espanhol prometeu seu apoio; mas antes de se envolver na guerra, fez um apelo ao papa em favor de Raimundo.

Movido pelo apelo do rei e ficando com inveja do crescente poder de De Monforte, o papa, por um momento, pareceu disposto a alterar o rumo de sua política. Ele demonstrou seu descontentamento com os legados: "Eles", disse, "colocaram as mãos em territórios que nunca haviam sido poluídos com heresia". Portanto, ordenou a restituição das terras dos condes de Foix e Comminges e de Gastão de Beam, e também suspendeu suas indulgências aos cruzados. Mas toda essa aparência de justiça ou piedade provinha de um mero sentimento de inveja da mente do papa. Ele logo revogou todas as suas próprias concessões. As cartas de seus legados e inquisidores chegaram absolutamente furiosas -- "Arme-se, meu senhor papa, com o zelo de Fineias; aniquile Toulouse, essa Sodoma, essa Gomorra, com todos os desgraçados que nela há; que nem o tirano, o herege Raimundo, nem mesmo seu jovem filho, levantem suas cabeças, que já estão mais que meio esmagadas, então esmague-as até o final. A purificação de Languedoque não se completará até que a cidade de Toulouse seja arrasada e os cidadãos sejam cortados ao fio da espada. Se os Raimundos puderem erguer a cabeça, tomarão para si outros sete demônios piores que o primeiro. Que a sua sabedoria apostólica triunfe sobre esse mal; não retenha a sua mão desta obra santa e piedosa até que a serpente de nosso Moisés tenha engolido as serpentes desse Faraó; até que os jebuseus com todos os incircuncisos e impuros sejam dispersos, e seu povo se regozije na posse tranquila da terra da promessa."

domingo, 8 de dezembro de 2019

A Região de Albi

O nome de Languedoque foi dado a essas províncias remotas do reino por causa da linguagem rica, melodiosa e flexível que era então comum ali. No que diz respeito ao refinamento, à riqueza e à liberdade, tanto política quanto religiosa, eles ultrapassavam todo o resto da França. A antiga civilização romana ainda prevalecia nos vales de Languedoque e Provença. Os chefes feudais, especialmente os condes de Toulouse e de Foix, embora tivessem o rei como senhor supremo, possuíam e exercitavam autoridade soberana em seus próprios domínios. Pelo favor de Raimundo e pela indiferença dos outros chefes, essa bela região tinha avançado muito mais rapidamente em direção à civilização do que qualquer outra parte da Europa, mas essa civilização, como observa Milman, era inteiramente independente, ou até mesmo hostil, à influência eclesiástica. A maldição do papado, como vimos muitas vezes, não é apenas ruinosa às almas dos homens, como também é destrutiva para todo o progresso nas artes da vida e na civilização em geral. Até mesmo a face de um país católico parece ter sido atingida por sua influência devastadora. As mentes teriam se mantido ignorantes, supersticiosas e escravizadas se o papado tivesse florescido ali. Mas, por um longo tempo, os habitantes de Languedoque tinham sido deixados sem serem molestados pela hierarquia de Roma, e, como consequência natural, suas cidades estavam cheias de uma comunidade pacífica, trabalhadora e rica.

Mas, por outro lado, como era tão natural, na mesma proporção em que a Palavra de Deus e as opiniões liberais prevaleciam, a igreja de Roma e o clero afundavam em grande desonra. Nobres e cavaleiros não mais permitiam que seus filhos fossem educados pela igreja, e nem mesmo os filhos de seus servos. Igualmente odiados pela nobreza e pelo povo comum por sua conduta gananciosa e sem princípios, os padres não conseguiam oferecer resistência ao progresso das novas opiniões. Eles não mais temiam o alegado poder espiritual dos padres, e estes eram desprezados por sua sensualidade. Eles se tornaram o canto e chacota dos trovadores. O abuso que faziam dos órfãos, a trapaça que faziam para com as viúvas, a desonestidade deles, a glutonaria e a embriaguez, eram proverbiais e inegáveis. "Tanto eram eles conscientes de sua rejeição", diz Robertson, "que chegavam a esconder sua tonsura, puxando o cabelo da nuca por cima dela." O mais simples mendigo, ao ouvir sobre alguma ação escandalosa, tinha o hábito de dizer: "Prefiro ser padre do que ser culpado de tal ato". Tão numerosos eram os que se apartavam de Roma que constituíam a maior parte da população. Os judeus também eram numerosos e ricos; e, é claro, havia também um bom número de indivíduos que não eram propriamente de nenhuma seita, e que povoavam as cidades florescentes de Languedoque; mas nos referiremos a todos eles, de agora em diante, sob o nome comum de albigenses.

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