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domingo, 9 de fevereiro de 2020

Os Conquistadores Brigam Entre Si

A conquista parecia estar completa, e os conquistadores começaram a dividir os espólios; mas Arnaldo e De Monforte brigaram pela coroa ducal de Narbona. Ambos reivindicavam o ducado. O legado (Arnaldo) tinha assumido o arcebispado de Narbona, e ele afirmava que os direitos de soberania secular estariam a isso vinculados, mas De Monforte, que tomou para si o título de Duque de Narbona, indignou-se que um padre pudesse reivindicar essa autoridade secular que ele declarava ser toda sua, como príncipe e soberano de toda aquela terra. A disputa ficou séria. Simão, chamando Arnaldo e todos os seus seguidores de hereges, invadiu e tomou posse da cidade pela força de seu exército; o legado, exercendo sua autoridade espiritual, excomungou o grande cruzado e colocou todas as igrejas da cidade sob interdito. O papa, considerando com inveja o poder formidável desses grandes rivais, e não sentindo ser conveniente interferir sozinho nesse conflito, convocou, em 1215 d.C., o quarto Concílio de Latrão, de modo a pôr fim à cruzada contra os albigenses, e, finalmente, dispor dos territórios conquistados.

Esse foi o concílio mais numeroso já realizado na Cristandade. Mas não devemos nos aventurar nem mesmo na mais superficial descrição de seus procedimentos. Vamos apenas observar o que diz respeito ao assunto que estamos tratando: "Raimundo e seu filho, acompanhados pelos condes de Foix e de Comminges, com muitos outros nobres de Languedoque, foram recebidos na presença do papa, que se sentava entre seus cardeais e outros prelados. Eles se ajoelharam perante ele: o jovem Raimundo apresentou cartas de seu tio, o rei da Inglaterra. O monarca inglês expressou sua indignação pela usurpação da herança de Raimundo por Simão de Monforte. O papa ficou comovido com a beleza e graciosidade do jovem príncipe, pensou em seus erros e derramou lágrimas." Esse jovem nobre da antiga casa ancestral de Toulouse, que estava ligado, seja pelo sangue ou pelo casamento, a todos os soberanos da Europa, e que nunca tinha sido acusado da mácula da heresia, tinha sido roubado e despojado pelos agentes do papa, e levado ao exílio. O filho foi seguido pelo pai e pelos outros condes, que reclamaram da injustiça do legado e de De Monforte, da pilhagem de sua terras e do massacre sem escrúpulos de seus súditos. As enormes crueldades de Fouquet foram relatadas por todas as testemunhas, que o denunciaram como sendo o destruidor de mais de dez mil dentre o rebanho confiado aos seus cuidados pastorais.

Algo parecido com pena parecia ter tocado, por um momento, o coração de Inocêncio ao ouvir os depoimentos de tantas nobres testemunhas, todos católicos professos. Muitos membros do concílio também foram tocados com remorso, e falaram a favor dos príncipes conquistados. Mas essa tendência a algo parecido com justiça da parte do concílio levou os partidários de Simão à mais veemente indignação. Eles asseguraram à "Sua Santidade" que, se o legado e De Monforte fossem obrigados a entregar os territórios e feudos que conquistaram, ninguém dali em diante jamais embarcaria novamente na causa da igreja, ninguém jamais se colocaria novamente em perigo em sua defesa. Ainda assim, o papa parecia disposto a ouvir as reclamações dos príncipes, e, levantando sua voz, disse: "Dou permissão a Raimundo de Toulouse e a seus herdeiros de recuperarem suas terras e seus feudos de todos os que os tomaram injustamente". Os prelados ficaram furiosos. O papa ficou consternado diante do poder que tinha criado, e pelo qual ele era agora obrigado a exercer a injustiça. De Monforte foi confirmado em todas as suas conquistas, com exceção do Condado Venaissino, que foi reservado para o jovem Raimundo se sua conduta satisfizesse o legado. Filipe Augusto, rei da França, concordando com a sentença, concedeu a Simão de Monforte a investidura dos condados de Toulouse, de Béziers e de Carcassona, e do ducado de Narbona. Simão estava então no trono que ele tinha alcançado por meio da opressão, da tirania e do sangue. Ele foi proclamado soberano de Toulouse e general dos exércitos de Deus, o filho querido da igreja. O clero e o povo foram saudá-lo com a seguinte saudação blasfema: "Bendito aquele que vem em nome do Senhor". Mas o triunfo dos ímpios dura pouco; seu fim e sua recompensa eterna estavam próximos.

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