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domingo, 8 de julho de 2018

A Constituição de Clarendon

Tendo recebido uma resposta afirmativa da hierarquia papal, o rei convocou um grande concílio do reino em Clarendon, um palácio real perto de Salisbúria, para ratificar a concessão. O objetivo do rei era paz. A lei do país tinha sido em todo lugar desafiada pela Igreja, o exercício da justiça foi interrompido, e o país ameaçou entrar em uma guerra civil. O rei tinha as leis e os costumes elaborados na devida forma legal para serem assinados pelos barões leigos e pelos bispos, na esperança de resolver a disputa entre a coroa e a Igreja. Se foi por medo da ira do rei, ou por política, ou por traição, é difícil dizer; mas o arcebispo fez o juramento e assinou as celebrada "Constituição de Clarendon", sendo seguido pelos demais bispos. Assim eles escaparam das mãos do rei e dos barões. Mas está perfeitamente claro que Becket nunca, por nenhum momento, pretendia obedecer às leis que ele tão solenemente selou e jurou manter para a honra do rei. Ele conhecia o remédio para o pior perjúrio. Nenhum momento podia ser perdido: ele fez saber ao papa o que ele tinha relutantemente feito, e dentro de um mês recebeu uma condenação formal das "Constituições", com letras que diziam: "absolvendo-o de todos os compromissos contrários aos cânones, e um mandato a todos os bispos e prelados do reino para que rompam sem escrúpulos quaisquer promessas de natureza semelhante que possam ter assinado."

Poderia haver um perjúrio mais deliberado, ou uma dissimulação mais friamente perpetrada? E isso por alguém que tinha a posição mais alta na Igreja e mais próxima da pessoa de seu mestre real? Dói o coração ao transcrevermos tal ousada e desalentadora perversidade. Certamente, não há maior iniquidade do que aquela que se encobre sob o nome de Jesus e do cristianismo. Tais revelações nos dão as ideias mais dolorosas sobre o espírito maligno do papado. O pior dos crimes, tanto para com Deus quando para com o homem, é justificável se promoverem o poder e a grandeza mundana da Igreja.  Quando, e em que circunstâncias -- podemos perguntar, tendo tais fatos diante de nós -- podia o papista ser de confiança? Somos gratos por não sermos seus juízes, mas Deus há de julgar a humanidade. "Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos." (Atos 17:31)

O arcebispo, que ganhara a confiança e se familiarizara com cada sentimento do coração do rei, manteve o papa plenamente informado de tudo o que se passava entre eles, de modo que ele soubesse bem quando devia alegrar o rei e quando seu zeloso ministro. Mas certamente esta é a mais vil de todas as traições da parte de um servo, e a mais injusta conduta da parte de seu guia espiritual. Mas nenhum homem pode servir a dois mestres. Ele deve ser o traidor de um deles; e assim foi nesse caso, sendo um dos casos de tez mais tenebrosas de que se há registros. Tão logo o primaz colocou seu selo nas "Constituição de Clarendon", o papa Alexandre já tomou conhecimento de que ele não honraria seu compromisso. "O veneno não foi engolido antes que o antídoto estivesse em seus lábios"*.

{*Cathedra Petri, livro 12, vol. 5, p. 219. Veja também um relato completo de toda a disputa em History o Latin Christianity, de Milman, vol. 3, pp. 434-528. O primeiro pode ser considerada a visão constitucional, e o segundo a histórica, dessa longa disputa.}

domingo, 14 de janeiro de 2018

As Demais Cruzadas (1195 - 1270 d.C.)

A quarta cruzada, que foi iniciada em 1195 pelo imperador Henrique VI, foi mais política do que religiosa. Ela tinha em vista, não tanto a libertação da Terra Santa, mas sim a destruição do império grego. Mas após alguns combates bem-sucedidos, Henrique morreu, e os alemães resolveram voltar para casa. O papa Celestino III, que instou a expedição, viveu após a morte do imperador apenas alguns meses. Ele morreu em 1198 d.C.

Descrever a quinta e a sexta cruzada envolveria muita repetição, mas a sétima e oitava merecem algumas palavras.

Luís XI, rei da França, que é comumente conhecido pelo nome de São Luís, acreditava que tinha sido curado de uma doença grave pelos céus para realizar a recuperação da Terra Santa. Nada podia dissuadi-lo de realizar seu voto. Após quatro anos de preparação, ele navegou para o Chipre em 1249, acompanhado por sua rainha, seus três irmãos, e todos os cavaleiros da França. Após alguns sucessos emocionantes e a tomada de Damieta, ele foi derrotado e levado cativo juntamente com dois de seus irmãos. O Conde da Salisbúria, que o tinha acompanhado, com quase todos os seus seguidores ingleses, pereceram. A peste e a fome começaram a fazer o seu terrível trabalho entre os francos; a dificuldade aumentou; a frota foi destruída; e os sarracenos, em vastos números, pairavam em torno deles. A liberdade do rei foi, com o tempo, comprada por uma grande quantia e uma trégua foi conseguida para dez anos. Após visitar em segredo alguns dos lugares sagrados, ele voltou para a França. Mas em meio a todos os labores do governo em sua casa, o piedoso Luís nunca esqueceu seu voto de cruzada. Ele se assombrava com a ideia de que tinha sido confiado pelo céu para essa grande missão.

Por fim, em 14 de março de 1270 d.C., ele deu início a sua segunda e à oitava cruzada. Ele estava tão fraco que mal conseguia suportar sua armadura ou permanecer por muito tempo montado no cavalo. Mas mal ele chegou com seu exército nas costas da África, e então todas as suas visões otimistas se foram. As tropas do Sultão, o clima, a necessidade de água e comida, começaram a produzir seus tristes efeitos. Seu exército foi quase totalmente destruído, e o próprio Luís, com seu filho, João Tristão, faleceram no mês de agosto. Os sobreviventes retornaram à Europa; e assim terminaram essas guerras santas, deixando o declarado objetivo dos cruzados tão distante quanto antes dos dias de Pedro, o Eremita.

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