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domingo, 8 de dezembro de 2019

A Região de Albi

O nome de Languedoque foi dado a essas províncias remotas do reino por causa da linguagem rica, melodiosa e flexível que era então comum ali. No que diz respeito ao refinamento, à riqueza e à liberdade, tanto política quanto religiosa, eles ultrapassavam todo o resto da França. A antiga civilização romana ainda prevalecia nos vales de Languedoque e Provença. Os chefes feudais, especialmente os condes de Toulouse e de Foix, embora tivessem o rei como senhor supremo, possuíam e exercitavam autoridade soberana em seus próprios domínios. Pelo favor de Raimundo e pela indiferença dos outros chefes, essa bela região tinha avançado muito mais rapidamente em direção à civilização do que qualquer outra parte da Europa, mas essa civilização, como observa Milman, era inteiramente independente, ou até mesmo hostil, à influência eclesiástica. A maldição do papado, como vimos muitas vezes, não é apenas ruinosa às almas dos homens, como também é destrutiva para todo o progresso nas artes da vida e na civilização em geral. Até mesmo a face de um país católico parece ter sido atingida por sua influência devastadora. As mentes teriam se mantido ignorantes, supersticiosas e escravizadas se o papado tivesse florescido ali. Mas, por um longo tempo, os habitantes de Languedoque tinham sido deixados sem serem molestados pela hierarquia de Roma, e, como consequência natural, suas cidades estavam cheias de uma comunidade pacífica, trabalhadora e rica.

Mas, por outro lado, como era tão natural, na mesma proporção em que a Palavra de Deus e as opiniões liberais prevaleciam, a igreja de Roma e o clero afundavam em grande desonra. Nobres e cavaleiros não mais permitiam que seus filhos fossem educados pela igreja, e nem mesmo os filhos de seus servos. Igualmente odiados pela nobreza e pelo povo comum por sua conduta gananciosa e sem princípios, os padres não conseguiam oferecer resistência ao progresso das novas opiniões. Eles não mais temiam o alegado poder espiritual dos padres, e estes eram desprezados por sua sensualidade. Eles se tornaram o canto e chacota dos trovadores. O abuso que faziam dos órfãos, a trapaça que faziam para com as viúvas, a desonestidade deles, a glutonaria e a embriaguez, eram proverbiais e inegáveis. "Tanto eram eles conscientes de sua rejeição", diz Robertson, "que chegavam a esconder sua tonsura, puxando o cabelo da nuca por cima dela." O mais simples mendigo, ao ouvir sobre alguma ação escandalosa, tinha o hábito de dizer: "Prefiro ser padre do que ser culpado de tal ato". Tão numerosos eram os que se apartavam de Roma que constituíam a maior parte da população. Os judeus também eram numerosos e ricos; e, é claro, havia também um bom número de indivíduos que não eram propriamente de nenhuma seita, e que povoavam as cidades florescentes de Languedoque; mas nos referiremos a todos eles, de agora em diante, sob o nome comum de albigenses.

domingo, 1 de julho de 2018

Tomás Becket como Chanceler (1158 d.C.)

Pela afabilidade de suas maneiras, a aparente flexibilidade de sua disposição, a agudeza de seus sentidos, e as atrações de sua pessoa, ele logo ganhou a confiança e as afeições do rei, que fez dele sua constante companhia em todos os seus divertimentos e prazeres; mas foi nos assuntos mais sérios do governo que Henrique derivou grande vantagem a partir da sabedoria e prudência de seu chanceler. Suas habilidades, conta-se, como um cortesão realizado, como um líder militar superior, e como um estadista experiente, eram incomparáveis. Ao leitor dos dias atuais, um eclesiástico que era detentor de vários benefícios clericais, sendo ainda um bravo general militar, soa bastante estranho. Mas assim era o tão afamado "santo". Um de seus biógrafos remarca: "Na expedição feita pelo rei Henrique para afirmar seus direito aos domínios dos condes de Toulouse, Becket apareceu à frente de setecentos cavalheiros que o serviam, e em toda exploração aventureira estava o valente chanceler. Um pouco mais tarde, ele foi convocado a reduzir certos castelos que se erguiam contra seu mestre, e frequentemente distinguia-se pela bravura e proezas pessoais: ele retornou a Henrique na Normandia à frente de 2000 cavaleiros e 4000 cavalariços, criados e mantidos pelas suas próprias despesas". Outro autor observa: "Quem pode contar a carnificina, a desolação, que ele causou à frente de um forte corpo de soldados? Ele atacou castelos, arrasou vilarejos e cidades até o pó, queimou casas e fazendas sem o mínimo de piedade, e nunca demonstrou a menor misericórdia àqueles que se levantassem em revolta contra a autoridade de seu mestre"*.

{*Milman, vol. 3, p. 450.}

Os clérigos graves e sérios, mesmo naqueles dias, sem dúvida lamentariam sobre tais coisas no arquidiácono da Cantuária; mas a prática era comum demais para excitar grande surpresa. A dignidade secular, infelizmente, tinha se tornado o grande objeto de ambição de quase todos os clérigos, de modo que poderiam ser encontrados muitos mais que admiravam a conduta de Becket do que os que o lamentavam. Sua riqueza, magnificência e poder excediam a de todos os seus precedentes. Ele foi rei em tudo, menos no nome. O mundo, conta-se, nunca tinha visto dois amigos tão próximos. Mas assim como a amizade do mundo, ou de dois homens egoístas, ambiciosos e inescrupulosos, essa amizade durou apenas enquanto serviu aos seus interesses. Isto veremos agora, e de um modo que raramente já foi testemunhado.

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