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domingo, 22 de março de 2020

Os Estatutos do Concílio de Toulouse

As seguintes observações sobre os estatutos contra a heresia darão ao leitor uma ideia das implacáveis ​​crueldades dos católicos e do estado oprimido do fraco remanescente em Languedoque. "Os arcebispos, bispos e abades deveriam nomear, em cada paróquia, um padre e três ou quatro inquisidores leigos, para que vasculhassem todas as casas e edifícios a fim de detectarem hereges e denunciá-los ao arcebispo ou bispo e ao senhor da terra, de modo a garantir a apreensão deles. Os senhores deveriam fazer a mesma inquisição em todas as partes de seus domínios. Qualquer que fosse condenado por abrigar um herege deveria entregar a terra ao seu senhor e era então reduzido à escravidão. Todas as casas em que um herege fosse encontrado era destruída, a fazenda era confiscada, e o feitor que não se mostrasse ativo na detecção de hereges perderia seu cargo e seria incapaz de mantê-lo no futuro. Os hereges que renegavam sua fé deveriam ser removidos de suas casas e assentados nas cidades católicas para usarem duas cruzes de uma cor diferente de suas vestimentas, uma à direita e outra à esquerda. Os que renegavam ao medo da morte deveriam ser presos por toda a vida. Todas as pessoas, homens com idade acima de quatorze anos e mulheres acima de doze, deviam prestar um juramento de abjuração da heresia e de afirmação de sua fé católica; se ausentes e não comparecessem em quinze dias, eram tidos como suspeitos de heresia."

Os extratos acima são de um código de perseguição católico e são suficientes para mostrar ao leitor qual era o espírito do papado naqueles dias, e qual seria hoje se tivesse o mesmo poder. E essas leis eram consideradas, pelo legado, como sendo não estritas o bastante, o que o fez convocar um Concílio em Melun, onde novos estatutos foram promulgados com mais rigor e eficiência. Mas como os hereges só podiam ser julgados por um bispo ou um eclesiástico, e o trabalho se tornava trabalhoso demais devido ao número de apreensões, o papa Gregório IX, no ano de 1233, atribuiu essa formidável jurisdição às mãos dos dominicanos, e assim a Inquisição foi erigida como uma instituição distinta. Tendo tratado bastante sobre a Inquisição quanto à sua origem, pode ser interessante olhar, por um momento, para a expansão gradual da ideia inquisitorial na igreja desde o seu início.

domingo, 8 de julho de 2018

Tomás A. Becket é Assassinado (1171 d.C.)

Não é de modo algum certo que houvesse qualquer propósito assassino na mente do rei quando ele proferiu essas palavras precipitadas, mas aqueles ao seu redor colocaram nelas sua própria interpretação. Quatro cavaleiros, camareiros do rei, homens ferozes e belicosos, resolveram prestar o desesperado serviço. Reginaldo Fitz-Urse, Guilherme de Tracy, Hugo de Morville e Ricardo de Brito desapareceram da corte, então em Bayeux, na França. Temendo a intenção dos cavaleiros ausentes, o rei despachou, com toda a velocidade, ao conde de Mandeville ordens para prender o primaz, e de chamar de volta os quatro cavaleiros. Mas os assassinos se apressaram pelo Canal da Mancha, e antes que os mensageiros do rei pudessem alcançá-los, o arcebispo foi assassinado.

Os detalhes desse ato sombrio de derramamento de sangue são bem conhecidos e não precisam ser mencionados aqui. Mas podemos acrescentar, como bem autenticada história, que não parece que os quatro cavaleiros determinaram-se deliberadamente a assassinar o primaz sem antes se esforçarem para obter dele uma promessa de obediência ao rei e de absolvição para os bispos. Assim, eles entraram em seu quarto desarmados. Mas suas imperiosas exigências, e suas arrogantes respostas desafiadoras, despertaram as piores paixões naqueles senhores feudais, que tinham um forte senso de lealdade do súdito ao soberano. Eles ficaram furiosos, correram para fora e pediram suas armas. Os portões então se fecharam atrás deles. Demorou algum tempo antes de conseguirem entrar. Todos sabiam o que se seguiria. O arcebispo podia ter escapado mas não o faria; a vitória já era dele, e seria maior ainda se ele fosse martirizado. O sino batia para as orações de Vésperas. Ele entrou na igreja solenemente com seu báculo diante de si. O barulho de homens armados foi ouvido no claustro; os monges assustados fugiram. "Onde está o traidor?", gritou um deles, sem respostas. "Onde está o arcebispo?" "Aqui estou", ele respondeu. Novamente os cavaleiros exigiram a absolvição dos bispos e um voto de lealdade ao rei. Ele recusou. Uma briga violenta se seguiu, o que terminou em golpes, e o arcebispo foi morto no altar. Os assassinos fugiram, primeiro para Roma, para fazer penitência, e então para Jerusalém, onde, de acordo com as ordens do papa, passariam o resto de seus dias em austeridades penitenciais.

sábado, 29 de julho de 2017

Gregório e as Investiduras (1075 d.C.)

O empossamento formal de um bispo ou abade pela entrega de um anel e um báculo tinha sido algo habitual junto aos imperadores, reis e príncipes da Europa, muito antes do estabelecimento do sistema feudal por Carlos Magno -- provavelmente desde os tempos de Clóvis. E até então, se tivermos em mente a relação da igreja com o Estado, e a fonte original do privilégio, parece justo e certo, embora para uma mente espiritual ser uma combinação incompatível dos poderes seculares e espirituais, e ruinosa para ambos. "Quando os primeiros conquistadores do Ocidente", diz Waddington, "conferiram subsídios territoriais à igreja, os indivíduos que viriam a usufruir deles eram obrigados a apresentar-se à corte para jurar lealdade ao rei, e para receber de suas mãos algum símbolo de prova de que os bens foram colocados em sua posse. A mesma cerimônia, de fato, era imposta ao eclesiástico do mesmo modo que ao proprietário leigo ou senhor feudal, e era chamada de investidura. Mais tarde, quando os príncipes tomaram o direito de oferta referente a todos os benefícios valiosos, mesmo daqueles que não tinham sido derivados da recompensa real, eles não introduziam qualquer distinção, fundamentados nas diferentes fontes de receita, mas continuaram a sujeitar aqueles que eles nominavam ao mesmo grau de fidelidade, e à mesma cerimônia de investidura, com os leigos."*

{* History of the Church, Waddington, vol. 2, p. 70.}


No primeiro fervor da conversão, os conquistadores, desde Constantino, tinham o hábito de conceder uma parte de suas recém-adquiridas propriedades a monastérios e igrejas; mas os presentes das sucessivas dinastias eram moderados se comparados aos da casa imperial da Saxônia. Sob os imperadores alemães os bens igreja se acumularam rapidamente e em grande medida. "Nos séculos XI e XII", diz Greenwood, "as propriedades eram possuídas perpetuamente pelas igrejas em grande extensão. Os bispos e abades foram enriquecidos; não, como até então, por presentes de terrenos ou fazendas únicas, mas por concessões de cidades inteiras, e de distritos e condados. Assim Oto I doou ao monastério de Magdeburgo várias vilas com seus arredores e distritos rurais pertencentes a elas. Oto II concedeu três vilas pertencentes aos domínios imperiais à igreja de Aschafemburgo, com todas as terras que lhe pertenciam. Os termos da transmissão não parecem ter diferido totalmente dos utilizados em concessões seculares de natureza similar. E, na prática, não obstante o caráter e a ocupação diferente dos beneficiários, as mesmas ideias de natureza e de requisitos da concessão parecem ter sido entretidas tanto pelos vassalos espirituais quanto leigos. Assim bispos e abades vestiam a armadura, montavam seus carregadores, e marchavam para o campo de batalha, liderando seus subvassalos e arrendatários, no cumprimento de seus deveres feudais no que diz respeito às suas terras. Os subvassalos também não podiam ser facilmente movidos até que fossem conduzidos à ação por seus chefes legais.

"Os grandes eclesiásticos, longe de se oporem a essas exigências pouco profissionais, entraram de coração no esporte da guerra, e deram-se no campo de batalha com um grau de proeza marcial que poderia se tornar mais brava que a cavalaria leiga."*

{ Cathedra Petri, Greenwood, vol. 4, p. 274.}


Tal era o estado do que pode ser chamado de eleitorado cristão quando Hildebrando emitiu seu memorável decreto contra investiduras leigas; e tal era o direito de uso por parte da coroa de nominar e indicar às maiores dignidades e benefícios eclesiásticos. O plano de Hildebrando era abolir inteiramente até mesmo a mais remota reivindicação de interferência, seja a favor ou contra, por parte dos leigos, em indicações espirituais, e privar o soberano do direito de investidura, com a qual a lei e o costume de séculos o tinha armado, e que ele considerava como a mais preciosa prerrogativa de sua coroa. Essa foi a questão levantada, o prêmio em questão e a grande batalha a ser lutada entre os potentados da Europa e o monge do Vaticano. Gregório então se dirigia à disputa, a maior já travada por uma única pessoa em qualquer era.

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