"Dritelmo, cuja história é relatada por autoridades tais como Beda e Belarmino, foi levado em sua viagem por um anjo com trajes brilhantes, e prosseguiu na companhia de seu guia em direção ao sol nascente. Os viajantes chegaram finalmente a um vale de vastas dimensões. Essa região, à esquerda, era coberta de fornalhas, e, à direita, de gelo, granizo e neve. O vale inteiro estava repleto de almas humanas, que uma tempestade parecia lançar em todas as direções. Os espíritos infelizes, incapazes, por um lado, de suportar o calor violento, saltavam para o frio tremendo, o que novamente os levava às chamas ardentes que não podiam ser apagadas. Uma inúmera multidão de almas deformadas eram, dessa maneira, rodopiadas e atormentadas, intermitentemente, nos extremos do calor e do frio alternados. Este, de acordo com o condutor angelical que guiava Dritelmo, é o lugar de castigo para aqueles que adiam a confissão e a restauração até a hora da morte. Todos esses, no entanto, serão no último dia admitidos no céu; enquanto muitos, através de esmolas, vigílias, orações, e especialmente da Missa, serão libertados antes mesmo do juízo geral"*. Qualquer um pode perceber, de relance, a intenção dessa visão. É habilmente elaborada de modo a agir poderosamente sobre os medos dos fiéis, para aumentar o poder do sacerdócio, e para assegurar grandes legados para a igreja.
{* Variations of Popery, de Edgar, p. 455.}
E é este o lugar -- podemos perguntar -- para o qual a santa mãe igreja envia seus piedosos e penitentes filhos? Sim, e é apenas o justificado que vai para lá. Aqueles que morrem sob a culpa dos pecados mortais vão diretamente para o inferno, sobre os sombrios portões dos quais está escrito: "Não há esperança". Quão terrível o pensamento do purgatório deve ser para toda mente devota! Como uma ilustração disso, posso mencionar que conheci uma jovem que mais tarde abraçou a religião católica. Ela é rigidamente devota à igreja, fresca em seu primeiro amor, mas evidentemente estremece ao pensar no purgatório. "Eu acredito que irei para lá", dirá ela, "Eu espero ir; pois eu não posso presumir ser boa o bastante para ir direto para o céu quando eu morrer, eu preciso passar pelo purgatório, mas eu não quero ficar mais do que 500 anos lá". Não tenho dúvidas de que ela seja uma cristã verdadeira, e justificada de todas as coisas, mas tal é o poder cegador de Satanás por meio do sistema papal. Podemos apenas nos regozijar pelo fato de que em breve ela estará felizmente esclarecida, de acordo com muitas porções da Palavra de Deus, tais como -- "Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz" ... "Ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor" ... "Hoje estarás comigo no paraíso" ... "Tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor" ... "Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão" ... "Perdoados lhe são os pecados, que são muitos". (Colossenses 1:12, 2 Coríntios 5:8, Lucas 23:43, Filipenses 1:23, Lucas 16:22, Lucas 7:47)
É perfeitamente claro nessas passagens, e em muitas outras que poderiam ser citadas, que no exato momento em que a alma do crente deixa o corpo ela está presente com o Senhor no paraíso de Deus --- certamente o lugar mais feliz em todo o céu. Qual, então, poderia ser o objetivo da igreja romana em perverter as Escrituras -- de modo a negar a eficácia do sangue de Cristo, o qual limpa o crente de todo o pecado? Para responder a essa questão, a mente deve compreender e lidar com as próprias profundezas de Satanás.
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