A rápida disseminação do Novo Testamento de Lutero e o imenso impacto que ele causou nos lares das pessoas despertaram as mais profundas apreensões entre o partido papal. Os poderes seculares, influenciados pelos eclesiásticos, proibiram, sob as penas mais severas, a circulação do livro condenado. Um dos maiores reis da cristandade então se levanta contra o audacioso monge de Wittemberg. O valente Henrique VIII da Inglaterra, que havia sido destinado por seu pai para a igreja, achou que o momento era oportuno para mostrar seu talento, e escreveu um livro sobre os sete sacramentos, em resposta ao tratado de Lutero sobre a "Cativeiro Babilônico". Nenhuma das obras do Reformador causou tanta indignação entre os papistas quanto o seu "Cativeiro Babilônico". Devemos nos surpreender, então, que tal defensor tenha sido lisonjeado e acariciado pelo papa, e agraciado com o título de "Defensor da Fé", que ainda hoje é um dos títulos da coroa inglesa? Em resposta ao seu rival da realeza, Lutero não foi notável por sua moderação, mas, traído por seu temperamento irritável, utilizou uma linguagem abusiva que teria sido melhor suprimida.
No final do ano de 1521, uma mudança importante ocorreu na política do Vaticano. O Papa Leão X morreu. Sim, o brilhante mas notoriamente imoral Leão morreu — morreu, não mais para julgar, mas para ser julgado; não mais para lançar seus trovões contra os hereges, mas para ele mesmo ser medido pelo padrão da verdade eterna, e pesado nas balanças do santuário. Ele morreu denunciando a doutrina da justificação pela fé como destrutiva de todas as obrigações morais, enquanto ele e seus cardeais dissolutos dissipavam seu tempo e saúde em prazeres pródigos e luxuriosos, e em promover espetáculos caros e licenciosos no teatro. Ele foi sucedido por Adriano VI, um homem mais rígido em seus costumes do que Leão, mas não menos oposto à verdade do evangelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário