Quando a paz foi estabelecida, ele voltou-se para seu objeto favorito — a tradução do Novo Testamento, e, após uma revisão mais crítica feita por Melâncton, ele a publicou em setembro de 1522. A aparição de tal obra em um momento em que as mentes de todos estavam em um estado de grande excitação, produziu, como era de se esperar, os efeitos mais extraordinários. Como se carregada pelas asas do vento, ela se espalhou de um extremo ao outro da Alemanha e para muitos outros países. "Foi escrita," segundo D'Aubigné, "no próprio tom das Escrituras Sagradas, em uma língua ainda em seu vigor juvenil, e que pela primeira vez revelou suas grandes belezas, interessando, encantando e comovendo tanto as classes mais baixas quanto as mais altas." Mesmo o historiador papal, Maimbourg, confessa que "a tradução de Lutero era notavelmente elegante, e em geral tão bem aprovada que foi lida por quase todos em toda a Alemanha. Mulheres da mais alta distinção a estudaram com a mais industriosa e perseverante atenção, e defenderam obstinadamente as doutrinas do Reformador contra bispos, monges e doutores católicos." Era um livro nacional. Era o livro do povo — o livro de Deus. Esta obra serviu mais do que todos os escritos de Lutero para a disseminação e consolidação das doutrinas reformadas. A Reforma estava, então, assentada em seu próprio e adequado fundamento — a Palavra de Deus que vive e permanece para sempre.
As seguintes estatísticas mostram o extraordinário sucesso da obra: "Uma segunda edição apareceu no mês de dezembro; e até 1533, dezessete edições foram impressas em Wittemberg, treze em Augsburgo, doze em Basileia, uma em Erfurt, uma em Grimma, uma em Leipzig e treze em Estrasburgo."
Enquanto isso, Lutero prosseguia na realização de sua grande obra — a tradução do Antigo Testamento. Com a assistência de Melâncton e outros amigos, a obra foi publicada em partes à medida que eram concluídas, sendo totalmente finalizada no ano de 1530. A grande obra de Lutero estava então concluída. Até então ele havia falado, mas agora o próprio Deus falaria aos corações e consciências dos homens. Um pensamento vasto, maravilhoso, poderoso! Os testemunhos divinos da verdade apresentados a uma grande nação, que até então "perecia por falta de conhecimento." A palavra divina não mais seria ocultada sob uma língua desconhecida; o caminho da paz não mais seria obscurecido pelas tradições dos homens; e o testemunho do próprio Deus acerca de Cristo e da salvação seria resgatado das superstições do sistema romano.
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