segunda-feira, 21 de abril de 2025

O Apelo dos Príncipes

Por obra do partido papista na segunda Dieta de Espira, em 1529, foi confirmado o édito promulgado contra Lutero em Worms, no ano de 1521, e proibidas todas as inovações em matéria de religião. Contra tal decisão, a maioria dos príncipes evangélicos apresentou seu solene e deliberado protesto.* Mas não satisfeitos em apenas manifestar sua discordância quanto ao decreto da Dieta, os protestantes se reuniram novamente logo após sua dissolução, e mandaram redigir, em forma devida, um documento no qual revisam os acontecimentos da assembleia, expõem suas queixas, apresentam razões em justificativa do passo que haviam dado e, com firmeza respeitosa, reafirmam os sagrados direitos da consciência nas questões relativas à salvação, apelando por fim ao Imperador e a um futuro Concílio Geral. O documento conclui com as seguintes palavras: “Apelamos, pois, por nós mesmos, por nossos súditos e por todos os que recebem ou que venham a receber a palavra de Deus, contra todas as medidas vexatórias passadas, presentes ou futuras, a Sua Majestade Imperial e a uma assembleia livre e universal da santa Cristandade.”Esse documento ocupava doze folhas de pergaminho; as assinaturas e selos, que eram quase os mesmos do protesto anterior, foram então apostos ao apelo.**

{*Ver O Protesto}  

{**D’Aubigné, vol. 4, p. 83.}

Uma cópia dessa remonstrância foi imediatamente despachada ao Imperador, levada por três deputados. Carlos achava-se então a caminho da Espanha para a Itália. Os enviados o encontraram em Placência, mas foram recebidos da maneira mais desalentadora. O Imperador estava profundamente irritado com tamanha liberdade e oposição à sua vontade. O tom altivo do memorial feriu-lhe o orgulho, e, tomado de cólera, ordenou que os deputados fossem postos em reclusão, proibindo-os de deixar seus aposentos ou de escrever sequer uma linha aos príncipes protestantes, sob pena de morte. Contudo, pouco tempo depois, sua cólera amainou, libertou-os e seguiu viagem rumo a Bolonha, onde passou vários meses com o papa Clemente VII.

Enquanto isso, os chefes protestantes não cruzavam os braços; empregavam os meios mais eficazes tanto para o progresso da Reforma quanto para o fortalecimento de sua posição diante do povo. No dia cinco de maio, onze dias após a redação do apelo, este foi impresso e publicado pelo Landgrave; no dia treze, pelo Príncipe-eleitor. A grande questão entre católicos e protestantes assumia agora forma definida, e era apresentada abertamente a toda a Cristandade.

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