Os beneditinos, com o passar do tempo, conforme seu número aumentava, enviaram missionários para pregar o evangelho entre as nações, que ainda mergulhavam nas profundezas do paganismo. Estima-se que foram o meio de converter mais de trinta países e províncias à fé cristã ou, como seria melhor dizer, à igreja de Roma. Ainda assim, o Senhor, em Sua misericórdia, poderia, e sem dúvida o fez, usar a cruz de Cristo, mesmo da forma que era pregada, para a salvação. Um pouquinho da verdade sobre a cruz ou sobre o sangue de Cristo é capaz de converter a alma quando o Senhor a usa. Uma mudança notável ocorreu na história da Igreja, ou do Cristianismo, por meio da pregação dos beneditinos e da ordem de São Bento, que apenas mencionaremos e deixaremos para a reflexão dos mais pensativos.
Durante os primeiros três séculos da era cristã, os
imperadores e todos os grandes da Terra perseguiram os fiéis seguidores de
Cristo; mas, durante os séculos VI, VII, VIII e IX, muitos imperadores e reis
renunciaram às suas coroas e tornaram-se monges da ordem beneditina; e também
imperatrizes e rainhas se tornaram freiras da mesma ordem. *
{* Para uma lista dos nomes e países desses convertidos, com
muitos detalhes, consulte English Monasticism, de O'Dell Travers Hill,
p. 101. Consulte também a Encyclopedia Britannica, vol. 4, pág. 562. Os
números não concordam em ambos, mas, como o English Monasticism foi
publicado somente em 1867 (uma data contemporânea ao autor deste livro, que
viveu no século XIX), aceitamos os números dados ali.}
Da reclusão das celas beneditinas, quarenta e oito papas
foram levantados para ocupar a cátedra de São Pedro; duzentos cardeais, sete
mil arcebispos, quinze mil bispos, quinze mil abades, quatro mil santos e mais
de trinta e sete mil estabelecimentos religiosos, incluindo mosteiros,
conventos, priorados, hospitais, etc. A ordem também produziu um vasto número
de escritores eminentes e outros homens eruditos. Rábano estabeleceu a primeira
escola na Alemanha, Alcuíno fundou a Universidade de Paris, Guido inventou a
escala musical, Silvestre o órgão, e Dionísio Exíguo aperfeiçoou o cálculo de
datas eclesiástico.
"Os abades eram frequentemente pouco inferiores aos
príncipes soberanos: seu esplendor era maior na Alemanha, onde o abade de
Angia, apelidado ‘o Rico’, tinha uma receita anual de sessenta mil coroas de
ouro, e em seu mosteiro ninguém era recebido, exceto os filhos dos príncipes,
condes e barões. Os abades de Weissenburg, de Fulda e de São Galo eram
príncipes do império. O abade de São Galo entrou certa vez em Estrasburgo com
um séquito de mil cavalos."* Por seiscentos anos todas as regras e as
sociedades cederam ante a prevalência universal da ordem beneditina. Muitas
outras seitas surgiram durante aquele período e, embora diferissem umas das
outras em alguns pontos de disciplina ou vestuário, todas reconheciam a Regra
de Bento. Os cartuxos, os cistercienses e outros inumeráveis eram apenas
ramos que cresciam a partir do tronco original.
{*Christian Sects, de Marsden.}
Esses celebrados resultados da regra do eremita solitário de
Monte Cassino se estendem por um período de pelo menos setecentos anos, durante
os quais os beneditinos, como todas as outras instituições humanas,
experimentaram muitos reveses e muitos avivamentos, os quais não precisamos
enumerar exaustivamente. Para complementar este assunto, é interessante notar
ainda, que, de acordo com a história frequentemente contada, assim que os
monges de São Bento se tornaram ricos e luxuosos, eles começaram a se afastar
dos princípios de seu fundador e se entregaram à indolência e a todo tipo de vício.
Eles se envolveram em assuntos civis e nas intrigas dos tribunais, buscando
apenas promover a autoridade e o poder dos pontífices romanos.
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