Por uma semelhança de nomes, Pedro Valdo, o reformador de Lyon, tem sido frequentemente mencionado como o fundador da seita valdense. Pensamos ser este um erro, embora um erro facilmente cometido, e um que os romanistas avidamente aumentaram como um argumento contra a antiguidade dos valdenses, e que, portanto, foi adotado pela maioria dos registros históricos gerais. Mas o Sr. Elliot, em seu livro "Horae Apocalypticae", e aqueles mencionados na nota acima (seção anterior), examinaram a questão com grande paciência e pesquisa e, cremos, claramente estabeleceram uma conclusão sobre a ortodoxia e antiguidade dos "homens dos vales"*.
{* Veja no Dicionário de Marsden o artigo sobre os "Albigenses". Veja também: Milner, vol. 3, p. 92; e Scenery of the Waldenses, de Bartlett, Introduction.}
Ao mesmo tempo, Pedro Valdo é digno de todo elogio por seus serviços abnegados pela causa da verdade e contra o erro. Sua piedade, zelo e coragem foram muito notáveis em um período em que a hierarquia papal começava a perseguir todos aqueles que questionavam sua autoridade e infalibilidade. Ele foi, sem dúvida, levantado por Deus justamente naquela época para dar maior distinção ao testemunho dos camponeses alpinos. A simplicidade da adoração deles e a cena de sua tranquilidade parecem não ter excitado a inveja de seus vizinhos ou a suspeita da igreja católica até a época em que Pedro Valdo entrou em cena. Aconteceu, sob a mão de Deus, da seguinte maneira:
Por volta do ano 1160, as práticas de idolatria que acompanhavam a doutrina da transubstanciação impressionaram Pedro profundamente com um senso alarmante da iniquidade daquela época e das perigosas corrupções do papado. Isso levou à verdadeira conversão de sua alma a Deus. Desde aquele momento, ele passou a se dedicar a servir a Deus e à Sua glória. Ele abandonou suas ocupações mercantis e distribuiu suas riquezas aos pobres, em imitação aos primeiros discípulos. Muitos se reuniram em torno dele, e ele sentiu a necessidade de instrução nas coisas de Deus; perguntou-se, então, onde a encontraria. Ele ficou profundamente desejoso de compreender os Evangelhos que estava acostumado a ouvir na igreja. Ele, então, empregou dois eclesiásticos para traduzi-los para a sua língua nativa, assim como outros livros das Escrituras, e algumas passagens dos pais apostólicos. Essa foi a maior obra de Valdo, pela qual ele merece os melhores agradecimentos da posteridade. As Escrituras, naquela época, eram em grande medida um livro selado na Cristandade, estando disponíveis somente em Latim. Os seguidores de Valdo, estando assim providos com cópias das Escrituras em sua própria língua, eram capazes de explicar às pessoas que eles não estavam promovendo doutrinas próprias, mas uma fé pura conforme realmente existia na Bíblia. Seguindo o exemplo dos setenta, ele enviou seus discípulos, dois a dois, às aldeias vizinhas para pregar o evangelho.
Isso despertou os trovões do Vaticano. Enquanto Valdo e seus amigos se limitavam a protestar contra as inovações, a hierarquia não os molestava seriamente; mas assim que eles empregaram o temido motor -- as Escrituras na língua popular -- eles foram imediatamente amaldiçoados e excomungados. Até esse momento, os valdenses não contemplavam qualquer secessão da igreja, mas apenas sua reforma. Eles persistiram em pregar o glorioso evangelho da graça de Deus aos pecadores perdidos: e então um interdito foi emitido contra eles pelo arcebispo de Lyon. Valdo respondeu resolutamente: "Devemos obedecer a Deus, e não ao homem". A partir de então, "os homens pobres de Lyon", como eram chamados, foram rotulados pelo clero com descrédito e desprezo como hereges. Por três anos após essa primeira condenação, que ocorreu em 1172, Valdo conseguiu permanecer escondido na cidade de Lyon ou nas cidades próximas, mas o papa Alexandre III fulminou suas ameaças e terrores tão efetivamente, não apenas contra Valdo, mas contra todos que ousassem manter a menor comunicação com o reformador que, por amor de seus amigos, Valdo fugiu de Lyon e tornou-se um andarilho pelo resto de sua vida. Após buscar abrigo em vários lugares, mas não encontrando descanso em nenhum lugar, ele passou, enquanto andava entre os alpinistas boêmios, os ancestrais de Huss e Jerônimo, para seu descanso eterno por volta do ano de 1179.
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