O leitor não pode deixar de julgar os princípios que governam os católicos romanos em seu tratamento para com os protestantes, ou assim chamados hereges, tendo o Concílio de Constança diante de si. O caráter de Jezabel nunca muda: como era antes, é hoje e sempre será. A única questão é a oportunidade de sua exibição. E devemos ter em mente que a queima daqueles dois veneráveis arautos da Reforma não foi sob um édito papal, ou um decreto da corte de Roma, mas por um concílio eclesiástico representando toda a igreja de Roma -- na verdade, todos os poderes do mundo romano, tanto civil como eclesiástico.
O total desprezo pela retratação do enfraquecido Jerônimo e a violação descarada do salvo-conduto do imperador para com Hus são igualmente iníquos e pérfidos. Que confiança pode ser colocada na palavra, na promessa ou no juramento mais sagrado, mesmo de uma cabeça mitrada, mantendo tais princípios? Devemos deixar o leitor julgar por si mesmo; mas que linguagem poderia expressar adequadamente o caráter covarde e traidor de tais princípios e ações? Verdade, retidão, honra, justiça, humanidade, todos são sacrificados publicamente no altar do domínio eclesiástico.
A heresia de Hus e Jerônimo nunca foi claramente definida. Eles parecem ter conservado até o fim suas primeiras impressões sobre a transubstanciação, a adoração aos santos e à Virgem Maria. Eles testemunharam contra o poder do clero, que por tanto tempo governou e escravizou as mentes dos homens, e expuseram sua avareza e corrupção. Com esses apelos públicos, eles atingiram os próprios alicerces de todo o sistema papal, pelo qual também foram honrados com a coroa do martírio. Mas Deus, que está acima de tudo, estava também acima desses eventos para a propagação do evangelho há muito oculto, e para o amadurecimento da Europa para as mudanças que se aproximavam em quase todas as relações da Igreja e do Estado que foram realizadas no século XVI. Devemos agora olhar por um momento para os efeitos terríveis dos decretos deste concílio geral.
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