Estêvão Harding, um inglês, nascido em Sherborne em Dorsetshire, foi abade no monastério cisterciense em Cister. Ele seguiu as regras de São Bento, mas com severidades adicionais. Eles tinham somente uma refeição comum no dia, e tinham doze horas de trabalho antes de recebê-la. Eles nunca provavam carne, peixe ou ovos, e leite apenas raramente.
Era comum, quando alguém desejava se tornar um monge em Cister, de acordo com o biógrafo de Bernardo, fazê-lo esperar por quatro dias antes de ser levado à presença do convento reunido. Depois disso, ele se prostrava diante do púlpito e o abade lhe perguntava sobre o que ele queria. Ele então respondia: "A misericórdia de Deus e a vossa". O abade ordenava que ele se levantasse e o expunha à severidade das regras do mosteiro, e então perguntava novamente sobre suas intenções; e, se ele respondesse que guardaria tudo, o abade dizia: "Que Deus, que começou uma boa obra em ti, a termine". Esta cerimônia era repetida por três dias, e após o terceiro ele passava da case de hóspedes para as celas dos noviços, e então imediatamente começava o ano de provação.
A seguir veremos a rotina comum no mosteiro durante o ano em que Bernardo esteve ali. Às duas da manhã o grande sino tocava, e os monges imediatamente se levantavam de seus leitos duros e se apressavam pelos claustros escuros em silêncio solene para a igreja. Uma única pequena lâmpada, suspensa no teto, fornecia uma luz cintilante, apenas o suficiente para indicar-lhes o caminho através do edifício. Após a oração ou o serviço divino eles se retiravam, e após um breve repouso se levantavam novamente para as matinas, que demoravam cerca de duas horas; então realizavam outros serviços, em parte regulados de acordo com a estação do ano -- verão ou inverno; mas eles eram empregados em vários exercícios religiosos até às nove, quando saíam para trabalhar nos campos. Às duas eles jantavam, no cair da noite eles se reuniam para a oração das vésperas; às seis ou oito, de acordo com a estação, eles terminavam o dia com as orações da última hora canônica, e então se recolhiam imediatamente ao dormitório.
No entanto, por mais severas que pareçam ter sido essas práticas e austeridades, elas estavam longes de satisfazer o zelo e espírito de auto-mortificação de Bernardo. Ele passava seu tempo em solidão e estudo. O tempo dado ao sono ele considerava como perdido, e costumava comparar o sono à morte, afirmando que dorminhocos podiam ser considerados como mortos entre os homens, assim como os mortos estão dormindo diante de Deus. Ele lia diligentemente as Escrituras e se esforçava em trabalhar em sua própria concepção de religião perfeita e angelical. Ele tinha tão absolutamente isolado seus sentidos da comunhão com o mundo exterior que parecia morto para qualquer impressão externa: seus olhos não podiam distinguir se sua câmara estava celada ou não ou se ela tinha uma janela ou três. Da escassa comida que ele comia, seu paladar inconsciente tinha perdido totalmente a percepção do estado da comida, se estava estragada ou saudável. Ele bebia óleo e não podia distingui-lo da água. E ainda assim, este homem iludido, embora não duvidemos de que já fosse salvo pela graça, estava fazendo isso tudo pela salvação; e ainda assim, como de costume, ele não estava satisfeito. Ele falava de si mesmo como se fosse apenas um noviço: outros poderiam tê-la alcançado, mas ele estaria ainda apenas começando sua santificação.
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