domingo, 4 de outubro de 2020

Wycliffe e o Governo

A fama de Wycliffe como defensor da verdade e da liberdade não estava mais confinada à Universidade de Oxford. O papa e os cardeais o temiam e observaram minuciosamente seus procedimentos. Mas, por outro lado, o rei e o parlamento nutriam uma opinião tão elevada de sua integridade e julgamento a ponto de consultá-lo sobre um assunto de grande importância para a Igreja e o Estado.

Por volta do ano 1366, surgiu uma controvérsia entre o papa Urbano V e o rei Eduardo III como consequência da renovação da exigência de um tributo anual de mil marcos, que o rei João se comprometera a pagar à Sé Romana como um reconhecimento da superioridade feudal do pontífice romano sobre os reinos da Inglaterra e da Irlanda. O pagamento desse tributo humilhante nunca foi regular, tendo sido totalmente interrompido por trinta e três anos. Urbano exigiu o pagamento integral das dívidas. Eduardo recusou, declarando-se decidido a manter seu reino em liberdade e independência. O parlamento e o povo simpatizaram com o rei. A arrogância do papa causou grande agitação na Inglaterra; ambas as casas do parlamento foram consultadas; a resolução da questão interessava a todas as classes, e até mesmo a toda a Cristandade. Wycliffe, que já era um dos capelães do rei, foi nomeado para responder aos argumentos papais, e assim efetivamente provou que o cânon, ou lei papal, não tem força quando se opõe à Palavra de Deus, e que o papado daquele dia em diante cessava de reivindicar a soberania da Inglaterra. Os argumentos de Wycliffe foram usados ​​pelos senhores no parlamento, que resolveram unanimemente manter a independência da coroa contra as pretensões de Roma. Os discursos curtos, enérgicos e simples dos barões nesta ocasião são curiosos e característicos da época.

No ano de 1372, Wycliffe foi elevado à cadeira teológica na Universidade de Oxford. Este foi um passo importante na causa da verdade e usado pelo Senhor. Sendo um Doutor em Divindade, ele tinha o direito de ministrar palestras sobre teologia. Ele falava como um mestre aos jovens teólogos de Oxford, e, tendo tal autoridade nas escolas, tudo o que ele dizia era recebido como um oráculo. Seria impossível avaliar a influência benéfica que exerceu sobre a mente dos alunos, que compareciam em grande número naquela época. A invenção da imprensa ainda não havia fornecido livros ao estudante, de modo que ele praticamente dependia em tudo da voz e da energia viva do professor público. Centenas de pessoas que o ouviam, por sua vez, tornar-se-iam também professores públicos, levando adiante a mesma semente preciosa.

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