Uma grande cisma na igreja, causada por dois papas inescrupulosos, foi a ocasião em que São Bernardo foi retirado relutantemente de sua pacífica reclusão e mergulhado de vez nos assuntos do mundo. Mas, como um exemplo do que era uma comum ocorrência em conexão com as eleições papais, daremos alguns detalhes. O leitor lerá e poderá julgar por si mesmo acerca da alegada infalibilidade papal. Infelizmente, poucos dos papas foram decentes exteriormente.
Quando o Papa Honório II estava para morrer, mas antes de ter dado seu último suspiro, o cardeal Pietro Pierleoni, que era neto de um agiota judeu, fez um ousado esforço para ocupar a cadeira de São Pedro. Mas, quando o pontífice moribundo apareceu à janela e mostrou ao povo que ainda estava vivo, Pietro e seus amigos se retiraram pelo momento. Um outro partido, determinado a excluir Pietro, e assistindo até que o pobre papa morresse, imediatamente proclamou o cardeal Gregório como o supremo pontífice do mundo cristão sob o nome de Inocêncio II. O partido de Pedro, ao mesmo tempo, elegeu seu papa e o vestiu como pontífice, declarando que ele, sob o título de Anacleto II, era o autêntico vigário de Cristo.
Roma, a cena de infindáveis lutas e guerras, estava agora cheia de dois exércitos de partidários ferozes. A devastação e o derramamento de sangue rapidamente se seguiram após as ameaças e maldições espirituais. Anacleto, conta-se, à frente de um grupo de mercenários, iniciou o ataque sitiando a igreja de São Pedro. Ele forçou seu caminho para dentro do santuário, carregando o crucifixo de ouro e todo um tesouro em ouro, prata e pedras preciosas. Tais riquezas levaram um grande número a ficar do lado dele. Ele era rico e tinha condições de pagar por seguidores. Ele assaltou e despojou as igrejas da capital, uma após a outra. Inocêncio logo se convenceu de que Roma, no atual estado de calamidade pública, não podia ser um lugar seguro para ele. Ele decidiu partir. Sua pessoa corria perigo. Foi com grande dificuldade que ele e seus amigos escaparam em duas galés e chegaram em segurança ao porto de Pisa. De lá, dirigiram-se à França, e foram recebidos de braços abertos pelas comunidades de Cluny e Claraval.
Bernardo zelosamente abraçou a causa de Inocêncio. Seu zelo o tirou de seu covil. Ele viajou de soberano a soberano, de condado a condado, de mosteiro a mosteiro, até que conseguisse que Inocêncio fosse reconhecido pelos reis da França, Inglaterra, Espanha, o imperador Lotário, os mais poderosos clérigos e as comunidades religiosas por todos esses países. Apenas o poderoso Duque Rogério da Sicília apoiava Anacleto, e impedia que Inocêncio retornasse a Roma. Mas a morte veio para o alívio de todos os partidos. Anacleto morreu em sua invencível fortaleza em Santo Ângelo em janeiro de 1138, tendo desafiado todos os seus inimigos por oito anos. Inocêncio retornou a Roma em maio com Bernardo ao seu lado, e assim foi devidamente reconhecido como supremo pontífice.
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