sábado, 28 de dezembro de 2019

A Ruína de Raimundo é Determinada

A submissão do conde Raimundo aos termos papais de reconciliação parece ter sido completa. Ele tinha rendido seus castelos, sofrido a maior humilhação pessoal e acompanhado as cruzadas -- apesar de seus ombros estarem sangrando pelos flagelos -- contra seu próprio parente, Roger. Certamente, como seria de se pensar, a Igreja ficaria satisfeita, expressaria sua aprovação e o receberia de volta em seu seio. Mas, infelizmente, foi exatamente o oposto. Verdadeiramente, o papa, da maneira mais traiçoeira possível, professou abraçá-lo como um filho obediente, absolveu-o de sua alegada culpa pelo assassinato de Castelnau, e deu-lhe uma capa e um anel. Com esses presentes valiosos, o conde retornou à sua região, na esperança de que as concessões do papa seriam confirmadas por seus legados. Mas aqui, a história levantou o véu e revelou a mais deliberada e declarada traição que jamais enegreceu a política de qualquer governante. Em uma carta escrita por esse pontífice aos seus legados em Toulouse, ele faz referência às palavras do apóstolo Paulo, justificando sua conduta enganosa: "mas, sendo astuto, vos tomei com dolo" (2 Coríntios 12:16, Almeida Atualizada). Assim ele escreve: "Aconselhamos-vos, juntamente com o apóstolo Paulo, que tomai com dolo a esse conde, pois nesse caso deve ser tomada prudência. Devemos atacar separadamente aqueles que estão separados da unidade. Deixai por um tempo esse conde de Toulouse, empregando para com ele uma conduta de dissimulação, para que os outros hereges possam ser mais facilmente derrotados, e para que depois possamos esmagá-lo quando for deixado só." A correspondência confidencial, mas condenatória, sendo matéria de conduta, exigia o cumprimento do decreto do papa. Mas os astutos legados, Teodósio e Arnaldo, que estavam com segredos para com seu mestre, o papa, tinham outras intenções. Eles planejaram atrasos, fizeram exigências, até que o conde percebesse que seu caso estava perdido nas mãos deles. Ao saber que ele não havia se limpado dos crimes de heresia e assassinato, e que eles não podiam absolvê-lo, ele explodiu em lágrimas enquanto os clérigos, de coração de ferro, zombavam de seu desapontamento, citando o texto: "Até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão" (Salmos 32:6); e assim pronunciaram novamente sua excomunhão.

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