domingo, 24 de fevereiro de 2019

As Visões de Inocêncio sobre o Papado

Alguns extratos do sermão inaugural e de outros escritos de Inocêncio darão ao leitor uma ideia melhor sobre o papado ou sobre suas pretensões babilônicas. A insensata declaração de sua dignidade, juntamente com os mais altos protestos de humildade, traem o verdadeiro espírito do papa. Assim falou ele: "Vedes que tipo de servo é aquele a quem o Senhor pôs sobre o Seu povo; não outro senão o vice-gerente de Cristo, o sucessor de São Pedro. Ele é o ungido do Senhor; ele permanece entre Deus e o homem; abaixo de Deus, acima de todo homem; menor que Deus, maior que o homem. Ele julga a todos, e não é julgado por ninguém, pois está escrito: 'Eu julgarei'. Mas aquele a quem a preeminência da dignidade exalta, é rebaixado por seu ofício de um servo, para que tal humildade possa ser exaltada, e o orgulho rebaixado; pois Deus é contra os altivos; e aos humildes manifesta misericórdia: e aquele que exalta a si mesmo será rebaixado". Ele também "descobre" o papado no Livro de Gênesis: "O firmamento", diz ele, "significa a igreja. Assim como o Criador de todas as coisas colocou no céu duas grandes luzes, a maior para governar o dia, a menor para governar a noite, assim também colocou Ele no firmamento de Sua igreja dois grandes poderes: o maior para governar as almas, o menor para governar os corpos dos homens. Esses são o poder pontifício e o poder real: mas a lua, sendo o corpo menor, empresta toda a sua luz do sol; ela é inferior ao sol tanto em quantidade quanto em qualidade da luz que emite, como também em sua posição e função nos céus. Semelhantemente, o poder real empresta toda a sua dignidade e esplendor do poder pontifício, de modo que, quanto mais perto aquele se aproxima da luz maior, mais seus raios são absorvidos, e mais suas glórias emprestadas são eclipsadas. Foi, também, ordenado que ambas essas glórias tivessem sua morada fixa e definitiva nesta nossa terra da Itália, visto que nesta terra habita, por meio da primazia combinada do império e do sacerdócio, o completo fundamento e estrutura da fé cristã, e com ela um principado predominante sobre ambos!"*

{*Cathedra Petri, livro 13, p. 363.}

O leitor não terá dificuldade em reunir, a partir dessas declarações, embora revestidas de metáforas, as altas pretensões do plano papal, amadurecidas na mente de seu celebrado pontífice. Ele sem dúvidas afirma que todos os domínios terrenos são simplesmente derivados do papa; que todos os reis e príncipes deste mundo são seus súditos e servos; e que a ele pertence o domínio universal.

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