quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Martírio de Policarpo

O comportamento do venerável bispo de Esmirna, em vista de seu martírio, foi muito cristão e nobre. Ele estava preparado e pronto para seus perseguidores, sem ser impulsivo ou imprudente, como alguns que, em meio à excitação, tinham sido. Quando ouviu os gritos das pessoas exigindo sua morte, era sua intenção permanecer em silêncio na cidade, e esperar a decisão que Deus tomaria para si. Mas, pelas súplicas da igreja, ele se permitiu ser persuadido a se refugiar em uma vila vizinha. Ali ele passou o tempo, com alguns amigos, ocupado, noite e dia, em oração por todas as igrejas em todo o mundo. Mas seus perseguidores logo descobriram seu retiro. Quando lhe disseram que os oficiais públicos estavam à porta, ele os convidou a entrar, pediu que lhe servissem carne e bebida, e pediu para que lhe concedessem uma hora de oração silenciosa. Mas a plenitude do seu coração o levou a duas horas de oração. Sua devoção, idade e aparência impressionaram muito os pagãos. Ele devia ter mais de noventa anos de idade.

Chegou o momento de levá-lo à cidade O procônsul aparentemente não era pessoalmente hostil contra os cristãos. Ele evidentemente sentia pelo idoso Policarpo, e fez o que pôde para salvá-lo. Ele pediu-lhe que jurasse pelo gênio - ou espírito - do imperador e desse prova de seu arrependimento. Mas Policarpo foi calmo e firme, com seus olhos erguidos para o céu. O procônsul novamente pediu-lhe, dizendo: "Negue a Cristo, e te libertaremos." O velho homem respondeu: "Oitenta e seis anos O tenho servido, e Ele só me fez bem; e como eu poderia negá-Lo, meu Senhor e Salvador?". O governador, vendo que tanto promessas como ameaças eram em vão, foi forçado a proclamar no anfiteatro: "Policarpo se declarou cristão." A população pagã, com um grito enfurecido, respondeu: "Este é o mestre do ateísmo, o pai dos cristãos, o inimigo de nossos deuses, por culpa dele tantos têm deixado de oferecer os sacrifícios." Assim que o governador cedeu às exigências do povo, de que Policarpo deveria morrer na estaca, judeus e pagãos se apressaram para trazer madeira para esse fim. Quando estavam prestes a fixá-lo com pregos à estaca, ele disse: "Deixem-me assim: aquEle que tem me fortalecido para enfrentar as chamas também me capacitará a ficar firme na estaca." Antes que acendessem o fogo ele orou: "Senhor, Deus Todo-Poderoso, Pai de Teu Filho amado, Jesus Cristo, por meio de quem temos recebido de Ti o conhecimento de Ti mesmo; Deus dos anjos, e de toda a criação, da raça humana, e do justo que viveu em Tua presença, eu Te louvo por ter me achado digno deste dia e desta hora, de fazer parte do rol de Tuas testemunhas no cálice de Teu Cristo."

O fogo começou a arder, mas as chamas se movimentavam ao redor do corpo formando a figura de uma vela de navio soprada pelo vento. Os supersticiosos romanos, temendo que o fogo não o consumisse, mergulharam uma lança em seu lado: e assim Policarpo foi coroado com a vitória.

Estes são apenas breves extratos dos relatos que têm sido passados adiante até nós sobre o martírio do honrado e admirável bispo. As histórias de mártires estão cheias de pormenores. Mas o Senhor abençoou grandemente a maneira cristã pela qual Policarpo sofreu pelo bem da igreja. A fúria do povo foi aplacada, como se tivessem ficado satisfeitos com a vingança, e a sede de sangue pareceu se extinguir por um tempo. O procônsul, também, cansado de tanto abate, se recusou absolutamente a ter mais cristãos trazidos perante o tribunal. Quão manifesta é a mão do Senhor nessa maravilhosa e repentina mudança! Ele tinha limitado os dias da tribulação deles antes de serem lançados na fornalha, e agora esses dias estavam cumpridos, e nenhum poder na terra ou no inferno poderia prolongá-los uma hora sequer. Eles tinham sido fiéis até a morte, e receberam a coroa da vida.

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