domingo, 17 de julho de 2016

Constantino como o Árbitro das Diferenças Eclesiásticas

Novamente os donatistas suplicaram ao imperador pela causa deles, e nessa ocasião para levar a questão inteiramente por suas próprias mãos, ao que ele concordou, embora ofendido pela obstinação deles. Ele ouviu o caso em Milão no ano 316, onde proferiu a sentença em concordância com os concílios de Roma e Arles. Ele também emitiu decretos contra eles, aos quais ele mais tarde repeliu ao ver as perigosas consequências das medidas violentas. Mas o donatimo logo se tornou uma cisma feroz, generalizada e intolerante na igreja. Já em 330 eles tinham crescido tanto que um sínodo foi realizado por 270 bispos, e em alguns períodos de sua história houve sínodos de cerca de 400 bispos. Eles provaram ser uma grande aflição para as províncias da África por mais de 300 anos - na verdade, até a época da invasão maometana.

sábado, 9 de julho de 2016

As Controvérsias do Donatismo e do Arianismo

Duas grandes controvérsias - o donatismo e o arianismo - tiveram seu início nesse reinado: o primeiro surgiu no Ocidente a partir de uma disputada nomeação à dignidade episcopal em Cartago; e o último, de origem oriental, envolvia os próprios fundamentos do cristianismo. O arianismo era uma questão de doutrina, e o donatismo de prática. Ambos estavam corrompidos em suas próprias fontes e essências, e podem ser representados pelo falso profeta e, especialmente, pelos nicolaítas. Vamos agora observar brevemente essas duas cismas, uma vez que lançam luz sobre a natureza e os resultados da união da igreja com o Estado. O imperador tomava parte nos conselhos dos bispos como "cabeça da igreja".

Na morte de Mensúrio, bispo de Cartago, um concílio de bispos das redondezas foi convocado para nomear seu sucessor. O concílio era pequeno -- pois a organização estava por conta de Botrus e Celésio, dois presbíteros que aspiravam ao cargo -- mas foi Ceciliano, um diácono que era muito amado pela congregação, que foi eleito bispo. Os dois desapontados presbíteros protestaram contra a eleição. Mensúrio morreu estando ausente de Cartago em uma viagem, mas antes de sair de casa ele tinha confiado alguns bens da igreja a alguns anciãos da congregação, e tinha deixado um inventário nas mãos de uma mulher piedosa. Este foi entregue a Ceciliano que, é claro, exigiu que os artigos dos anciãos fossem devolvidos, mas eles não estavam disposto a entregá-los, uma vez que supunham que ninguém jamais iria perguntar sobre eles após o velho bispo ter morrido. Assim eles se uniram ao partido de Botrus e Celésio, em oposição ao novo bispo. A cisma foi também apoiada pela influência de Lucila, uma senhora rica a quem Ceciliano tinha anteriormente ofendido por uma repreensão piedosa; e assim toda a província assumiu o direito de interferir no assunto.

Donato, bispo de Casa Nigra, colocou-se à frente da facção cartaginesa. Segundo, primaz de Numídia, por convocação de Donato, apareceu em Cartago liderando setenta bispos. Este auto-instituído concílio intimou Ceciliano a comparecer perante eles, alegando que ele não deveria ter sido consagrado exceto na presença deles e do primaz da Numídia; além disso, considerando que Ceciliano tinha sido um traditor*, não podia ser bispo, e assim o concílio declarou anulada sua eleição. Ceciliano se recusou a reconhecer a autoridade do concílio, mas eles prosseguiram em eleger Majorino para o cargo de bispo, que eles declararam vago pela excomunhão de Ceciliano. Infelizmente, para a reputação dos bispos, Majorino pertencia à família de Lucila que, para apoiar a eleição, doou grandes somas de dinheiro para garantir a eleição, que os bispos dividiram entre si. Uma cisma decidida estava agora formada, e muitas pessoas que estavam indiferentes a Ceciliano, depois disso, voltaram a ter comunhão com ele.

{* "Um nome de infâmia dado àqueles que, para salvarem suas vidas durante a perseguição, tinham entregue as Escrituras ou bens da igreja aos perseguidores." Milner, vol. 1, p. 513}

Alguns relatos dessas discórdias chegaram aos ouvidos de Constantino. Ele tinha acabado de se tornar o senhor do Ocidente, e tinha enviado uma grande soma de dinheiro para o alívio das igrejas africanas. Eles tinham sofrido muito durante as últimas perseguições. Mas, como os donatistas eram tidos como sectários, ou dissidentes da verdadeira igreja católica, ele ordenou que os presentes e privilégios conferidos aos cristãos pelos último decretos fossem limitados àqueles em comunhão com Ceciliano. Isto levou os donatistas a uma petição ao imperador, desejando que sua causa pudesse ser examinada pelos bispos da Gália, de quem supunham que a imparcialidade poderia ser esperada. Aqui, pela primeira vez, temos uma aplicação do poder civil para nomear uma Comissão de Juízes Eclesiásticos.

Constantino concordou: um concílio foi realizado e Roma, em 313, que consistiu de cerca de vinte bispos. A decisão foi a favor de Ceciliano, que logo a seguir propôs termos de reconciliação e reunião; mas os donatistas desprezaram qualquer compromisso. Eles suplicaram ao imperador por outra audiência declarando que um sínodo de vinte bispos era insuficiente para anular a sentença de setenta que tinham condenado Ceciliano. Por esta representação Constantino convocou outro concílio. O número de bispos presentes era muito grande, vindos da África, Itália, Sicília, Sardenha, e especialmente da Gália. Esta foi a maior assembleia eclesiástica que houve até então. Eles se reuniram em Arles, no ano de 314. Ceciliano foi novamente absolvido, e vários decretos canônicos foram estabelecidos com vista ao término das dissensões africanas.

Nesse meio-tempo Majorino morreu, e um segundo Donato foi apontado como seu sucessor. Ele foi apelidado pelos seus seguidores como "o Grande", a fim de distingui-lo do primeiro Donato. Ele é descrito como alguém erudito, eloquente, de grande capacidade, e que possuía a energia e o zelo ardente do temperamento africano. Os sectários, como eram chamados, assumiram então a alcunha de os donatistas, tomando o caráter, assim como o nome, de seu chefe.

O Batismo e Morte de Constantino

O batismo de Constantino deu origem a quase tanta especulação quanto sua conversão. Apesar do grande zelo que ele demonstrava em favor do cristianismo, ele adiou seu batismo e, consequentemente, sua recepção na igreja, até a aproximação de sua morte. Muitos motivos, tanto políticos quanto pessoais, foram sugeridos por diferentes escritores como as razões do adiamento; mas tememos que o verdadeiro era pessoal. A superstição já tinha, nessa época, ensinado os homens a conectarem o perdão dos pecados ao rito do batismo. Sob esse terrível engano Constantino parece ter adiado seu batismo até que não pudesse mais desfrutar de suas honrarias imperiais e saciar suas paixões nos prazeres do mundo. É impossível conceber qualquer indulgência papal mais destrutiva para a alma, mais desonrosa para o cristianismo, e mais perigosa para toda a virtude moral. Era uma licença para que pessoas como Constantino perseguissem os grandes objetos de sua ambição por meio dos tenebrosos caminhos de sangue e crueldade, uma vez que colocava em suas mãos maneiras de conseguir um perdão fácil quando fosse conveniente. Mas, por outro lado, podemos pensar que tenha sido uma grande misericórdia do Senhor que alguém cuja vida privada e doméstica -- assim como sua carreira pública -- fosse tão manchada de sangue, não professasse publicamente o cristianismo ao receber o batismo e participar da ceia do Senhor.

Os bispos, a quem ele chamou ao palácio da Nicomédia em sua última doença, ouviram sua confissão, se deram por satisfeitos e o abençoaram. Eusébio, bispo da Nicomédia, o batizou! Ele agora professava, pela primeira vez, que se Deus poupasse sua vida ele se uniria à assembleia de Seu povo, e que, tendo usado as vestes brancas do neófito, ele jamais usaria novamente o púrpura do imperador. Mas essas decisões foram feitas tarde demais: ele morreu pouco tempo depois de seu batismo, no ano 337.*

{* Vida de Constantino, de Eusébio, p. 147}


Helena, a mãe do imperador, merece uma breve menção. Ele abraçou a religião professada por seu filho. Sua devoção, piedade e generosidade eram grandes. Ela viajou por vários lugares, visitando os lugares sagrados que tinham sido cenários dos principais eventos da história das Escrituras, e ordenou que o templo de Vênus, que Adriano tinha construído no local do santo sepulcro, fosse demolido, e deu instruções para que uma "igreja", que deveria exceder todas as outras em esplendor, fosse construída no local. Ela morreu em 328 d.C.

Já vimos, infelizmente com tanta clareza, a verdade dolorosa das palavras do Senhor, de que a igreja estava habitando onde estava o trono de Satanás. Constantino a deixou lá. Ele a encontrou aprisionada em minas, masmorras e catacumbas, e afastada da luz do céu, e a colocou no trono do mundo. Mas o quadro ainda não está completo: devemos tomar nota de outras características na história, recorrendo à semelhança na epístola.

O reinado de Constantino foi marcado não apenas pela igreja sendo retirada de seu lugar correto através dos enganos de Satanás, mas também pelos amargos frutos dessa mudança degradante. As sementes do erro, da corrupção e da dissensão se espalharam rapidamente, e agora apareciam publicamente perante os tribunais do mundo, e em alguns casos diante do mundo pagão. 

O Verdadeiro Caráter da Igreja Desaparece

Por mais agradável, para a mera natureza, que pudesse parecer a luz do favor imperial, ela foi a destruidora do verdadeiro caráter do cristão individual e da igreja como conjunto. Tanto o testemunho de um Cristo rejeitado na terra quanto de um Cristo exaltado no céu foram esquecidos. O mundo era batizado, em vez de somente os crentes como estando mortos e ressuscitados com Cristo - como tendo morrido em Sua morte, e ressuscitado em Sua ressurreição. A Palavra de Deus é clara: "Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos." (Colossenses 2:12). O batismo é aqui usado como um símbolo tanto da morte quanto da ressurreição. Mas a quem essa solene e sagrada ordenança era agora administrada? Novamente, repetimos: ao mundo romano. A fé em Cristo, o perdão dos pecados e a aceitação no Amado não eram critérios para o batismo por parte do subserviente clero.

Sendo a profissão do cristianismo vista então como o caminho seguro para a riqueza e honra, todos os níveis e classes da sociedade se candidataram ao batismo. Nas festas da Páscoa e do Pentecostes, milhares, todos vestidos com as vestes brancas do neófito*, se aglomeravam ao redor de diferentes "igrejas", aguardando serem batizadas. O número de pessoas era tão grande, e toda a cena era tão marcante, que muitos pensaram que tais novos convertidos fossem a inumerável multidão mencionada no livro do Apocalipse, que estaria diante do Cordeiro trajada de vestes brancas. De acordo com alguns escritores, cerca de doze mil homens, além das mulheres e crianças, foram batizados em um só ano em Roma, e uma túnica branca, com vinte peças de ouro, foi prometida pelo imperador para cada novo convertido das classes mais pobres. Sob tais circunstâncias, e por estes recursos mercenários, concretizou-se a queda do paganismo, e o cristianismo sentou no trono do mundo romano.

{* N. do T.: neófito é o mesmo que "novo convertido". As vestes do neófito eram trajes brancos usados pelos novos convertidos na ocasião do batismo.}

domingo, 3 de julho de 2016

O Testemunho da História

Até mesmo pela história podemos provar que foi melhor para o cristianismo quando os cristãos estavam sofrendo na fogueira por Cristo do que quando foram festejados nos palácios dos reis e cobertos pelos favores reais. Para ilustrar nossa questão, daremos ao leitor uma página da história da grande perseguição sob Diocleciano, e uma dos mais brilhantes dias de Constantino. Citaremos ambos dos escritos de Milman, mais tarde conhecido como Decano de St. Paul, e que, portanto, não pode ser suspeito de injustiça para com o clero. Falaremos apenas dos fiéis. É bem sabido que nas últimas perseguições, quando as assembleias dos cristãos tinham aumentado bastante, muitos provaram a infidelidade no dia da prova, embora estes eram comparativamente poucos, e muitos deles mais tarde se arrependeram.

"A perseguição tinha já durado seis ou sete anos (309), mas em nenhuma parte do mundo o cristianismo demonstrava qualquer sinal de decadência. Estava tão profundamente enraizado nas mentes dos homens, amplamente promulgado e vigorosamente organizado para ser incapaz de suportar esse violento, porém inútil, choque. Se sua adoração pública era suspensa, os crentes se reuniam em secreto, ou cultivavam na inexpugnável privacidade do coração os inalienáveis direitos da consciência. Mas, é claro, a perseguição caiu com maior peso sobre os mais eminentes do corpo. Aqueles que resistiam à morte eram animados pela presença das multidões que, se não se atreviam a aplaudir, mal podiam esconder sua admiração. Mulheres se aglomeravam para beijar as bordas das vestes dos mártires, e suas cinzas espalhadas, ou os ossos insepultos, eram roubados pelo zelo devoto de seus rebanhos."

Sob o decreto emitido do leito de morte de Galério, a perseguição cessou, e aos cristãos foi permitido o livre e público exercício de sua religião. Este tempo de respirar durou apenas alguns meses. Mas que grandiosa a vista do que se seguiu, e que testemunho da verdade e do poder do cristianismo! O Decano continua dizendo:

"A cessação da perseguição acabou por mostrar sua extensão. As portas da prisão foram abertas, as minas devolveram seus trabalhadores condenados, em todo lugar fileiras de cristãos eram vistas se apressando até as ruínas de suas "igrejas" e visitando os lugares santificados por sua antiga devoção. As vias públicas, as ruas e os locais de mercado das cidades ficaram cheias de longas procissões cantando salmos de louvores por sua libertação. Aqueles que tinham mantido sua fé sob essas severas provas receberam as carinhosas congratulações de seus irmãos; aqueles que tinham falhado na hora da aflição se apressaram a confessar seu fracasso e a buscar por readmissão no então alegre rebanho."

Vamos agora nos voltar para o estado alterado das coisas sob Constantino, cerca de vinte anos depois da morte de Galério. Observe a grande mudança na posição do clero.

"Os bispos apareciam como participantes regulares da corte, e as dissensões internas do cristianismo se tornaram assuntos de Estado. O prelado governava, agora nem tanto por sua admitida superioridade na virtude cristã, mas pela inalienável autoridade de seu ofício. Ele abria ou fechava a porta da "igreja", que era equivalente a uma admissão ou exclusão da felicidade eterna. Ele pronunciava as sentenças de excomunhão, que lançava para fora o trêmulo delinquente no meio dos perdidos e moribundos pagãos. Ele tinha seu trono na parte mais distinta do templo cristão, e embora ainda atuasse na presença e em nome de seu colégio de presbíteros, ainda assim era reconhecido como a cabeça de uma grande comunidade, sobre cujo destino eterno ele mantinha um vago, mas não por isso menos imponente e terrível, domínio."*

{* História do Cristianismo, vol. 2, pp. 283-308. Neander, vol. 3, p. 41. Vida de Constantino, por Eusébio.}


Questões intelectuais e filosóficas tomaram o lugar da verdade do evangelho, e a mera religião exterior no lugar da fé, do amor, e da mente voltada para as coisas celestiais. Um Salvador crucificado, a verdadeira conversão, a justificação somente pela fé, a separação do mundo, são assuntos nunca conhecidos por Constantino, e provavelmente nunca introduzidos em sua presença. "A conexão entre o mundo físico e moral tinha se tornado um tópico geral e, pela primeira vez, tinha se tornado uma verdade primária de uma religião popular, e naturalmente, não podia se isentar da mescla com as paixões populares. A humanidade, mesmo dentro da esfera do cristianismo, retornou à condição judia mais inflexível e, em seu espírito, assim como em sua linguagem, o Antigo Testamento começou a dominar sobre o evangelho de Cristo."

Os Efeitos do Favor Real

Chegamos agora à consideração do que tem sido o grande problema histórico dos homens de todos os credos, nações e paixões: a saber, quem causou maior dano à igreja e ao povo de Deus na terra: o Estado, que procura o avanço do cristianismo pelos modos mundanos ao seu comando, ou o poder terreno que se opõe pela violência? Devemos admitir que muito pode ser dito quanto à grande bênção da tolerância imparcial, e das grandes vantagens da supressão legal de todos os costumes perversos para a sociedade; mas o favor da corte sempre foi causa de ruína para a verdadeira prosperidade da igreja de Deus. É uma grande graça não ser molestado, mas é maior ainda a graça de não ser patrocinado por príncipes. O verdadeiro caráter dos cristãos é de estrangeiros e peregrinos neste mundo. A posse de Cristo, e de Cristo no céu, mudou tudo para os cristãos na terra. Eles agora pertenciam ao céu, e agora eram estrangeiros na terra. Eles são os servos de Cristo no mundo, embora não sejam do mundo. O céu é seu lar; aqui eles não têm cidade permanente. O que a igreja deveria esperar de um mundo que crucificou o seu Senhor? Ou ainda, o que ela deveria aceitar deste mundo? Sua verdadeira porção aqui é o sofrimento e rejeição; como diz o apóstolo: "Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro." O Senhor pode poupar Seu povo, mas se a prova deve vir, não devemos pensar que algo estranho nos tenha acontecido. "No mundo tereis aflições" (Romanos 8:36, João 16:33)

domingo, 26 de junho de 2016

Constantino como "Cabeça da Igreja" e Sumo Sacerdote dos Pagãos

Após a total derrota de Licínio, à qual já nos referimos, todo o mundo romano estava reunido sob o cetro de Constantino. Em sua proclamação emitida aos seus novos súditos no Oriente, ele declara a si mesmo como o instrumento de Deus para a disseminação da verdadeira fé, e que Deus tinha lhe dado a vitória sobre todos os poderes das trevas, de modo que sua própria adoração por seus próprios meios fosse universalmente estabelecida. "Liberdade", diz ele, em uma carta a Eusébio, "sendo mais uma vez restaurada e, pela providência do grande Deus e de meu próprio ministério, o dragão sendo expulso da ministração do Estado, eu confio que o poder divino tenha se tornado manifesto a todos, e que aqueles que, através do medo ou incredulidade tenham caído em muitos crimes, chegarão ao conhecimento do verdadeiro Deus, e à correta e verdadeira ordem em suas vidas." Constantino tinha então tomado seu lugar mais abertamente a todo o mundo como a "cabeça da igreja"; mas ao mesmo tempo retinha o ofício de Pontifex Maximus - o sumo sacerdote do paganismo; a isto ele nunca renunciou, tendo morrido como "cabeça da igreja" e sumo sacerdote do paganismo.

Esta aliança profana, ou mistura profana da qual já falamos, e que é mencionada e lamentada na carta a Pérgamo, se encontra em todos os passos na história desse grande príncipe histórico. Mas tendo já visto algumas explicações sobre a carta, deixaremos que o próprio leitor compare a verdade e a história de forma piedosa. Que misericórdia termos tal guia ao estudarmos esse marcante período da história da igreja!

Dentre os primeiros atos do agora único imperador do mundo estava a revogação de todos os decretos de Licínio contra os cristãos. Ele libertou todos os prisioneiros das masmorras e das minas, ou da servil e humilhante ocupação a qual eles tivessem sido desdenhosamente condenados. Todos os que foram privados de seus postos no exército ou no serviço civil foram restaurados, e restituições foram feitas para as propriedades das quais tinham sido despojados. Ele emitiu um decreto endereçado a todos os seus súditos, aconselhando-lhes a abraçar o evangelho, mas não pressionando ninguém; ele desejava que fosse uma questão de convicção. Ele esforçou-se, no entanto, em torná-lo atraente concedendo lugares e honras a prosélitos das mais altas classes e doações aos pobres - uma atitude que, como reconhece Eusébio, produziu uma grande quantidade de hipocrisia e conversão fingida. Ele ordenou que "igrejas" fossem construídas em todos os lugares, e que tivessem o tamanho suficiente para acomodar toda a população. Ele proibiu a construção de estátuas aos deuses, e não permitia que sua própria estátua fosse colocada nos templos. Todos os sacrifícios oficiais foram proibidos, e de muitas formas ele se esforçou em elevar o cristianismo e suprimir o paganismo.

Postagens populares