domingo, 3 de julho de 2016

O Testemunho da História

Até mesmo pela história podemos provar que foi melhor para o cristianismo quando os cristãos estavam sofrendo na fogueira por Cristo do que quando foram festejados nos palácios dos reis e cobertos pelos favores reais. Para ilustrar nossa questão, daremos ao leitor uma página da história da grande perseguição sob Diocleciano, e uma dos mais brilhantes dias de Constantino. Citaremos ambos dos escritos de Milman, mais tarde conhecido como Decano de St. Paul, e que, portanto, não pode ser suspeito de injustiça para com o clero. Falaremos apenas dos fiéis. É bem sabido que nas últimas perseguições, quando as assembleias dos cristãos tinham aumentado bastante, muitos provaram a infidelidade no dia da prova, embora estes eram comparativamente poucos, e muitos deles mais tarde se arrependeram.

"A perseguição tinha já durado seis ou sete anos (309), mas em nenhuma parte do mundo o cristianismo demonstrava qualquer sinal de decadência. Estava tão profundamente enraizado nas mentes dos homens, amplamente promulgado e vigorosamente organizado para ser incapaz de suportar esse violento, porém inútil, choque. Se sua adoração pública era suspensa, os crentes se reuniam em secreto, ou cultivavam na inexpugnável privacidade do coração os inalienáveis direitos da consciência. Mas, é claro, a perseguição caiu com maior peso sobre os mais eminentes do corpo. Aqueles que resistiam à morte eram animados pela presença das multidões que, se não se atreviam a aplaudir, mal podiam esconder sua admiração. Mulheres se aglomeravam para beijar as bordas das vestes dos mártires, e suas cinzas espalhadas, ou os ossos insepultos, eram roubados pelo zelo devoto de seus rebanhos."

Sob o decreto emitido do leito de morte de Galério, a perseguição cessou, e aos cristãos foi permitido o livre e público exercício de sua religião. Este tempo de respirar durou apenas alguns meses. Mas que grandiosa a vista do que se seguiu, e que testemunho da verdade e do poder do cristianismo! O Decano continua dizendo:

"A cessação da perseguição acabou por mostrar sua extensão. As portas da prisão foram abertas, as minas devolveram seus trabalhadores condenados, em todo lugar fileiras de cristãos eram vistas se apressando até as ruínas de suas "igrejas" e visitando os lugares santificados por sua antiga devoção. As vias públicas, as ruas e os locais de mercado das cidades ficaram cheias de longas procissões cantando salmos de louvores por sua libertação. Aqueles que tinham mantido sua fé sob essas severas provas receberam as carinhosas congratulações de seus irmãos; aqueles que tinham falhado na hora da aflição se apressaram a confessar seu fracasso e a buscar por readmissão no então alegre rebanho."

Vamos agora nos voltar para o estado alterado das coisas sob Constantino, cerca de vinte anos depois da morte de Galério. Observe a grande mudança na posição do clero.

"Os bispos apareciam como participantes regulares da corte, e as dissensões internas do cristianismo se tornaram assuntos de Estado. O prelado governava, agora nem tanto por sua admitida superioridade na virtude cristã, mas pela inalienável autoridade de seu ofício. Ele abria ou fechava a porta da "igreja", que era equivalente a uma admissão ou exclusão da felicidade eterna. Ele pronunciava as sentenças de excomunhão, que lançava para fora o trêmulo delinquente no meio dos perdidos e moribundos pagãos. Ele tinha seu trono na parte mais distinta do templo cristão, e embora ainda atuasse na presença e em nome de seu colégio de presbíteros, ainda assim era reconhecido como a cabeça de uma grande comunidade, sobre cujo destino eterno ele mantinha um vago, mas não por isso menos imponente e terrível, domínio."*

{* História do Cristianismo, vol. 2, pp. 283-308. Neander, vol. 3, p. 41. Vida de Constantino, por Eusébio.}


Questões intelectuais e filosóficas tomaram o lugar da verdade do evangelho, e a mera religião exterior no lugar da fé, do amor, e da mente voltada para as coisas celestiais. Um Salvador crucificado, a verdadeira conversão, a justificação somente pela fé, a separação do mundo, são assuntos nunca conhecidos por Constantino, e provavelmente nunca introduzidos em sua presença. "A conexão entre o mundo físico e moral tinha se tornado um tópico geral e, pela primeira vez, tinha se tornado uma verdade primária de uma religião popular, e naturalmente, não podia se isentar da mescla com as paixões populares. A humanidade, mesmo dentro da esfera do cristianismo, retornou à condição judia mais inflexível e, em seu espírito, assim como em sua linguagem, o Antigo Testamento começou a dominar sobre o evangelho de Cristo."

Os Efeitos do Favor Real

Chegamos agora à consideração do que tem sido o grande problema histórico dos homens de todos os credos, nações e paixões: a saber, quem causou maior dano à igreja e ao povo de Deus na terra: o Estado, que procura o avanço do cristianismo pelos modos mundanos ao seu comando, ou o poder terreno que se opõe pela violência? Devemos admitir que muito pode ser dito quanto à grande bênção da tolerância imparcial, e das grandes vantagens da supressão legal de todos os costumes perversos para a sociedade; mas o favor da corte sempre foi causa de ruína para a verdadeira prosperidade da igreja de Deus. É uma grande graça não ser molestado, mas é maior ainda a graça de não ser patrocinado por príncipes. O verdadeiro caráter dos cristãos é de estrangeiros e peregrinos neste mundo. A posse de Cristo, e de Cristo no céu, mudou tudo para os cristãos na terra. Eles agora pertenciam ao céu, e agora eram estrangeiros na terra. Eles são os servos de Cristo no mundo, embora não sejam do mundo. O céu é seu lar; aqui eles não têm cidade permanente. O que a igreja deveria esperar de um mundo que crucificou o seu Senhor? Ou ainda, o que ela deveria aceitar deste mundo? Sua verdadeira porção aqui é o sofrimento e rejeição; como diz o apóstolo: "Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro." O Senhor pode poupar Seu povo, mas se a prova deve vir, não devemos pensar que algo estranho nos tenha acontecido. "No mundo tereis aflições" (Romanos 8:36, João 16:33)

domingo, 26 de junho de 2016

Constantino como "Cabeça da Igreja" e Sumo Sacerdote dos Pagãos

Após a total derrota de Licínio, à qual já nos referimos, todo o mundo romano estava reunido sob o cetro de Constantino. Em sua proclamação emitida aos seus novos súditos no Oriente, ele declara a si mesmo como o instrumento de Deus para a disseminação da verdadeira fé, e que Deus tinha lhe dado a vitória sobre todos os poderes das trevas, de modo que sua própria adoração por seus próprios meios fosse universalmente estabelecida. "Liberdade", diz ele, em uma carta a Eusébio, "sendo mais uma vez restaurada e, pela providência do grande Deus e de meu próprio ministério, o dragão sendo expulso da ministração do Estado, eu confio que o poder divino tenha se tornado manifesto a todos, e que aqueles que, através do medo ou incredulidade tenham caído em muitos crimes, chegarão ao conhecimento do verdadeiro Deus, e à correta e verdadeira ordem em suas vidas." Constantino tinha então tomado seu lugar mais abertamente a todo o mundo como a "cabeça da igreja"; mas ao mesmo tempo retinha o ofício de Pontifex Maximus - o sumo sacerdote do paganismo; a isto ele nunca renunciou, tendo morrido como "cabeça da igreja" e sumo sacerdote do paganismo.

Esta aliança profana, ou mistura profana da qual já falamos, e que é mencionada e lamentada na carta a Pérgamo, se encontra em todos os passos na história desse grande príncipe histórico. Mas tendo já visto algumas explicações sobre a carta, deixaremos que o próprio leitor compare a verdade e a história de forma piedosa. Que misericórdia termos tal guia ao estudarmos esse marcante período da história da igreja!

Dentre os primeiros atos do agora único imperador do mundo estava a revogação de todos os decretos de Licínio contra os cristãos. Ele libertou todos os prisioneiros das masmorras e das minas, ou da servil e humilhante ocupação a qual eles tivessem sido desdenhosamente condenados. Todos os que foram privados de seus postos no exército ou no serviço civil foram restaurados, e restituições foram feitas para as propriedades das quais tinham sido despojados. Ele emitiu um decreto endereçado a todos os seus súditos, aconselhando-lhes a abraçar o evangelho, mas não pressionando ninguém; ele desejava que fosse uma questão de convicção. Ele esforçou-se, no entanto, em torná-lo atraente concedendo lugares e honras a prosélitos das mais altas classes e doações aos pobres - uma atitude que, como reconhece Eusébio, produziu uma grande quantidade de hipocrisia e conversão fingida. Ele ordenou que "igrejas" fossem construídas em todos os lugares, e que tivessem o tamanho suficiente para acomodar toda a população. Ele proibiu a construção de estátuas aos deuses, e não permitia que sua própria estátua fosse colocada nos templos. Todos os sacrifícios oficiais foram proibidos, e de muitas formas ele se esforçou em elevar o cristianismo e suprimir o paganismo.

A União da Igreja com o Estado

No mês de março de 313, os proclamas da aliança profana entre a igreja e o Estado foram publicados em Milão. O celebrado decreto daquela data conferiu aos cristãos completa tolerância, e abriu o caminho para o estabelecimento legal do cristianismo e para sua ascensão sobre todas as outras religiões. Isto foi publicamente demonstrado no novo estandarte imperial - o Lábaro. Além das iniciais de Cristo* e do símbolo de Sua cruz, havia também uma imagem do imperador em ouro. Estes signos, ou motes, foram concebidos como objetos de adoração, tanto para os soldados pagãos quanto cristãos, e para animar-lhes o entusiasmo no dia da batalha. Assim, aquele que é chamado de grande imperador cristão uniu publicamente o cristianismo e a idolatria.

{* As letras normalmente empregadas para representar o nome do Salvador eram LH.S, que significa Jesu Hominum Salvator - Jesus, o Salvador dos homens.}

Mas se temos entendido a mente de Constantino corretamente, não podemos hesitar em dizer que, naquele tempo, ele era um pagão de coração, e um cristão apenas por motivos militares. Foi apenas como um soldado supersticioso que ele tinha abraçado o cristianismo. Naquele momento ele estava pronto para receber a assistência de qualquer divindade tutelar em suas lutas pelo império universal. Não podemos ver qualquer traço de cristianismo, muito menos qualquer traço de zelo de um novo convertido: mas podemos facilmente identificar os traços da velha superstição do paganismo na roupagem nova de cristianismo. Se não fosse por tais considerações, o Lábaro teria sido a exibição da mais ousada desonra ao bendito Senhor. Mas foi tudo feito em ignorância. Ele estava também ansioso em atender às mentes de seus soldados e súditos pagãos, e dissipar-lhes os medos quanto à segurança de sua velha religião.

Os primeiros decretos de Constantino, embora favoráveis ao cristianismo em seus efeitos, foram dados em termos cautelosos de modo a não interferir nos direitos e liberdades do paganismo. Mas os cristãos gradualmente foram crescendo em seu favor, e seus atos de bondade e liberalidade falaram mais alto que os decretos. Ele não somente os restaurou quanto aos seus direitos civis e religiosos dos quais tinham sido privados, e as "igrejas" e propriedades que lhes tinham sido publicamente confiscadas na perseguição diocleciana; como também permitiu-lhes, por seus próprios presentes generosos, construir muitos novos lugares para suas assembleias. Ele demonstrou grande favor aos bispos e os tinha constantemente com ele no palácio, em suas viagens e em suas guerras. Ele também demonstrou seu grande respeito pelos cristãos ao entregar a educação de seu filho Crispo nas mãos do celebrado cristão Lactâncio. Mas com todo esse patrocínio real, ele assumiu a supremacia sobre os assuntos da igreja. Ele aparecia nos sínodos dos bispos sem seus guardas, se misturava em seus debates, e controlava a resolução das questões religiosas. A partir desse tempo o termo "Católica" era aplicado invariavelmente, em todos os documentos oficiais, à igreja.

A Condição na Qual Constantino Encontrou a Igreja

Até esse tempo a igreja tinha sido perfeitamente livre e independente do Estado. Ela tinha uma constituição divina direta dos céus - e fora do mundo. Ela trilhava seu caminho, não pelo patrocínio do Estado, mas por poder divino, contra qualquer influência hostil. Em vez de receber apoio do governo civil, ela tinha sido perseguida desde o início como um inimigo estrangeiro, como uma obstinada e pestilenta superstição. Dez vezes foi permitido ao diabo levantar contra ela todo o mundo romano, que dez vezes teve que confessar sua fraqueza e derrota. Se ela tivesse mantido em mente o dia de suas bodas e o amor daquEe que diz "Nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja" (Efésios 5:29), ela nunca teria aceitado a proteção de Constantino ao custo de sua fidelidade a Cristo. Mas a igreja como um todo estava agora muito misturada com o mundo, e muito longe de seu primeiro amor.

Já vimos que, desde os dias dos apóstolos, houve um crescente amor pelo mundo e por sua pompa exterior. Por causa desta tendência, tão natural a nós todos, o Senhor permitiu, em amor, que Satanás a perseguisse. Mas a igreja, em vez de aceitar a prova como um castigo vindo da mão do Senhor, e desejando o mundanismo, se cansou de seu lugar e caminho de rejeição, e pensando que ainda assim poderia agradar e servir ao Senhor, passou a andar sob a luz do mundo. Esta ilusão satânica foi cumprida por Constantino, embora ele não soubesse o que estava fazendo. "Quaisquer que fossem os motivos de sua conversão", diz Milman, "Constantino, sem dúvida, adotou uma política prudente e criteriosa, ao garantir a aliança, em vez de continuar a luta, com um adversário que dividia a riqueza, o intelecto, se não também a propriedade e a população do império."

sábado, 25 de junho de 2016

A História Religiosa de Constantino

Tudo o que sabemos sobre a religião de Constantino até o período de sua assim chamada "conversão" indica que ele era, exteriormente, se não zelosamente, um pagão. O próprio Eusébio admite que ele estava, nesta época, em dúvida sobre qual religião abraçaria. Política, superstição, hipocrisia e inspiração sobrenatural foram as influências decisivas, em menor ou maior grau, em sua futura história religiosa. Mas seria certamente injusto supor que sua profissão do cristianismo, e suas declarações públicas em seu favor, eram nada mais do que uma deliberada e intencional hipocrisia. Tanto seu caminho religioso quanto eclesiástico admitem uma explicação muito mais elevada e natural. Mas também não podemos acreditar que tenha havido algo de inspiração divina, seja em sua visão ao meio-dia ou em seu sonho à noite. Pode ter ocorrido alguma aparição incomum no sol ou nas nuvens, que a imaginação converteu em um sinal miraculoso da cruz; e a outra aparição pode ter sido fruto do exagero de um sonho em decorrência de seu estado de elevada ansiedade: mas toda essa história pode agora ser considerada uma fábula, cheia de bajulações ao grande imperador, e muito gratificante para seu grande admirador e panegirista, Eusébio. Não há como colocá-la entre os registros autênticos da História.

Política e superstição tiveram, sem dúvida, uma grande influência na mudança que se operou na mente de Constantino. Desde sua juventude ele tinha testemunhado a perseguição aos cristãos e deve ter observado uma vitalidade na religião deles que se erguia acima do poder de seus perseguidores, e sobrevivia diante da queda de todos os outros sistemas. Ele tinha visto um imperador após outro, que tinham sido inimigos públicos do cristianismo, morrerem a mais terrível morte. Apenas seu pai - dentre todos os imperadores - o protetor do cristianismo durante a longa perseguição, tinha descido a um túmulo honrado e pacífico. Fatos tão marcantes não poderiam falhar em influenciar a mente supersticiosa de Constantino. Além disso, ele pode ter apreciado com sagacidade política a influência moral do cristianismo, sua tendência a impor obediência pacífica ao governo civil, e a imensa adesão que obviamente havia na mente de quase metade de seu império.

Os motivos do imperador, no entanto, são fazem parte da nossa história, não necessitando nos ocupar por muito mais tempo. Porém, de modo a enxergarmos com mais clareza esse período tão importante e de grande reviravolta na história da igreja, pode ser interessante olhar para o estado da igreja em que Constantino a encontrou em 313, e como ele a deixou em 337.

domingo, 19 de junho de 2016

O Decreto de Constantino e Licínio (313 d.C.)

O vitorioso imperador fez uma rápida visita a Roma. Dentre outras coisas que ele fez ali, ele ordenou que fosse erguida, no fórum, uma estátua sua segurando em sua mão direita o estandarte em forma de uma cruz, com a seguinte inscrição: "Por este sinal salutar, o verdadeiro símbolo de coragem, eu liberto tua cidade do jugo do tirano." Maxêncio foi encontrado no rio Tibre na manhã após a batalha. O imperador evidentemente sentiu que estava em débito para com o Deus dos cristãos e para com o símbolo sagrado da cruz por suas vitórias. E isto, ousamos dizer, foi o ponto máximo de seu cristianismo naquele tempo. Como um homem, ele não tinha sentido necessidade de um Salvador, se é que alguma vez sentiu. Mas como guerreiro, ele abraçou a religião cristã com seriedade. Mais tarde, como um homem do Estado, ele reconheceu e valorizou o cristianismo, mas só Deus sabe se alguma vez, como um pecador perdido, ele aceitou o Salvador. É difícil para príncipes serem cristãos.

Constantino procede, então, em direção ao Ilírico para se encontrar com Licínio, com quem tinha formado uma aliança secreta antes de ir ao confronto contra Maxêncio. Os dois imperadores se encontraram em Milão, onde a aliança deles foi ratificada pelo casamento de Licínio com a filha de Constantino. Foi durante esse momento de paz que Constantino persuadiu Licínio para que consentisse em repelir os decretos de perseguição de Diocleciano, e a emissão de um novo decreto de completa tolerância. Tendo nisto concordado, um decreto público, assinados por ambos Constantino e Licínio, foi emitido em Milão, em 313 d.C., em favor dos cristãos, o que pode ser considerado como a maior garantia oficial da liberdade deles. Completa e ilimitada tolerância lhes foi concedida; suas "igrejas" e propriedades foram restauradas sem compensação; e, assim, exteriormente, o cristianismo florescia.

Mas a paz entre os imperadores, que parecia ter sido estabelecida sobre um fundamento firme, foi logo interrompida. Inveja, amor ao poder e a ambição pela soberania no império Romano não permitiriam que ficassem por muito tempo em paz. Uma guerra irrompeu no ano 314, mas Licínio foi derrotado com grandes perdas, tanto de homens quanto de território. Uma nova época de paz novamente começou, que durou cerca de nove ano. Uma nova guerra tornou-se inevitável, e mais uma vez assumiu a forma de embate religioso entre os imperadores rivais. Licínio aderiu à causa dos sacerdotes pagãos e perseguiu os cristãos. Ele condenou à morte muitos dos bispos que ele sabia que eram muito especiais e favoritos na corte de seu rival. Ambos os partidos faziam agora preparativos para um confronto que deveria resolver definitivamente a questão. Licínio, antes de sair para a guerra, sacrificou aos deuses e os louvou em discurso público. Constantino, por outro lado, confiou no Deus cujo símbolo acompanhava seu exército. Os dois exércitos hostis se encontraram. A batalha foi feroz, obstinada e sanguinária. Licínio não era um adversário qualquer, mas o gênio dominante, a atividade e a coragem de Constantino prevaleceu. A vitória estava completa. Licínio sobreviveu a sua derrota por cerca de apenas um ano. Ele morreu, ou talvez tenha sido assassinado em privado, em 326. Constanino tinha agora alcançado o auge de sua ambição. Ele se tornou o único soberano do Império Romano, e continuou assim até sua morte em 337. Para uma descrição da carreira política e militar desse grande príncipe devemos indicar ao leitor a história civil; vamos agora brevemente tomar nota de sua carreira religiosa.

Postagens populares