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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Capítulo 3: A Perseguição e Dispersão dos Discípulos

Após a morte de Estêvão uma grande perseguição começou (Atos 8). Os líderes judeus pareciam ter ganho uma vitória sobre os discípulos, e estavam determinados a prosseguir com seu aparente triunfo com a maior violência. Mas Deus, que está acima de todos, e que sabe como conter as crescentes paixões dos homens, anulou a posição deles para o cumprimento de Sua própria vontade.

O homem ainda não tinha aprendido a verdade do provérbio, que "o sangue dos mártires é a semente da igreja." No caso do primeiro e mais nobre dos mártires, o provérbio foi plenamente verificado. Mas em todas essas vinte centenas de anos os homens têm sido lentos para aprender, ou crer, nesse simples fato histórico. A perseguição, geralmente falando, tinha feito aumentar a causa que procuravam reprimir. Isso tem se provado verdadeiro na maioria dos casos,  em qualquer tipo  de perseguição  ou  de oposição. Resistência, decisão e firmeza são criadas por tal tratamento. Verdadeiramente, mentes tímidas podem ser levadas à apostasia por um tempo sob a perseguição; mas quão comumente tais, com o mais profundo arrependimento, e de modo a recuperar sua antiga posição, suportaram com a maior alegria os mais agudos sofrimentos, e mostraram em seus últimos momentos a maior fortaleza! Mas a perseguição, de uma forma ou de outra, deve ser esperada pelos seguidores de Jesus. Eles são exortados a tomar sua cruz diariamente e segui-Lo. Isto testa a sinceridade de nossa fé, a pureza de nossos motivos, a força de nossa afeição por Cristo, e a medida de nossa confiança nEle.

Aqueles que não são verdadeiros de coração para Cristo com certeza irão cair em tempos de afiada perseguição. Mas o amor pode perdurar até o fim, quando não houver mais nada a fazer. Vemos isso perfeitamente no próprio bendito Senhor. Ele suportou a cruz - que era de Deus: Ele desprezou a vergonha - que foi do homem. Foi em meio à vergonha e sofrimentos da cruz que toda a força do Seu amor apareceu, e na qual Ele triunfou sobre tudo. Nada poderia afastar Seu amor do objeto deste, ou seja, do Pai, pois era mais forte que a morte. Nisso, assim como em todas as coisas, Ele nos deixou um exemplo, de que devemos andar em Seus passos. Que possamos sempre ser encontrados seguindo-O de perto!

Da história da igreja em Atos aprendemos que o efeito do martírio de Estêvão foi a imediata propagação da verdade que seus perseguidores estavam tentando impedir. As impressões produzidas por tal testemunho, e tal morte, devem ter sido avassaladoras para seus inimigos, e convincentes para os imparciais e indecisos. O último recurso da crueldade humana é a morte. No entanto, é maravilhoso dizer que a fé cristã, em sua primeira dificuldade, provou-se mas forte que a morte em sua forma mais assustadora. O inimigo foi testemunha disso, e sempre se lembraria. Estêvão estava sobre a Pedra, e as portas do inferno não podiam prevalecer contra Ela.

Toda a igreja em Jerusalém, na ocasião, foi dispersa; mas eles iam por toda a parte pregando a Palavra. Como a nuvem que voa com o vento, levando sua chuva fresca a terras secas, assim os discípulos foram expulsos de Jerusalém pela tempestade da perseguição, levando as águas da vida às almas sedentes de terras distantes. "E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos" (Atos 8:1). Alguns historiadores pensam que o fato dos apóstolos permanecerem em Jerusalém quando os discípulos fugiram prova, da parte deles, maior firmeza e fieldade na causa de Cristo, mas estamos dispostos a julgar o fato de modo diferente, e a considerá-lo uma falha em vez de fieldade. A comissão do Senhor a eles era: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28:19). E eles tinham sido ensinados: "Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra" (Mateus 10:23). Até onde a história das Escrituras nos informa, a comissão nunca foi realizada pelos doze. No entanto, Deus era poderoso em Paulo, para com os gentios, e em Pedro para com os judeus.

O Espírito Santo agora vai além de Jerusalém, para manifestar poder em terras estrangeiras - que solene verdade! Mas aquela cidade culpada preferia a dominação de Roma à ressurreição em poder de seu próprio Messias. "Que faremos?", diziam os judeus, "porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação." (João 11:47-48). Eles rejeitaram o Messias em Sua humilhação, e agora eles rejeitam o testemunho do Espírito Santo sobre Sua exaltação. A iniquidade deles era completa, e a ira se aproximava deles até o fim. Mas, por ora, nossa tarefa, seguindo o curso da história da igreja, é acompanhar o Espírito Santo em seu caminho a Samaria. Seu caminho é a linha prateada da graça salvadora para almas preciosas.

domingo, 20 de julho de 2014

O Primeiro Mártir Cristão

Estêvão, diácono e evangelista, é o primeiro a receber a coroa do martírio pelo nome de Jesus. Ele permanece à frente do "nobre exército dos mártires". Ele é perfeito como uma figura - um protótipo de um verdadeiro mártir. Firme e inabalável em sua fé. Ousado e destemido diante de seus acusadores. Aguçado e fiel em sua defesa diante do Sinédrio. Livre da malícia em suas mais fortes declarações. Cheio de caridade para com todos os homens, ele sela seu testemunho com seu sangue, e então dorme em Jesus.

Em alguns aspectos, Estêvão lembra o próprio bendito Senhor. "Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (Atos 7:59), parece com "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" (Lucas 23:46); e de novo, "Senhor, não lhes imputes este pecado" (Atos 7:60), lembra "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lucas 23:34), apesar de Estêvão não indicar a ignorância deles.

Já podemos ver que problemas, tanto do lado de dentro quanto do lado de fora, atacam a jovem igreja. É verdade que a palavra de Deus aumentou, multidões foram convertidas, e uma grande parte dos sacerdotes eram obedientes à fé. Porém os gregos, ou helenistas (judeus de origem grega), murmuravam contra os hebreus (nativos da Judeia), porque suas viúvas eram negligenciadas na ministração diária. Isto levou à nomeação de sete diáconos (Atos 6). Pelos seus nomes aqui dados, parece que os sete escolhidos eram gregos - todos do lado dos murmuradores. Assim o Espírito de Deus dominou em graça. Estêvão era um deles, e neste caso, a palavra do apóstolo foi exemplificada: aqueles que "servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus." (1 Timóteo 3:13). Ele era cheio de fé e poder, e fazia grandes maravilhas e milagres entre o povo. A energia do Espírito Santo se manifestava especialmente em Estêvão.

Havia diferentes sinagogas em Jerusalém apropriadas para diferentes raças de judeus. Foram as sinagogas dos libertinos, dos cireneus, etc., que se opunham a Estêvão. Mas "não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava". Segue-se, então, o que tem geralmente acontecido com os que confessam a Jesus em todas as eras: incapazes de respondê-lo, eles o acusam perante o conselho. Falsas testemunhas são subornadas para jurar que eles o tinham ouvido falar "palavras blasfemas contra Moisés, e contra Deus", e que Jesus de Nazaré destruiria aquele lugar e mudaria os costumes entregues a eles por Moisés. O caso estava agora diante do Sinédrio - o julgamento começa. Mas o que seus juízes teriam pensado quando viram sua face radiante como a face de um anjo?

Temos o nobre discurso de Estêvão aos chefes da nação diante de nós. Convincente, desconcertante e esmagador. Sem dúvidas, foi um testemunho do Espírito Santo aos judeus, da boca de Estêvão, e ainda mais humilhante para os orgulhosos judeus: ouvirem sua condenação dos lábios de um helenista. Mas o Espírito de Deus, quando sem impedimentos pelos arranjos do homem, opera por quem Ele quer.

Estêvão recapitula, em linguagem ousada, os principais pontos de sua história nacional. Ele fala especialmente das histórias de José e de Moisés. O primeiro, seus pais {*os outros dos doze filhos de Jacó} o haviam vendido aos gentios, e o último desprezaram como príncipe e juiz. Ele também os acusa de sempre resistir ao Espírito Santo - de sempre desobedecerem a lei - e agora por terem sido os traidores e assassinos do Justo. Aqui a testemunha fiel de Cristo foi interrompida. Não lhe foi permitido terminar seu discurso - uma figura, tão verdadeira, do tratamento para com os mártires daqueles dias até hoje. Os murmúrios, a indignação, a fúria do Sinédrio, estavam fora de controle. "E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele." (Atos 7:54). Mas, em vez de dar prosseguimento ao discurso, ele entra em êxtase de coração ao Senhor e fixa seus olhos no Céu - o lar e centro de união para todo Seu povo.

"Eis que vejo", diz Estêvão, "os céus abertos" (Atos 7:56). Ele está cheio do Espírito Santo enquanto olha para o alto, e vê o Filho do homem de pé, ali, pronto para receber seu espírito. "Tal é", escreveu alguém, "a posição do verdadeiro crente - ligado ao Céu, bem acima da Terra - na presença do mundo que rejeitou a Cristo, um mundo assassino. O crente, vivo na morte, vê, pelo poder do Espírito, o Céu, e o Filho do homem à direita de Deus. Estêvão não diz 'Jesus'. O Espírito O caracteriza como 'o Filho do homem'. Que precioso testemunho para o homem! Não é sobre a glória que Ele aqui testifica, mas sim sobre o Filho do homem na glória, tendo os céus abertos diante dele... Quanto ao objeto de fé e a posição do crente, essa cena é definitivamente característica."

Eis o proeminente, o mais próximo ao trono
Perfeitas vestes triunfais trajando
Aí está o que mais ao mestre se assemelha
Este santo, este Estêvão que se ajoelha
Fixando o olhar enquanto os céus
Se abriam aos seus olhos que se fechavam
Que, tal como lâmpada quase apagada retoma seu fulgor,
E faz vê-lo o que a morte esconde a rigor.

Ele, que  parece estar na  terra
Há de voar como pomba vera
E da amplitude do céu sem nuvens
Extrair o mais puro dos ares
Para que os homens contemplem sua face angelical
Plena do resplendor da graça celestial,
Mártir íntegro, apto a se conformar
À morte de Jesus, vitória sem par!


(tradução livre da poesia constante da edição original em inglês)

Já examinamos, com certo cuidado e minúcia, a primeira seção da história da igreja. Temos sido os mais cuidadosos possível, uma vez que as histórias sobre a igreja, em geral, começam em um período posterior. A maioria começa onde as Escrituras terminam, ao menos quanto aos detalhes. Nenhuma das que temos referem-se a Mateus 16, e poucas tentam um exame crítico de Atos dos Apóstolos que, afinal, é a única parte de sua história que comanda nossa fé, e que tem uma reivindicação absoluta de nossa obediência.

No capítulo 8 encontramos o Espírito Santo em Samaria operando por Filipe. Ele tinha, por assim dizer, deixado Jerusalém. Isso marca uma época distinta na história da igreja, especialmente em sua conexão com Jerusalém. Deixemos, por enquanto, os judeus enfurecidos e perseguidores, e sigamos o caminho do Espírito à cidade de Samaria. Será, no entanto, de proveito olharmos por um momento ao que alguns têm chamado de a terceira perseguição.

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