Por um quarto decreto as ordens que se aplicavam apenas ao clero foram então estendidas a todo o corpo de cristãos. Os magistrados foram instruídos a usar livremente da tortura para forçar todos os cristãos - homens, mulheres e crianças - à adoração aos deuses. Diocleciano e todos os seus colegas estavam agora comprometidos com essa batalha desesperada e desigual. Os poderes das trevas - todo o Império Romano - puseram-se em pé, armados, determinados, comprometidos com a defesa do antigo politeísmo e com o completo extermínio do nome cristão. Recuar seria o mesmo que confessar fraqueza, e para saírem bem-sucedidos o adversário devia ser exterminado; mas não podia haver vitória, pois os cristãos não ofereciam resistência. Historicamente, este foi o confronto final e temível entre o paganismo e o cristianismo; a batalha estava agora em seu auge, e chegando a uma crise.
Uma proclamação pública foi feita através das ruas das cidades, de que homens, mulheres e crianças deviam todos ajudar a reparar os templos dos deuses. Todos deviam ser submetidos à prova de fogo: sacrificar ou morrer. Cada indivíduo foi convocado pelo nome a partir de listas previamente criadas. Às portas das cidades todos eram submetidos a um exame rígido, e aqueles que descobria-se serem cristãos eram imediatamente presos.
Detalhes sobre os sofrimentos e martírios que se seguiram encheriam volumes. À medida que os decretos se seguiam em rápida sucessão e irada severidade, o espírito do martírio revivia, e fortalecia-se mais e mais, até que homens e mulheres, em vez de serem presos e arrastados à fogueiras, lançavam-se nas chamas ardentes, como se subissem ao céu em carruagens de fogo. Famílias inteiras foram submetidas a vários tipos de morte, algumas pelo fogo, outros pela água, após suportarem severas torturas, alguns pereciam de fome, outros por crucificação, e alguns foram presos de cabeça para baixo e deixados vivos, para que morressem uma morte lenta. Em alguns lugares dez, vinte, sessenta e até cem homens e mulheres, com seus pequeninos, foram martirizados por meio de vários tormentos em um único dia.*
{* Para conhecer os nomes e detalhes sobre muitos desses sofredores, veja Milner, vol. 1, pp. 473-506.}
Em quase todas as partes do mundo romano tais cenas de barbárie impiedosa continuaram com mais ou menos severidade pelo longo período de dez anos. Apenas Constâncio, dentre todos os imperadores, inventou meios de proteger os cristãos no Ocidente, especialmente na Gália, onde residia. Mas em todos os outros lugares eles foram entregues a toda a sorte de crueldades e injúrias, sem o direito de poder apelar às autoridades, e sem a mínima proteção do Estado. Foi dada livre licença à população pagã para praticarem toda sorte de excessos contra os cristãos. Sob tais circunstâncias o leitor pode facilmente imaginar ao que eles eram constantemente expostos, tanto em suas vidas quanto em suas propriedades. Os ímpios se sentiam seguros de jamais serem chamados a responder por qualquer violência contra os cristãos pelas quais fossem culpados. Mas os sofrimentos dos homens, embora grandes, pareciam poucos comparados aos das mulheres. O medo da exposição e violência era mais temida do que a mera morte.
Vamos tomar um exemplo. "Certa mulher santa e devota", diz Eusébio, "admirável por sua virtude, e ilustre, acima de tudo, na Antioquia por sua riqueza, família e reputação, tinha educado suas duas filhas - então na flor da idade e conhecidas por sua beleza - nos princípios da piedade. O esconderijo onde estavam foi descoberto, e elas foram capturadas nas malhas da soldadesca. A mãe, preocupada por si mesma e por suas filhas, e sabendo o que estava para lhes acontecer, sugeriu que era melhor morrerem, entregando-se nas mãos de Cristo, do que caírem nas mãos dos brutais soldados. Depois disso, todas concordando com a mesma coisa, e tendo pedido aos guardas um pouco de tempo, se lançaram no rio para escaparem de um mal maior". Embora tal ato não possa ser plenamente justificado, deve ser julgado com muitas considerações. Elas foram levadas pelo desespero. E temos certeza de que o Senhor sabe como perdoar tudo o que é errado em nossas ações, e nos dar total crédito por tudo o que é correto em nossos motivos.
Por um momento, os perseguidores em vão imaginaram que iriam triunfar sobre a queda do cristianismo. Pilares foram erguidos e medalhas foram cunhadas para a honra de Diocleciano e Galério, por terem extinguido a superstição cristã e por restaurarem a adoração aos deuses. Mas aquEle que está assentado no céu estava no mesmo momento anulando a própria ira desses homens para a completa libertação e triunfo de Seu povo, e para a reconhecida derrota e queda de seus inimigos. Eles podiam martirizar cristãos, demolir "igrejas" e queimar livros; mas as fontes vivas do cristianismo estavam além de seu alcance.
Uma proclamação pública foi feita através das ruas das cidades, de que homens, mulheres e crianças deviam todos ajudar a reparar os templos dos deuses. Todos deviam ser submetidos à prova de fogo: sacrificar ou morrer. Cada indivíduo foi convocado pelo nome a partir de listas previamente criadas. Às portas das cidades todos eram submetidos a um exame rígido, e aqueles que descobria-se serem cristãos eram imediatamente presos.
Detalhes sobre os sofrimentos e martírios que se seguiram encheriam volumes. À medida que os decretos se seguiam em rápida sucessão e irada severidade, o espírito do martírio revivia, e fortalecia-se mais e mais, até que homens e mulheres, em vez de serem presos e arrastados à fogueiras, lançavam-se nas chamas ardentes, como se subissem ao céu em carruagens de fogo. Famílias inteiras foram submetidas a vários tipos de morte, algumas pelo fogo, outros pela água, após suportarem severas torturas, alguns pereciam de fome, outros por crucificação, e alguns foram presos de cabeça para baixo e deixados vivos, para que morressem uma morte lenta. Em alguns lugares dez, vinte, sessenta e até cem homens e mulheres, com seus pequeninos, foram martirizados por meio de vários tormentos em um único dia.*
{* Para conhecer os nomes e detalhes sobre muitos desses sofredores, veja Milner, vol. 1, pp. 473-506.}
Em quase todas as partes do mundo romano tais cenas de barbárie impiedosa continuaram com mais ou menos severidade pelo longo período de dez anos. Apenas Constâncio, dentre todos os imperadores, inventou meios de proteger os cristãos no Ocidente, especialmente na Gália, onde residia. Mas em todos os outros lugares eles foram entregues a toda a sorte de crueldades e injúrias, sem o direito de poder apelar às autoridades, e sem a mínima proteção do Estado. Foi dada livre licença à população pagã para praticarem toda sorte de excessos contra os cristãos. Sob tais circunstâncias o leitor pode facilmente imaginar ao que eles eram constantemente expostos, tanto em suas vidas quanto em suas propriedades. Os ímpios se sentiam seguros de jamais serem chamados a responder por qualquer violência contra os cristãos pelas quais fossem culpados. Mas os sofrimentos dos homens, embora grandes, pareciam poucos comparados aos das mulheres. O medo da exposição e violência era mais temida do que a mera morte.
Vamos tomar um exemplo. "Certa mulher santa e devota", diz Eusébio, "admirável por sua virtude, e ilustre, acima de tudo, na Antioquia por sua riqueza, família e reputação, tinha educado suas duas filhas - então na flor da idade e conhecidas por sua beleza - nos princípios da piedade. O esconderijo onde estavam foi descoberto, e elas foram capturadas nas malhas da soldadesca. A mãe, preocupada por si mesma e por suas filhas, e sabendo o que estava para lhes acontecer, sugeriu que era melhor morrerem, entregando-se nas mãos de Cristo, do que caírem nas mãos dos brutais soldados. Depois disso, todas concordando com a mesma coisa, e tendo pedido aos guardas um pouco de tempo, se lançaram no rio para escaparem de um mal maior". Embora tal ato não possa ser plenamente justificado, deve ser julgado com muitas considerações. Elas foram levadas pelo desespero. E temos certeza de que o Senhor sabe como perdoar tudo o que é errado em nossas ações, e nos dar total crédito por tudo o que é correto em nossos motivos.
Por um momento, os perseguidores em vão imaginaram que iriam triunfar sobre a queda do cristianismo. Pilares foram erguidos e medalhas foram cunhadas para a honra de Diocleciano e Galério, por terem extinguido a superstição cristã e por restaurarem a adoração aos deuses. Mas aquEle que está assentado no céu estava no mesmo momento anulando a própria ira desses homens para a completa libertação e triunfo de Seu povo, e para a reconhecida derrota e queda de seus inimigos. Eles podiam martirizar cristãos, demolir "igrejas" e queimar livros; mas as fontes vivas do cristianismo estavam além de seu alcance.
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