O estágio mais importante dessa jornada é Mileto, embora os diferentes lugares em que eles passam sejam cuidadosamente notados pelo historiador sagrado. Paulo, estando cheio do Espírito, dá direções para a viagem. Seus companheiros, de bom grado, lhe obedecem, mas não como a um mestre, mas como a um que dirige na humildade do amor e na sabedoria de Deus. Ele decide não ir a Éfeso, embora fosse um lugar central, pois ele tinha o propósito no coração de ir a Jerusalém no dia de Pentecostes. Mas, como o navio viria a ser detido algum tempo em Mileto, ele envia uma carta aos anciãos da igreja em Éfeso para poderem se encontrar. Dizem que a distância entre os dois lugares é de cerca de 48 quilômetros, de modo que levaria dois ou três dias para ir e voltar. Mesmo assim, tiveram tempo suficiente para se reunirem antes do navio sair. Assim o Senhor pensa em Seus servos e faz com que todas as coisas cooperem para o bem e para Sua própria glória.
O discurso de despedida de Paulo aos anciãos de Éfeso é característico e representativo, exigindo nosso mais cuidadoso estudo. Ele põe diante de nós a profunda e tocante afeição do apóstolo, a posição da igreja naquele tempo, e a obra do evangelho entre as nações. Ele os exorta com incomum seriedade e ternura; ele sentia que estava se dirigindo a eles pela última vez; ele os lembra de seus trabalhos entre eles "servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas" (Atos 20:19). Ele os adverte contra os falsos mestres e heresias - os lobos cruéis que entrariam no meio deles, e os homens amantes de si mesmos que se ergueriam, falando coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. "E, havendo dito isto, pôs-se de joelhos, e orou com todos eles. E levantou-se um grande pranto entre todos e, lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam, entristecendo-se muito, principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o seu rosto. E acompanharam-no até o navio." (Atos 20:36-38)
Como este pensamento sobre Paulo é da mais elevada importância, e marca uma época distinta na história da igreja, além de lançar luz divina sobre todos os sistemas eclesiásticos, podemos citar um pensamento abrangente e compreensivo de outro autor:
"A igreja estava consolidada sobre uma extensa área do território, e em vários lugares tinha tomado a forma de uma instituição comum. Anciãos eram estabelecidos e reconhecidos. O apóstolo podia chamá-los para ter com ele. Sua autoridade era também reconhecida por parte deles. Ele fala de seu ministério como algo passado - solene pensamento!... Assim, o que o Espírito Santo coloca diante de nós é que, agora, quando os detalhes de sua obra entre os gentios de plantar o evangelho são relatados como um panorama entre judeus e gentios, ele diz adeus ao trabalho. Isto para que pudesse deixar aqueles que ele havia reunido em uma nova posição e, em certo sentido, entregues a si mesmos. É um discurso que marca a cessação de uma fase da igreja - a dos trabalhos apostólicos - e a entrada de uma outra: a responsabilidade da igreja de manter-se firme agora que esses trabalhos tinham cessado; o serviço dos anciãos, a quem 'o Espírito Santo constituiu supervisores (bispos)' (Atos 20:28); e, ao mesmo tempo, os perigos e dificuldades que se seguiriam após o fim dos trabalhos apostólicos, complicando o trabalho dos anciãos, a quem a responsabilidade recairia especialmente.
"A primeira observação que decorre da consideração deste discurso é que a sucessão apostólica é inteiramente negada. Devido à ausência do apóstolo, várias dificuldades surgiriam, e não haveria ninguém em seu lugar para lidar ou prevenir estas dificuldades. Sucessor, portanto, ele não tinha. Em segundo lugar, parece que o fato de que esta energia, que freava o espírito do mal, uma vez que estivesse longe, faria erguer as cabeças dos lobos devoradores vindos de fora, e dos mestres de coisas perversas vindos de dentro, que atacariam a simplicidade e a felicidade da igreja. Esta seria assediada pelos esforços de satanás, uma vez que não possuía mais a energia apostólica para resistir-lhes. Em terceiro lugar, o que de primordial deveria ser feito para o impedimento do mal era alimentar o rebanho, e vigiar, quer sobre si mesmos ou sobre o rebanho, para aquele propósito. Ele então os encomenda - nem a Timóteo nem a algum bispo, mas de um modo que deixa de lado qualquer tipo de recurso oficial - a Deus e à palavra de Sua graça. Nesse ponto ele deixa a igreja. Os trabalhos em liberdade do apóstolo dos gentios estavam terminados. Ele tinha sido o instrumento escolhido de Deus para comunicar ao mundo Seus conselhos a respeito da igreja e para estabelecer na mente do mundo o precioso objeto de Suas afeições, unida a Cristo à Sua mão direita. O que seria dela aqui?" *
{* The Present Testemony [O Atual Testemunho], v. 8, p. 405-407.}
Atos 21. Com um vento justo, Paulo e sua companhia partiam de Mileto, enquanto os entristecidos anciãos de Éfeso se preparavam para sua viagem de volta. Em um curso reto eles velejaram a Cós, Rodes, e daí até Pátara e Tiro. A partir do que aconteceu lá - tão similar ao que houve em Mileto - é evidente que Paulo logo conquistou o coração dos discípulos. Embora ele tenha ficado apenas uma semana em Tiro, não conhecendo os cristãos dali, ele tinha ganhado suas afeições. "E seguimos nosso caminho, acompanhando-nos todos", diz Lucas, "com suas mulheres e filhos até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos." (Atos 21:5). Parece também que um espírito de profecia foi derramado sobre esses afetuosos cristãos de Tiro, pois eles advertiram o apóstolo para que não fosse a Jerusalém. Após esperar ali por sete dias, foram a Ptolemaida, onde ficaram por um dia. Em Cesareia, ficaram hospedados na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete. Ele também já é bem conhecido nosso, mas é interessante encontrá-lo novamente após um intervalo de mais de vinte anos. Agora ele tem quatro filhas virgens que profetizavam. Aqui Ágabo, o profeta, previu o aprisionamento de Paulo, e rogou-lhe que não fosse a Jerusalém. Todos os discípulos disseram o mesmo, e suplicavam-lhe com lágrimas para que não fosse. Mas embora o coração terno e sensível de Paulo deva ter se movido pelas lágrimas e suplicas de seus amigos e de seus próprios filhos na fé, ele decidiu não alterar sua resolução e não deixar de lado seu propósito. Ele se sentiu compelido em espírito a ir, e pronto a deixar todas as consequências à vontade do Senhor.
O discurso de despedida de Paulo aos anciãos de Éfeso é característico e representativo, exigindo nosso mais cuidadoso estudo. Ele põe diante de nós a profunda e tocante afeição do apóstolo, a posição da igreja naquele tempo, e a obra do evangelho entre as nações. Ele os exorta com incomum seriedade e ternura; ele sentia que estava se dirigindo a eles pela última vez; ele os lembra de seus trabalhos entre eles "servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas" (Atos 20:19). Ele os adverte contra os falsos mestres e heresias - os lobos cruéis que entrariam no meio deles, e os homens amantes de si mesmos que se ergueriam, falando coisas perversas, para atraírem os discípulos após si. "E, havendo dito isto, pôs-se de joelhos, e orou com todos eles. E levantou-se um grande pranto entre todos e, lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam, entristecendo-se muito, principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o seu rosto. E acompanharam-no até o navio." (Atos 20:36-38)
Como este pensamento sobre Paulo é da mais elevada importância, e marca uma época distinta na história da igreja, além de lançar luz divina sobre todos os sistemas eclesiásticos, podemos citar um pensamento abrangente e compreensivo de outro autor:
"A igreja estava consolidada sobre uma extensa área do território, e em vários lugares tinha tomado a forma de uma instituição comum. Anciãos eram estabelecidos e reconhecidos. O apóstolo podia chamá-los para ter com ele. Sua autoridade era também reconhecida por parte deles. Ele fala de seu ministério como algo passado - solene pensamento!... Assim, o que o Espírito Santo coloca diante de nós é que, agora, quando os detalhes de sua obra entre os gentios de plantar o evangelho são relatados como um panorama entre judeus e gentios, ele diz adeus ao trabalho. Isto para que pudesse deixar aqueles que ele havia reunido em uma nova posição e, em certo sentido, entregues a si mesmos. É um discurso que marca a cessação de uma fase da igreja - a dos trabalhos apostólicos - e a entrada de uma outra: a responsabilidade da igreja de manter-se firme agora que esses trabalhos tinham cessado; o serviço dos anciãos, a quem 'o Espírito Santo constituiu supervisores (bispos)' (Atos 20:28); e, ao mesmo tempo, os perigos e dificuldades que se seguiriam após o fim dos trabalhos apostólicos, complicando o trabalho dos anciãos, a quem a responsabilidade recairia especialmente.
"A primeira observação que decorre da consideração deste discurso é que a sucessão apostólica é inteiramente negada. Devido à ausência do apóstolo, várias dificuldades surgiriam, e não haveria ninguém em seu lugar para lidar ou prevenir estas dificuldades. Sucessor, portanto, ele não tinha. Em segundo lugar, parece que o fato de que esta energia, que freava o espírito do mal, uma vez que estivesse longe, faria erguer as cabeças dos lobos devoradores vindos de fora, e dos mestres de coisas perversas vindos de dentro, que atacariam a simplicidade e a felicidade da igreja. Esta seria assediada pelos esforços de satanás, uma vez que não possuía mais a energia apostólica para resistir-lhes. Em terceiro lugar, o que de primordial deveria ser feito para o impedimento do mal era alimentar o rebanho, e vigiar, quer sobre si mesmos ou sobre o rebanho, para aquele propósito. Ele então os encomenda - nem a Timóteo nem a algum bispo, mas de um modo que deixa de lado qualquer tipo de recurso oficial - a Deus e à palavra de Sua graça. Nesse ponto ele deixa a igreja. Os trabalhos em liberdade do apóstolo dos gentios estavam terminados. Ele tinha sido o instrumento escolhido de Deus para comunicar ao mundo Seus conselhos a respeito da igreja e para estabelecer na mente do mundo o precioso objeto de Suas afeições, unida a Cristo à Sua mão direita. O que seria dela aqui?" *
{* The Present Testemony [O Atual Testemunho], v. 8, p. 405-407.}
Atos 21. Com um vento justo, Paulo e sua companhia partiam de Mileto, enquanto os entristecidos anciãos de Éfeso se preparavam para sua viagem de volta. Em um curso reto eles velejaram a Cós, Rodes, e daí até Pátara e Tiro. A partir do que aconteceu lá - tão similar ao que houve em Mileto - é evidente que Paulo logo conquistou o coração dos discípulos. Embora ele tenha ficado apenas uma semana em Tiro, não conhecendo os cristãos dali, ele tinha ganhado suas afeições. "E seguimos nosso caminho, acompanhando-nos todos", diz Lucas, "com suas mulheres e filhos até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos." (Atos 21:5). Parece também que um espírito de profecia foi derramado sobre esses afetuosos cristãos de Tiro, pois eles advertiram o apóstolo para que não fosse a Jerusalém. Após esperar ali por sete dias, foram a Ptolemaida, onde ficaram por um dia. Em Cesareia, ficaram hospedados na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete. Ele também já é bem conhecido nosso, mas é interessante encontrá-lo novamente após um intervalo de mais de vinte anos. Agora ele tem quatro filhas virgens que profetizavam. Aqui Ágabo, o profeta, previu o aprisionamento de Paulo, e rogou-lhe que não fosse a Jerusalém. Todos os discípulos disseram o mesmo, e suplicavam-lhe com lágrimas para que não fosse. Mas embora o coração terno e sensível de Paulo deva ter se movido pelas lágrimas e suplicas de seus amigos e de seus próprios filhos na fé, ele decidiu não alterar sua resolução e não deixar de lado seu propósito. Ele se sentiu compelido em espírito a ir, e pronto a deixar todas as consequências à vontade do Senhor.